Depois de realizar pesquisas e observar
as dificuldades enfrentadas pelas quebradeiras de coco babaçu, João Batista dos
Santos Oliveira, engenheiro mecânico pela Universidade Estadual do Maranhão,
decidiu desenvolver uma máquina que facilitasse esse procedimento. Ele foi
motivado por Bernhard Eckner, cidadão de nacionalidade alemã, que lhe procurou
e apresentou um projeto “faraônico” que desejava materializar no interior do
Maranhão, com o propósito de extrair 30 toneladas/mês, do endocarpo do babaçu
(casca), cuja produção seria utilizada por indústrias que operam como caldeiras
e também para exportar para o seu país de origem.
A máquina foi criada por João Batista,
porém o projeto não vingou por falta de logística para o fornecimento da
matéria prima, mas ideias ficaram na cabeça do engenheiro que deu continuidade
às pesquisas com viagens pelo interior do estado e até mesmo em outras unidades
da federação, observando máquinas rudimentares já existentes, que não
satisfaziam as necessidades e passou a desenvolver o projeto de uma máquina
aperfeiçoada.
Assim foi feito. João Batista criou um
complexo de máquinas que realiza a extração de todos os produtos que o coco
babaçu contém, como, por exemplo, a casca (13%), cuja fibra serve para a
elaboração de ração para animais e adubo apropriado para a produção de
hortaliças. Esta unidade é chamada desfibrilizadora. Ela também extrai o
mesocarpo (polpa), que utilizado como alimento e dotado de propriedades
terapêuticas.
Outra unidade anexa com maior potência
de força motriz procede à quebra do coco, possibilitando a separação do
endocarpo das amêndoas. O endocarpo serve como combustão para caldeiras
industriais, substituindo o combustível fóssil.
Conforme, João Batista, esta unidade da
máquina é a que necessita de constante manutenção, visto ser mais exigida em
função da matéria prima ser muito resistente. O engenheiro informou que suas
pesquisas continuam. No momento está desenvolvendo uma máquina simples que não
precisa de energia elétrica. Ela corta o coco e extrai o óleo através de
prensagem.
João Batista informou que com a
Embrapa, visitou vários municípios maranhenses onde se explora o coco babaçu, e
com a Fundação Mussambê (Ceará) e municípios do Piauí, onde percebeu que o que
existe é muito rudimentar. O Brasil possui cerca de cinco bilhões de palmeiras
de babaçu, sendo que 90 % estão no Maranhão - embora o aproveitamento dos seus
produtos seja de somente 1,7 por cento. A máquina criada pelo engenheiro
maranhense possibilita mais aproveitamento, com perda de apenas cerca de sete
por cento, ou seja, os resíduos (poeira) produzidos durante o processo de
desfibrilização.
As máquinas produzidas pelo engenheiro
João Batista dos Santos Oliveira, em sua oficina, no Anjo da Guarda, estão
sendo exportadas para outros estados como Rondônia e Tocantins; e municípios do
interior maranhense como Matinha e Codó, onde montou uma unidade com capacidade
de produzir vinte toneladas/dia. As máquinas são produzidas mediante encomenda,
mas João Batista já estuda a possibilidade de criar uma linha de produção.
O engenheiro João Batista avalia que na
indústria, um emprego tem o custo em torno de R$ 100 mil e na agricultura cerca
de R$ 40 mil, enquanto que com o uso de suas máquinas, o custo da mão de obra é
muito baixo e com o benefício de oferecer maior quantidade de empregos para as
populações nativas nas regiões do cocais, não possibilitando prejuízos às
quebradeiras de coco, que serão mão de obra absorvida para o desempenho de um
trabalho mais cômodo e menos prejudicial à saúde das mesmas.
O BABAÇU NA CULINÁRIA
O leite e o azeite de coco babaçu são
muito utilizados na culinária típica do Maranhão. Na Baixada maranhense a
peixada de bagrinho no leite de coco babaçu, temperado com o azeite (óleo)
também extraído das amêndoas daquele coco é prato muito requisitado. O leite de
babaçu é muito usado nos guisados de sururu e também nos cozidos de peixes de
água salgada.
O óleo do babaçu é muito utilizado no
molho vinagrete que acompanha a caranguejada, iguaria típica que tem presença o
ano inteiro nos restaurantes e bares da orla marítima de São Luís. É muito
utilizado em tortas de camarões, sururu, e caranguejo, pelo sabor marcante,
encorpado e gostoso que dá a estes pratos. Há também quem não dispense um ovo
frito no azeite de coco babaçu no café da manhã ou mesmo num lanche rápido.
BENEFÍCIOS E PROPRIEDADES MEDICINAIS
O coco babaçu que tem o nome científico
de Orbignya speciosa faz parte da Relação Nacional de Plantas Medicinais de
interesse ao SUS (RENISUS). O mesocarpo do babaçu é usado no Brasil como
suplemento alimentar e na medicina popular para o tratamento de inflamações,
cólicas menstruais e leucemia.
O babaçu possui importantes
constituintes químicos, tais como triterpenos, taninos, açúcares, saponinas e
compostos esterópides. Seus polissacarídeos tem ação anti-inflamatória e
imunomoduladora. Outros estudos realizados demonstraram que o babaçu é um bom
cicatrizante, protetor gástrico, anti-trombose e antimicrobiano. Além de suas
amêndoas que contém o óleo, componente mais importante terapeuticamente e
utilizado em alimentos, as folhas também costumam ser consumidas na forma de
tinturas e chás.
O extrato etanólico do babaçu, testado
em linhagens de células humanas leucêmicas, tumores de próstata e câncer de
mama, promoveu diminuição da viabilidade em todas estas de maneira
dose-dependente. Neste estudo, o efeito foi mais pronunciado sobre as linhagens
celulares tumorais quando comparado às não tumorais. Além disso, o babaçu tem
atividade antioxidante e a capacidade de sequestrar radicais livres, protegendo
as células do estresse oxidativo. Este efeito, além de ser protetor contra o
câncer, retarda o envelhecimento precoce. Não foram relatados efeitos
colaterais decorrentes do uso, nas bibliografias consultadas.
O óleo de babaçu é muito usado pela
indústria de cosméticos na produção de sabões, sabonetes, shampoos e outros
produtos.