domingo, 27 de dezembro de 2020

COLUNA DO DR. ERIVELTON LAGO - CAIFÁS, PILATOS, HERODES E JESUS CRISTO- UMA CONDENAÇÃO INJUSTA

CAIFÁS, PILATOS, HERODES E JESUS CRISTO- UMA CONDENAÇÃO INJUSTA


O interrogatório de Jesus Cristo aconteceu de madrugada. Estavam lá os sacerdotes, os escribas e os anciãos. Todos se dirigiam a Jesus de forma agressiva naquela madrugada. Ninguém tem certeza se nesse julgamento estavam presentes todos os 70 membros do Sinédrio. Caifás conduziu o julgamento numa madrugada extremamente fria, na qual os servos e os guardas haviam feito uma fogueira. Qual é a essência da tua doutrina, Galileu? Perguntou o Sumo Sacerdote. Jesus respondeu: Sempre ensinei nas sinagogas e no templo, onde se reúnem todos os judeus; nada falei às escondidas.  Por que me interrogas? Pergunta aos que ouviram o que falei; eles sabem o que eu disse. Depois dessas palavras Jesus foi instantaneamente esbofetado por um dos guardas do templo, o qual disse: é assim que respondes ao Sumo Sacerdote? Jesus, porém, numa desconcertante resposta, imediatamente disse: Se falei mal, testemunha sobre o mal; mas se falei bem, por que me bates? Jesus sempre optou pelo silêncio diante dos seus acusadores. Porém, diante das inquietações e da insistência de Caifás, o qual lhe perguntava se ele realmente era o Messias filho do Deus Bendito, Jesus respondeu de forma contundente: Eu sou. E vereis o filho do Homem sentado à direita do poderoso e vindo com as nuvens do céu. Caifás, após ouvir esta célebre frase, declarou que não precisaria mais ouvir outras testemunhas e condenou Jesus à morte pelo crime de blasfêmia, porém não explicitou a pena. Daí em diante seguem-se os ultrajes. Os sábios judeus daquela época não eram abnegados entusiastas das linhas dogmáticas do direito processual. Atualmente norteia a prática processual do contraditório, ampla defesa, plena defesa e devido processo legal. Muitas irregularidades foram cometidas no julgamento de Jesus Cristo: a- a prisão de cristo não poderia ter sido efetuada durante a noite, pois era Páscoa, a mais importante festa do calendário judaico. b- o interrogatório não poderia ter sido feito fora das dependências do Sinédrio. As acusações contra Jesus foram na cozinha da casa de Anás, sogro do Sumo Sacerdote. Até as primeiras testemunhas foram ouvidas lá. c- não era praxe realização de audiências à noite. d- o direito amplo de defesa oral, que deveria ser concedido a Jesus, foi inexplicavelmente tolhido. A condução do interrogatório demonstra que o réu foi condenado por antecipação. O Sinédrio foi vergonhosamente parcial. e- Jesus foi prontamente sentenciado à morte pelas autoridades do colegiado do judaico. Porém, o Sinédrio não tinha competência para aplicar a pena de morte. Essa prerrogativa era da jurisdição romana. Diante de Pôncio Pilatos, depois do primeiro julgamento por Caifás, Jesus foi levado a Pilatos, procurador de Roma responsável pela manutenção da ordem nas terras da Judéia. Pilatos estava em Jerusalém para acompanhar o festejo israelita. Os religiosos do Sinédrio acusavam Jesus de incitar o povo a não pagar impostos e ainda se passava por Messias filho de Deus. Pilatos, sem nenhum interesse de condenar Jesus, perguntou: És tu o rei dos judeus? Respondeu Jesus: Tu o dizes. Pilatos disse, então, aos chefes sacerdotes e á multidão: Não encontro nesse homem motivo algum para condenação. Então ele ordena que levem Jesus à presença de Herodes. Todos queriam julgar o famoso homem. Herodes chegou a pedir para Jesus fazer um milagre para ele ver. Porém, Jesus se manteve em absoluto silencio diante de Herodes. Sentindo-se desprezado pela figura do interlocutor maior, Herodes sentiu-se diminuído pelo desdém de Cristo às suas indagações, e, imediatamente, ele iniciou uma série de zombarias contra o Messias. A maior zombaria foi vesti-lo de Rei chegando a coroá-lo. Não obstante o malogro das expectativas de Herodes, acabou por estreitar os seus laços de amizade com Pilatos, pois a devolução de Jesus para o próprio Pilatos julgá-lo, foi um “vamos voltar às pazes”. Diante de Pilatos novamente Jesus foi condenado à morte. Disse Pilatos: Tomai-o vós mesmos, e julgai conforme a vossa lei (jo 18, 31).

Fonte: Bíblia Sagrada e a obra o julgamento de Jesus Cristo, aspectos históricos e jurícos. Rodrigo Freitas Palma. Ed. Juruá.

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