domingo, 20 de outubro de 2019

DIAGNOSE - DICA DE SAÚDE - DIVERTICULITE

Diverticulite é uma inflamação caracterizada principalmente por bolsas e quistos pequenos e salientes da parede interna do intestino (divertículos) que ficam inflamados ou infectados.
Os divertículos, apesar de poderem ser formados em qualquer parte do trato digestivo, como o esôfago, o estômago e o intestino delgado, são mais comumente encontrados no intestino grosso.
A presença de divertículos no corpo é bastante comum, principalmente após os 40 anos de idade. A presença de divertículos no trato digestivo é chamada de diverticulose. Eles são inofensivos, a não ser que desencadeiem algum problema de saúde, como é o caso da diverticulite. Do contrário, uma pessoa pode apresentar diverticulose e nunca saber disso.NÃO PARE
Tipos
A diverticulite é uma das complicações da doença diverticular dos cólons e corresponde à inflamação e infecção do divertículo. Desta forma pode ser dividida em dois tipos: (2)
Diverticulite hipotônica
Chamada na literatura médica de ‘doença diverticular de forma de óstios largos’, a forma hipotônica corresponde a uma condição na qual os orifícios diverticulares (divertículos) são grandes e presentes em praticamente todos os segmentos do cólon (ceco, cólon ascendente, cólon transverso, cólon descendente e cólon sigmóide). Essa condição normalmente ocorre ou é diagnosticada em pacientes idosos. A complicação mais frequente é a hemorragia.
Diverticulite hipertônica
Nessa condição – conhecida como ‘doença diverticular de forma de óstios estreitos’ –, os orifícios diverticulares são muito pequenos. A faixa etária de maior acometimento está em torno de 40 a 60 anos, e os divertículos se fazem mais presentes no lado esquerdo do cólon (cólon descendente e cólon sigmóide). As diverticulites agudas ocorrem especificamente nessa forma.
Causas
Não se sabe exatamente o que causa a formação dessas bolsas ou quistos na diverticulose. Sabe-se, porém, que seguir uma dieta pobre em fibras é uma das causas mais prováveis. Isso é muito comum em populações que tem uma dieta rica em alimentos refinados, como o arroz branco, pão branco, cereais matinais e bolachas.
Como resultado disso, ocorre a constipação e a presença de fezes muito dura, que demandam esforço além do normal para passar pelo reto. Esse movimento aumenta a pressão no cólon ou nos intestinos e pode causar a formação desses quistos.
A diverticulite é causada por pequenos pedaços de fezes que ficam presas nesses quistos, provocando infecção ou inflamação. A diverticulite é um dos problemas que podem ser resultado do surgimento desses divertículos, embora apenas uma pequena parte das pessoas apresente complicações decorrentes disso.
Antigamente, acreditava-se que nozes, sementes, pipoca e milho desempenhassem um papel de importância nas causas da diverticulite, mas essa teoria já caiu por terra.
Fatores de risco
Alguns fatores podem contribuir para o desenvolvimento da diverticulite. Confira:
  • Idade: pessoas acima dos 40 anos estão mais sujeitas a apresentar diverticulite do que pessoas mais jovens. Isso porque os divertículos são mais comuns em indivíduos acima dessa faixa etária
  • Alimentar-se com uma dieta pobre em fibras também pode contribuir para a diverticulite. Uma dieta baseada em alimentos processados e carboidratos, com pouca quantidade de fibras, pode ser um fator desencadeador da doença
  • Pouco exercício físico foi diretamente relacionado ao surgimento dos divertículos, o que consequentemente aumenta os riscos de diverticulite também
  • Obesidade
  • Tabagismo.

Sintomas de Diverticulite

Pessoas com divertículos, sem a inflamação da diverticulite, geralmente não apresentam sintomas, mas podem sentir inchaço e cólicas na parte inferior do abdômen. Raramente, elas notam sangue nas fezes ou no papel higiênico.
Os sintomas da diverticulite são mais graves e geralmente aparecem subitamente, mas podem piorar em poucos dias. São eles:
  • Sensibilidade, geralmente na parte inferior esquerda do abdômen
  • Inchaço ou gases
  • Febre e calafrios
  • Náusea e vômito
  • Falta de fome e alimentação insuficiente

