Diverticulite é uma inflamação caracterizada
principalmente por bolsas e quistos pequenos e salientes da parede interna do
intestino (divertículos) que ficam inflamados ou infectados.
Os divertículos, apesar de poderem ser formados em
qualquer parte do trato digestivo, como o esôfago, o estômago e o intestino
delgado, são mais comumente encontrados no intestino grosso.
A presença de divertículos no corpo é bastante
comum, principalmente após os 40 anos de idade. A presença de divertículos no
trato digestivo é chamada de diverticulose. Eles são inofensivos, a não ser que
desencadeiem algum problema de saúde, como é o caso da diverticulite.
Do contrário, uma pessoa pode apresentar diverticulose e nunca saber disso.NÃO
PARE
Tipos
A diverticulite é uma das complicações da doença
diverticular dos cólons e corresponde à inflamação e infecção do divertículo.
Desta forma pode ser dividida em dois tipos: (2)
Diverticulite
hipotônica
Chamada na literatura médica de ‘doença
diverticular de forma de óstios largos’, a forma hipotônica corresponde a uma
condição na qual os orifícios diverticulares (divertículos) são grandes e
presentes em praticamente todos os segmentos do cólon (ceco, cólon ascendente,
cólon transverso, cólon descendente e cólon sigmóide). Essa condição
normalmente ocorre ou é diagnosticada em pacientes idosos. A complicação mais
frequente é a hemorragia.
Diverticulite
hipertônica
Nessa condição – conhecida como ‘doença
diverticular de forma de óstios estreitos’ –, os orifícios diverticulares são
muito pequenos. A faixa etária de maior acometimento está em torno de 40 a 60
anos, e os divertículos se fazem mais presentes no lado esquerdo do cólon
(cólon descendente e cólon sigmóide). As diverticulites agudas ocorrem
especificamente nessa forma.
Causas
Não se sabe exatamente o que causa a formação
dessas bolsas ou quistos na diverticulose. Sabe-se, porém, que seguir uma dieta
pobre em fibras é uma das causas mais prováveis.
Isso é muito comum em populações que tem uma dieta rica em alimentos refinados,
como o arroz branco, pão branco, cereais matinais e bolachas.
Como resultado disso, ocorre a constipação e a
presença de fezes muito dura, que demandam esforço além do normal para passar pelo
reto. Esse movimento aumenta a pressão no cólon ou nos intestinos e pode causar
a formação desses quistos.
A diverticulite é causada por pequenos pedaços de
fezes que ficam presas nesses quistos, provocando infecção ou inflamação. A
diverticulite é um dos problemas que podem ser resultado do surgimento desses
divertículos, embora apenas uma pequena parte das pessoas apresente
complicações decorrentes disso.
Antigamente, acreditava-se que nozes, sementes,
pipoca e milho desempenhassem um papel de importância nas causas da
diverticulite, mas essa teoria já caiu por terra.
Fatores de risco
Alguns fatores podem contribuir para o
desenvolvimento da diverticulite. Confira:
- Idade:
pessoas acima dos 40 anos estão mais sujeitas a apresentar diverticulite
do que pessoas mais jovens. Isso porque os divertículos são mais comuns em
indivíduos acima dessa faixa etária
- Alimentar-se
com uma dieta pobre em fibras também pode contribuir para a diverticulite.
Uma dieta baseada em alimentos processados e carboidratos, com pouca
quantidade de fibras, pode ser um fator desencadeador da doença
- Pouco
exercício físico foi diretamente relacionado ao surgimento dos
divertículos, o que consequentemente aumenta os riscos de diverticulite
também
- Obesidade
- Tabagismo.
Sintomas de Diverticulite
Pessoas com divertículos, sem a inflamação da
diverticulite, geralmente não apresentam sintomas, mas podem sentir inchaço e
cólicas na parte inferior do abdômen. Raramente, elas notam sangue nas fezes ou
no papel higiênico.
Os sintomas da diverticulite são mais graves e
geralmente aparecem subitamente, mas podem piorar em poucos dias. São eles:
- Sensibilidade,
geralmente na parte inferior esquerda do abdômen
- Inchaço
ou gases
- Febre
e calafrios
- Náusea
e vômito
- Falta
de fome e alimentação insuficiente
Buscando ajuda médica
A doença diverticular pode ser assintomática e,
nesses casos, só se descobre sua existência quando se realizam exames, como
colonoscopia, enema opaco (um tipo de raio-x com contraste), ultrassom,
tomografia ou ressonância nuclear magnética do abdômen por motivos diversos.
