domingo, 9 de junho de 2019

DIAGNOSE - DICA DE SAUDE - HIPOTIREOIDISMO


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Excesso de sal, uso de remédios, estresse... Investigamos o que faz a glândula entrar em parafuso, situação cada vez mais comum hoje
É na região da garganta que fica a tireoide, glândula com o formato de borboleta que orquestra o funcionamento do organismo — e influencia, inclusive, nossas emoções. Foi pensando em resguardá-la que a Agência Nacional de Vigilância Sanitária, a Anvisa, mandou reduzir o teor de iodo do sal de cozinha. As taxas, que antes ficavam entre 20 e 60 miligramas por quilo, precisaram se adaptar à faixa, de 15 a 45 miligramas.

O corte, segundo a entidade, teve a ver com o aumento de casos de hipotireoidismo, distúrbio que prejudica a produção dos hormônios pela glândula. A doença desacelera o metabolismo, gerando fadiga, sonolência, depressão e raciocínio vagaroso. E o iodo em excesso é um gatilho para o seu surgimento.

A Anvisa resolveu agir com base em estatísticas preocupantes: o brasileiro consome, em média, 12 gramas de sal todos os dias. É um exagero se considerarmos a recomendação da Organização Mundial da Saúde, de apenas 5 gramas.
O abuso do condimento nas refeições elevou, por sua vez, a porção de iodo no prato dos cidadãos. A iodação do sal foi calculada pensando em uma dieta de 9 gramas diárias de sal e está, portanto, defasada. Essa resolução da Anvisa não poderia ter sido mais adequada.
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Na época de sua aprovação, a medida, porém, dividiu opiniões. A Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia criticou a regra e afirmou que o foco deveria estar na quantidade de sal que o brasileiro ingere e falta de iodo, que pode trazer complicações, principalmente na gestação e nos primeiros anos de vida.
Nem só o iodo deixa a tireoide lenta. Os cientistas possuem uma lista de suspeitos envolvidos nessa história. Ainda não está totalmente demonstrada a relação entre hábitos e componentes químicos com o hipotireoidismo. mas não faltam estudos procurando evidências sobre seu papel no colapso da glândula.
Uma investigação, por exemplo, procurou estabelecer o impacto da poluição na tireoide. A pesquisa, da Faculdade de Medicina do ABC, na Grande São Paulo, acompanhou mais de 6 mil pessoas durante 15 anos. Elas foram divididas em dois grupos. O primeiro morava perto de um parque industrial petroquímico, enquanto o segundo habitava uma área residencial menos poluída.
Em 1992, cerca de 2% dos indivíduos que viviam nas cercanias das fábricas — e travavam contato com poluentes — tinham hipotireoidismo. Em 2001, a quantidade de pessoas com a mesma doença nessa região subiu para 57%. Já na área com menos sujeira no ar, as taxas não tiveram modificações tão gritantes.

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 A glândula em pessoas predispostas, o que dizer de remédios e produtos de limpeza? Alguns medicamentos, como xaropes expectorantes, contêm iodo. E o mesmo vale para certos desinfetantes que, em contato com a pele, podem passar o mineral para o organismo. Nesses casos, a saída é consultar o médico e, na hora de limpar a casa, investir em luvas.
Potes plásticos e panelas antiaderentes também geram polêmica. Existe uma suspeita de que esses utensílios soltariam compostos tóxicos que atingem a tireoide/ Outro inimigo em potencial se esconde sob a vida conturbada das grandes cidades. Toda vez que o corpo passa por um estresse, há uma resposta do sistema imune, que pode afetar a glândula. Enquanto a ciência levanta dados para bater o martelo, convém relaxar e, como sugerem pesquisas recentes, tentar escapar da poluição e maneirar no sal. Tudo para a borboleta continuar na ativa, isto é, fabricando seus hormônios.
Se hoje é farto, ontem faltava
A deficiência de iodo foi um grave problema de saúde pública no século 20. A carência do mineral estava por trás do bócio, um inchaço na região da garganta, e até retardo mental em bebês. Embora a iodação do sal no Brasil para mudar esse panorama tenha começado nos anos 1950, a primeira lei nacional sobre o assunto é de 1995. E os resultados são incontestes: os casos de bócio em crianças caíram de 20,7% em 1955 para 1,4% em 2000.

Nas asas do equilíbrio
A dosagem correta de iodo é um dos fatores mais importantes para manter uma tireoide saudável

Nem demais…
A tireoide usa o iodo para produzir os hormônios T3 e T4. Se a substância está em excesso, o órgão sofre um processo de inflamação. O sistema imunológico manda anticorpos para a região, que acabam atacando a própria glândula.

…Nem de menos
Se o iodo escasseia, a tireoide não tem matéria-prima para fabricar a dupla hormonal. Na tentativa de compensar a baixa produção, ela cresce de tamanho. A deficiência está relacionada a casos de bócio e problemas de desenvolvimento na infância.
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Nódulo de tireoide na ponta da agulha
Novo método, ainda em fase de testes, elimina essas formações sem deixar cicatriz no pescoço
O surgimento de massas tumorais na glândula costuma incomodar, seja por questões estéticas, seja por problemas funcionais. Para retirar esses nódulos hoje, é preciso passar por uma cirurgia que deixa uma cicatriz na garganta. Mas um equipamento ainda sob estudos no Brasil promete resolver o problema com mais comodidade
“Introduzimos uma agulha bem fina na região do pescoço. Ela é guiada por ultrassom e emite um raio laser sobre os nódulos Esse laser queima a formação defeituosa, que então diminui e é eliminada pelo organismo.”
Por Dr. Otávio Pinho Filho

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