Buscando ajuda médica
A doença diverticular pode ser assintomática e, nesses casos, só se descobre sua existência quando se realizam exames, como colonoscopia, enema opaco (um tipo de raio-x com contraste), ultrassom, tomografia ou ressonância nuclear magnética do abdômen por motivos diversos. Quando sintomática, pode causar desconforto ou cólicas abdominais e prisão de ventre. Nesses casos, o médico deve ser procurado, embora não configure urgência.
Já quando há inflamação ou infecção diverticular, se caracteriza a diverticulite aguda e se considera urgência abdominal (abdômen agudo inflamatório) – caracterizada por um quadro de dor abdominal e diminuição ou cessação da eliminação de gases e fezes, podendo ocorrer febre, mal-estar e até mesmo vômitos. Normalmente, o paciente procura o pronto-socorro ou entra em contato com seu médico de confiança no início dos sintomas para receber orientações.
Na consulta médica
Especialistas que podem diagnosticar a diverticulite são: (3)
  • Clínico geral
  • Gastroenterologista
  • Coloproctologista.
Estar preparado para a consulta pode facilitar o diagnóstico e otimizar o tempo. Dessa forma, você já pode chegar à consulta com algumas informações:
  • Uma lista com todos os sintomas e há quanto tempo eles apareceram
  • Histórico médico, incluindo outras condições que o paciente tenha e medicamentos ou suplementos que ele tome com regularidade
  • Se possível, peça para uma pessoa te acompanhar.
O médico provavelmente fará uma série de perguntas, tais como:
  • Quando você começou a sentir sintomas e quão severos eles são?
  • Seus sintomas foram contínuos ou ocasionais?
  • O que parece melhorar ou piorar seus sintomas?
  • Você já teve febre?
  • Quais medicamentos e analgésicos você toma?
  • Você já teve alguma dor ao urinar ou passou ar com urinar?
  • Você já fez uma triagem para câncer de cólon?

Também é importante levar suas dúvidas para a consulta por escrito, começando pela mais importante. Isso garante que você conseguirá respostas para todas as perguntas relevantes antes da consulta acabar. Para diverticulite, algumas perguntas básicas incluem:
  • Qual é a causa mais provável dos meus sintomas?
  • Que tipos de testes eu preciso?
  • Estes testes exigem alguma preparação especial?
  • Quais tratamentos estão disponíveis?
  • A diverticulite voltará?
  • Devo remover ou adicionar alimentos à minha dieta?
  • Eu tenho outras condições de saúde. Como posso gerenciar melhor essas condições juntos?