Quando sintomática, pode causar desconforto ou cólicas abdominais e prisão de
ventre. Nesses casos, o médico deve ser procurado, embora não configure
urgência.
Já quando há inflamação ou infecção diverticular,
se caracteriza a diverticulite aguda e se considera urgência abdominal (abdômen
agudo inflamatório) – caracterizada por um quadro de dor abdominal e diminuição
ou cessação da eliminação de gases e fezes, podendo ocorrer febre, mal-estar e
até mesmo vômitos. Normalmente, o paciente procura o pronto-socorro ou entra em
contato com seu médico de confiança no início dos sintomas para receber
orientações.
Na consulta médica
Especialistas que podem diagnosticar a
diverticulite são: (3)
- Clínico
geral
- Gastroenterologista
- Coloproctologista.
Estar preparado para a consulta pode facilitar o
diagnóstico e otimizar o tempo. Dessa forma, você já pode chegar à consulta com
algumas informações:
- Uma
lista com todos os sintomas e há quanto tempo eles apareceram
- Histórico
médico, incluindo outras condições que o paciente tenha e medicamentos ou
suplementos que ele tome com regularidade
- Se possível, peça para uma pessoa te acompanhar.
O médico provavelmente fará uma série de perguntas,
tais como:
- Quando
você começou a sentir sintomas e quão severos eles são?
- Seus
sintomas foram contínuos ou ocasionais?
- O
que parece melhorar ou piorar seus sintomas?
- Você
já teve febre?
- Quais
medicamentos e analgésicos você toma?
- Você
já teve alguma dor ao urinar ou passou ar com urinar?
- Você
já fez uma triagem para câncer de cólon?
Também é importante levar suas dúvidas para a
consulta por escrito, começando pela mais importante. Isso garante que você
conseguirá respostas para todas as perguntas relevantes antes da consulta
acabar. Para diverticulite, algumas perguntas básicas incluem:
- Qual
é a causa mais provável dos meus sintomas?
- Que
tipos de testes eu preciso?
- Estes
testes exigem alguma preparação especial?
- Quais
tratamentos estão disponíveis?
- A
diverticulite voltará?
- Devo
remover ou adicionar alimentos à minha dieta?
- Eu
tenho outras condições de saúde. Como posso gerenciar melhor essas
condições juntos?
Não hesite em fazer outras perguntas, caso elas
ocorram no momento da consulta.
Diagnóstico de Diverticulite
É comum que uma pessoa descubra que desenvolveu
divertículos no trato digestivo durante exames de rotina, já que eles não
manifestam sintomas. A diverticulite, no entanto, pode ser identificada após
uma crise de dor abdominal.
O problema é que dor abdominal pode ser um
indicativo de vários outros problemas de saúde, portanto fica difícil para o
médico afirmar exatamente qual a causa das dores sem que alguns exames
específicos sejam realizados. Para esses casos, o jeito é ir pelo critério de
eliminação.
O médico, então, examinará o abdômen do paciente em
busca de regiões sensíveis. Em seguida, pedirá um exame de sangue para fazer a
contagem de glóbulos brancos. Se estiver muito alto, é sinal de infecção.
Depois, solicitará alguns exames de imagem, como tomografia computadorizada, a
fim de visualizar os locais em que há inflamação.
Exames
Além do exame físico feito pelo médico, pode-se
usar alguns exames complementares, como exames de sangue e exames de imagem,
como ultrassom, raio-X simples de abdômen (especialmente para os casos de
perfuração), tomografia ou ressonância magnética.
Também existem alguns achados característicos na colonoscopia para o diagnóstico de
diverticulite, mas a colonoscopia não deve ser usada como exame para o
diagnóstico de diverticulite.
Tratamento de Diverticulite
O tratamento para diverticulite depende da
intensidade e gravidade dos sintomas. Algumas pessoas podem precisar ser
internadas no hospital, mas geralmente você pode tratar esse problema em casa,
seguindo à risca as orientações médicas.
Há casos, no entanto, em que a internação
hospitalar é necessária. No geral acontece quando o paciente apresenta
complicações relacionadas à diverticulite ou está sob o risco de mais ataques,
que podem levar a outros problemas, como periontite e obstrução intestinal.
Em último caso, em que também já houve evolução
para problemas de saúde mais sérios além da diverticulite, a cirurgia talvez
seja necessária. Existem dois tipos de procedimentos cirúrgicos para esses
casos: a ressecção primária do intestino e ressecção intestinal via colostomia.
