quarta-feira, 7 de fevereiro de 2018

COM FILME SOBRE ACEITAÇÃO, BRASILEIRO CARLOS SALDANHA VOLTA AO OSCAR


Cena do filme "O Touro Ferdinando", dirigido pelo brasileiro Carlos Saldanha
É com um retrato sensível sobre identidade e inclusão que "O Touro Ferdinando" garantiu uma indicação a melhor animação no Oscar 2018. Justamente com seu projeto mais pessoal, o brasileiro Carlos Saldanha se viu de volta à disputa, após seus maiores sucessos no estúdio Blue Sky, como "Rio" e "A Era do Gelo", serem esnobados nas premiações anteriores. Saldanha ganhou sua primeira indicação em 2004, pelo curta de animação "Aventura Perdida de Scrat", o esquilo trapalhão de "A Era do Gelo".

Inspirado no livro infantil de 1936 ("Ferdinando, o Touro") e no curta da Disney de 1938, "O Touro Ferdinando" defende a ideia de "ser fiel a quem você é", disse Saldanha. "Dito isso, porém, há outra mensagem sobre paz e sobre não precisar usar da violência para provar seu ponto de vista. A saída rápida quando você é oprimido é lutar de volta. Mas Ferdinand é um animal gentil e ágil", observou o diretor em entrevista a "Indiewire". Com uma flor e
uma capa vermelha, o touro traduz intensões opostas. "É um contrata: paz e guerra", conta o diretor.

Assim, a animação é ambientada em um clima de liberdade e expressão individual para o animal, interpretado pelo lutador, ator e rapper John Cena. "Eu não gosto de tipos, mas essa foi uma combinação perfeita para mim", disse Saldanha. "Eu precisava de alguém que pudesse encarnar essa personalidade e entender a razão disso. Eu também não queria um touro zangado. Eu queria alguém que fosse um gigante gentil e atencioso."

A revista americana aponta que o longa conseguiu a indicação graças a modificação nas regras entre os votantes. Pela primeira vez, a Academia abriu a categoria para ser votadas por todos os membros, no esquema de voto preferencial. Além disso, "O Touro Ferdinando" representa uma ambição maior para a Blue Sky.

Saldanha conta que buscou inspiração no filme "O Corcel Negro" (1978) para criar texturas distintas para dar vida ao animal. "Foi um de seus momentos mais gratificantes, apenas para brincar com o contraste entre o áspero e o sensível", disse.

 

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