Não hesite em fazer outras perguntas, caso elas ocorram no momento da consulta.
Diagnóstico de Diverticulite
É comum que uma pessoa descubra que desenvolveu divertículos no trato digestivo durante exames de rotina, já que eles não manifestam sintomas. A diverticulite, no entanto, pode ser identificada após uma crise de dor abdominal.
O problema é que dor abdominal pode ser um indicativo de vários outros problemas de saúde, portanto fica difícil para o médico afirmar exatamente qual a causa das dores sem que alguns exames específicos sejam realizados. Para esses casos, o jeito é ir pelo critério de eliminação.
O médico, então, examinará o abdômen do paciente em busca de regiões sensíveis. Em seguida, pedirá um exame de sangue para fazer a contagem de glóbulos brancos. Se estiver muito alto, é sinal de infecção. Depois, solicitará alguns exames de imagem, como tomografia computadorizada, a fim de visualizar os locais em que há inflamação.
Exames
Além do exame físico feito pelo médico, pode-se usar alguns exames complementares, como exames de sangue e exames de imagem, como ultrassom, raio-X simples de abdômen (especialmente para os casos de perfuração), tomografia ou ressonância magnética.
Também existem alguns achados característicos na colonoscopia para o diagnóstico de diverticulite, mas a colonoscopia não deve ser usada como exame para o diagnóstico de diverticulite.
Tratamento de Diverticulite
O tratamento para diverticulite depende da intensidade e gravidade dos sintomas. Algumas pessoas podem precisar ser internadas no hospital, mas geralmente você pode tratar esse problema em casa, seguindo à risca as orientações médicas.
Há casos, no entanto, em que a internação hospitalar é necessária. No geral acontece quando o paciente apresenta complicações relacionadas à diverticulite ou está sob o risco de mais ataques, que podem levar a outros problemas, como periontite e obstrução intestinal.
Em último caso, em que também já houve evolução para problemas de saúde mais sérios além da diverticulite, a cirurgia talvez seja necessária. Existem dois tipos de procedimentos cirúrgicos para esses casos: a ressecção primária do intestino e ressecção intestinal via colostomia. Consulte seu médico para saber qual a melhor alternativa para o seu caso, se necessário for.
Dieta para diverticulite
Na presença de diverticulite aguda, o paciente naturalmente vai ter alguma intolerância a alimentos mais pesados e mais condimentados. É recomendável ter uma dieta mais leve, mas assim que o paciente passa a tolerar a dieta, é liberado. O mais importante é ter uma alimentação saudável independentemente do período de diverticulite. Uma dieta rica em fibras para manter o bom funcionamento do intestino é muito eficaz para evitar a ocorrência de diverticulite.
Cirurgias para Diverticulite
Você provavelmente precisará de cirurgia para tratar a diverticulite se: (3)
  • Você tem uma complicação, como perfuração, abscesso, fístula ou obstrução intestinal
  • Você teve vários episódios de diverticulite
  • Você está com o sistema imunológico comprometido.
Existem dois tipos principais de cirurgia:
  • Ressecção intestinal primária: O cirurgião remove os segmentos doentes do intestino e reconecta os segmentos saudáveis ??(anastomose). Isso permite que você tenha movimentos intestinais normais. Dependendo da quantidade de inflamação, você pode ter uma cirurgia aberta ou um procedimento minimamente invasivo (laparoscópico)
  • Ressecção intestinal com colostomia: Se você tem tanta inflamação que não é possível voltar ao cólon e ao reto, o cirurgião fará uma colostomia. Uma abertura (estoma) na parede abdominal está conectada à parte saudável do cólon. O desperdício passa pela abertura em uma bolsa. Uma vez que a inflamação tenha diminuído, a colostomia pode ser revertida e o intestino reconectado.
Medicamentos para Diverticulite
Os medicamentos mais usados para o tratamento de diverticulite são:
  • Mesalazina.
Somente um médico pode dizer qual o medicamento mais indicado para o seu caso, bem como a dosagem correta e a duração do tratamento. Siga sempre à risca as orientações do seu médico e NUNCA se automedique. Não interrompa o uso do medicamento sem consultar um médico antes e, se tomá-lo mais de uma vez ou em quantidades muito maiores do que a prescrita, siga as instruções na bula.
Diverticulite tem cura?
Geralmente, esta é uma condição branda que responde bem ao tratamento. Algumas pessoas sofrerão mais de um ataque de diverticulite, por isso é importante estar sempre com acompanhamento médico.
Complicações possíveis
A diverticulite, se não tratada, pode levar a problemas de saúde mais graves, como:
  • Periontite
  • Sangramento retal
  • Buraco ou ruptura no cólon
  • Abscessos (bolsões cheios de pus)
  • Estenose
  • Fístula
Não há relação direta entre a diverticulite e o câncer de cólon e reto. Mas sabe-se que a diverticulose torna o diagnóstico desses tipos de câncer mais difícil.
Convivendo/ Prognóstico
Como o tratamento é basicamente caseiro, algumas medidas podem e devem ser tomadas para que a recuperação seja rápida e o prognóstico bem-sucedido. Confira:
  • Repouso e o uso de bolsas de água quente na área abdominal
  • Tomar analgésicos devidamente prescritos pelos médicos
  • Beber somente líquidos por um dia ou dois e lentamente voltar a tomar outros líquidos espessos antes de se alimentar propriamente.
Quando você estiver melhor, o médico vai sugerir que adicione mais fibras à sua dieta e evite determinados alimentos. Comer mais fibras pode ajudar a evitar crises futuras de diverticulite. Se você tiver inchaço ou gases, reduza a quantidade de fibras ingeridas por alguns dias.
Uma vez formados, você terá esses quistos pelo resto da vida. Se você fizer algumas pequenas mudanças no seu estilo de vida, talvez não tenha diverticulite novamente.
Alguns alimentos podem piorar os sintomas. Evite feijões e ervilhas, grãos não refinados, coco, milho ou pipoca, frutas secas, cascas de legumes e frutas, tomates, morangos, picles e pepinos. Procure evitar beber muito café, chá ou bebidas alcoólicas. Eles podem piorar a constipação. Consulte o médico quanto à ingestão de nozes ou sementes.
Prevenção
Não há formas científicas comprovadas e que sejam eficientes para prevenir diverticulite. Contudo, alguns médicos indicam seguir uma dieta rica em fibras, com grande consumo de água e evitar a constipação - intestino preso, fezes duras e ressecadas aumentam o risco de diverticulite.
 Por Dr. Otávio Pinho Filho
 

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