Consulte seu médico para saber qual a melhor alternativa para o seu caso, se
necessário for.
Dieta para
diverticulite
Na presença de diverticulite aguda, o paciente
naturalmente vai ter alguma intolerância a alimentos mais pesados e mais
condimentados. É recomendável ter uma dieta mais leve, mas assim que o paciente
passa a tolerar a dieta, é liberado. O mais importante é ter uma alimentação
saudável independentemente do período de diverticulite. Uma dieta rica em
fibras para manter o bom funcionamento do intestino é muito eficaz para evitar
a ocorrência de diverticulite.
Cirurgias para Diverticulite
Você provavelmente precisará de cirurgia para
tratar a diverticulite se: (3)
- Você
tem uma complicação, como perfuração, abscesso, fístula ou obstrução
intestinal
- Você
teve vários episódios de diverticulite
- Você está com o sistema imunológico comprometido.
Existem dois tipos principais de cirurgia:
- Ressecção
intestinal primária: O cirurgião remove os segmentos doentes do intestino e reconecta
os segmentos saudáveis ??(anastomose). Isso permite que você tenha
movimentos intestinais normais. Dependendo da quantidade de inflamação,
você pode ter uma cirurgia aberta ou um procedimento minimamente invasivo
(laparoscópico)
- Ressecção intestinal com colostomia: Se você tem tanta inflamação que não é possível voltar ao cólon e ao reto, o cirurgião fará uma colostomia. Uma abertura (estoma) na parede abdominal está conectada à parte saudável do cólon. O desperdício passa pela abertura em uma bolsa. Uma vez que a inflamação tenha diminuído, a colostomia pode ser revertida e o intestino reconectado.
Medicamentos para Diverticulite
Os medicamentos mais usados para o tratamento de
diverticulite são:
- Mesalazina.
Somente um médico pode dizer qual o medicamento
mais indicado para o seu caso, bem como a dosagem correta e a duração do
tratamento. Siga sempre à risca as orientações do seu médico e NUNCA se
automedique. Não interrompa o uso do medicamento sem consultar um médico antes
e, se tomá-lo mais de uma vez ou em quantidades muito maiores do que a
prescrita, siga as instruções na bula.
Diverticulite tem cura?
Geralmente, esta é uma condição branda que responde
bem ao tratamento. Algumas pessoas sofrerão mais de um ataque de diverticulite,
por isso é importante estar sempre com acompanhamento médico.
Complicações possíveis
A diverticulite, se não tratada, pode levar a
problemas de saúde mais graves, como:
- Periontite
- Sangramento
retal
- Buraco
ou ruptura no cólon
- Abscessos
(bolsões cheios de pus)
- Estenose
- Fístula
Não há relação direta entre a diverticulite e o
câncer de cólon e reto. Mas sabe-se que a diverticulose torna o diagnóstico
desses tipos de câncer mais difícil.
Convivendo/ Prognóstico
Como o tratamento é basicamente caseiro, algumas
medidas podem e devem ser tomadas para que a recuperação seja rápida e o
prognóstico bem-sucedido. Confira:
- Repouso
e o uso de bolsas de água quente na área abdominal
- Tomar
analgésicos devidamente prescritos pelos médicos
- Beber somente líquidos por um dia ou dois e lentamente voltar a tomar outros líquidos espessos antes de se alimentar propriamente.
Quando você estiver melhor, o médico vai sugerir
que adicione mais fibras à sua dieta e evite determinados alimentos. Comer mais
fibras pode ajudar a evitar crises futuras de diverticulite. Se você tiver
inchaço ou gases, reduza a quantidade de fibras ingeridas por alguns dias.
Uma vez formados, você terá esses quistos pelo
resto da vida. Se você fizer algumas pequenas mudanças no seu estilo de vida,
talvez não tenha diverticulite novamente.
Alguns alimentos podem piorar os sintomas. Evite
feijões e ervilhas, grãos não refinados, coco, milho ou pipoca, frutas secas,
cascas de legumes e frutas, tomates, morangos, picles e pepinos. Procure evitar
beber muito café, chá ou bebidas alcoólicas. Eles podem piorar a constipação.
Consulte o médico quanto à ingestão de nozes ou sementes.
Prevenção
Não há formas científicas comprovadas e que sejam
eficientes para prevenir diverticulite. Contudo, alguns médicos indicam seguir
uma dieta rica em fibras, com grande consumo de água e evitar a constipação -
intestino preso, fezes duras e ressecadas aumentam o risco de diverticulite.
Por Dr. Otávio Pinho Filho
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