Alzheimer, lúpus e
fibromialgia. Apesar de serem doenças que, aparentemente, não têm muito em
comum, em ao menos duas coisas elas se aproximam: as três não têm cura
conhecida pela medicina, e são, todas, tema da campanha Fevereiro Roxo, criada
como forma de conscientizar a população sobre essas patologias.
O
lema da iniciativa é “Se não houver cura que, no mínimo, haja conforto”. Ou
seja, apesar de uma doença ser incurável, não significa que o portador não
possa ter qualidade de vida. Por isso, a campanha, tem como foco compartilhar
informações, como as referentes a sintomas e tratamentos disponíveis, e mostrar
que o diagnóstico precoce ajuda a manter a qualidade de vida. É importante
destacar que quanto mais cedo o diagnóstico, maiores as chances de resposta
positiva ao tratamento dos sintomas associados às doenças, podendo até mesmo
retardá-los.
ALZHEIMER – A longevidade alcançada, nas últimas
décadas, evidenciou uma doença descoberta em 1906, o Alzheimer, que,
geralmente, se manifesta a partir dos 60 anos de idade. Ela provoca perda da
capacidade cognitiva, da memória e demência.
O
Alzheimer destrói as funções do cérebro e não tem cura. A doença possui as
fases leve, moderada e grave. O comprometimento funcional é o que determina em
qual delas o paciente está inserido. Na fase leve, geralmente quando a
medicação é adotada, ele leva uma vida praticamente normal e o esquecimento não
chega a ser empecilho para as atividades corriqueiras.
De
acordo com o Ministério da Saúde, o Alzheimer costuma evoluir de forma lenta e
progressiva. A partir do diagnóstico, a sobrevida média oscila entre 8 e 10
anos. A doença instala-se quando o processamento de certas proteínas do sistema
nervoso central começa a dar errado. A causa é desconhecida, mas acredita-se
que seja geneticamente determinada em 10% dos casos. A Organização Mundial
da Saúde (OMS) estima que o Alzheimer afeta cerca de 35,6 milhões de
pessoas em todo o mundo, número que deve dobrar em 2030. No Brasil, o cálculo
da Associação Brasileira de Alzheimer (Abraz) é de que 1,2 milhão já sofram os
efeitos da neurodegeneração.
O
Sistema Único de Saúde (SUS) oferece acompanhamento e tratamento para
portadores do Alzheimer, inclusive com a entrega de medicação. Diante de
suspeita da doença ou anormalidades relacionadas ao esquecimento, o paciente
deve procurar uma unidade básica de saúde (UBS). A partir daí, se for o caso,
ele será encaminhado ao especialista.
Para
prevenir o desenvolvimento da demência é necessário adotar hábitos de vida
saudáveis, que devem ser praticados ao longo da existência, como o controle de
doenças prévias (hipertensão, diabetes, obesidade); combate ao sedentarismo,
com a prática de atividade física regular; evitar o tabagismo; e praticar ações
que estimulem a memória, como leitura e realização de novas tarefas.
LÚPUS – Considerada uma doença inflamatória
autoimune, o lúpus ocorre quando o próprio sistema imunológico ataca tecidos
saudáveis do corpo por engano. O nome científico é “Lúpus
Eritematoso Sistêmico” (LES) e pode afetar diversos órgãos e tecidos do corpo,
como pele, articulações, rins e cérebro. Em casos mais graves, especialmente se
não for tratado adequadamente, pode levar à morte.
Ainda
não se sabe, ao certo, qual a sua causa, nem o que faz com que o sistema
imunológico se volte contra os tecidos saudáveis do corpo. Entretanto, estudos
indicam que as doenças autoimunes podem acontecer devido a uma combinação de
fatores hormonais, infecciosos, genéticos e ambientais. Pode ocorrer em pessoas
de qualquer idade e sexo, principalmente, entre 20 e 45 anos.
É
uma combinação de fatores. Ou nasce com uma tendência para tê-la, ou a
desenvolve em determinada época da vida, seja por fatores genéticos ou ativação
do sistema imunológico. Mas quanto mais cedo for diagnosticada, mais se pode
ter controle sobre seus sintomas.
SINAIS – Normalmente, a pessoa descobre que tem lúpus
após uma crise desencadeada por algum desses fatores: exposição à luz solar de
forma inadequada e em horários inapropriados; infecções que podem iniciar o
lúpus ou causar uma recaída da doença; uso de alguns antibióticos e de
medicamentos usados para controlar convulsões e pressão alta.
A
dica é ficar bem atento aos sintomas da doença. O que mais chama atenção é o
aumento da sensibilidade da pele ao sol, vermelhidão em áreas expostas à luz
solar, assim como o aparecimento de manchas e placas vermelhas pelo corpo.
Se
for constatada alguma anormalidade, o paciente deve procurar a UBS mais próxima
de sua casa. Se a doença for confirmada, será dado um encaminhamento para
consulta com reumatologista, ou mesmo para internação, caso necessário. Os
portadores da doença são atendidos nos ambulatórios de reumatologia da
Secretaria de Saúde. Já as medicações são dispensadas pelas farmácias de
Componente Especializado, também conhecidas como de Alto Custo.
FIBROMIALGIA – A fibromialgia é uma doença
reumatológica, que acomete por volta de 3% da população brasileira, em sua
maioria mulheres adultas, conforme dados da Sociedade Brasileira de
Reumatologia (SBR). A principal característica é o aparecimento de uma dor
muscular crônica e generalizada, acompanhada de sintomas como fadiga,
alterações de sono, memória e humor.
Há
um aumento da sensibilidade da dor. É como se a pessoa perdesse uma espécie de
analgésico natural do organismo para não sentir dor o tempo todo. Como reduz a
produção dessa substância, a pessoa sente dor espontânea, de vários tipos e
espalhado pelo corpo. Infelizmente, a medicina ainda não entende muito bem como
a doença opera dentro do corpo humano. Sabe-se que, sem tratamento, ela pode
evoluir para a incapacidade física e a limitação funcional, complicações com
bastante impacto na qualidade de vida do paciente.
Com
o tratamento adequado, que envolve tanto o uso de medicamentos quanto a prática
de terapias, como fisioterapia e acupuntura, é possível que o paciente tenha
uma grande melhora na qualidade de vida e possa viver normalmente. Também ajuda
a prática de atividades físicas para melhorar o condicionamento cardiovascular,
ter uma boa qualidade de sono e diminuir o nível de estresse psíquico.
Os
pacientes nessa condição devem ser acompanhados por médicos das UBSs. Em caso
de dúvida se a fibromialgia está associada a alguma outra doença reumática, o
paciente deve ser encaminhado para avaliação com especialista.
FEVEREIRO ROXO – A campanha
surgiu em 2014, na cidade de Uberlândia, em Minas Gerais. Não existe um
calendário oficial de conscientização, mas o trabalho, geralmente, é feito por
organizações não governamentais (ONGs) e, muitas vezes, é apoiado por
prefeituras e governos estatais, que promovem palestras, ações de informação e
até mutirões de saúde.
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