Boa parte dos analistas só tiveram a preocupação de querer entender o recado das urnas sobre o eleitor preferir políticos e partidos da direita ou esquerda, mas parecem ter esquecido o principal recado emitido pelos eleitores brasileiros.
A cada eleição tem aumentado a abstenção, ou seja, os eleitores têm demonstrado pouco interesse ou interesse zero nas disputas eleitorais, muitos decepcionados e desacreditados nas ações que venham da classe política.
Para se ter uma ideia, nas duas maiores cidades do Maranhão, São Luís e Imperatriz, a abstenção foi maior que a quantidade de votos dos segundos colocados. Em algumas cidades pelo Brasil, como Canoas, no Rio Grande do Sul, a abstenção foi maior inclusive no vencedor da eleição.
A alta abstenção não passou despercebida, pelo menos no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). A presidente do TSE, ministra Cármen promete fazer uma pesquisa para entender os motivos que levaram à alta abstenção de eleitores nas eleições municipais deste ano.
De acordo com os dados finais da votação, o segundo turno teve uma abstenção de 29,26%, praticamente um em cada três eleitores deixou de votar. No primeiro turno, o não comparecimento às urnas foi de 21,68%.
Podemos concluir que o desinteresse de boa parte do eleitor é latente e aumenta no segundo turno.
É preciso urgentemente se debater, no mínimo, dois aspectos das eleições no Brasil: a obrigatoriedade do voto e a necessidade de realização do segundo turno.
O problema é saber se os políticos estão realmente dispostos a mudar essa realidade, afinal alguns acabam se beneficiando do atual sistema político eleitoral brasileiro.