domingo, 8 de agosto de 2021

COLUNA DO DR. ERIVELTON LAGO

 


JESUS CRISTO JULGADO E INJUSTIÇADO

 A condenação e as condições pelas quais ocorreu a morte de Jesus Cristo é um dos assuntos mais debatidos de todos os tempos. O seu julgamento ocorreu em duas dimensões: uma no âmbito judaico e outra no âmbito romano. O Torah, lei israelita, era interpretada pelo Sinédrio, não era muito justa no âmbito processual. Porém, apesar de falha, essa lei exigia, num julgamento, pelo menos duas testemunhas para que se consumasse a característica formal de uma acusação. Sendo assim, jamais alguém poderia ser considerado culpado, unicamente, pela audição de uma só pessoa, está escrito no artigo 19, inciso 15 do Torah e no livro de deuteronômio na Bíblia. O sinédrio era um Tribunal judaico que tinha competência para se pronunciar no âmbito religioso e civil. Era composto por 71 anciãos escolhidos entre as famílias sacerdotais mais influentes de Israel. Jesus viveu num momento em que sua nação estava conturbada, pois ela estava ocupada pelos invasores romanos que cobravam impostos altíssimos para manter Roma. Pôncio Pilatos foi designado pelo Imperador Tibério César para mandar na região que englobava a Galileia, Judéia e Samaria. Pilatos ficou conhecido como um homem que teve uma postura incisiva em defesa de Jesus. Jesus tinha um tipo corajoso de pregar por onde passava. Isso chamou a atenção de César, Caifás, Pilatos e Herodes, todos políticos. O Martírio de Jesus começou com a sua prisão em Getsêmani. A prisão foi à noite e na mesma noite foi julgado e condenado pelo Sinédrio comandado por Caifás. Havia muita gente em Jerusalém, pois a cidade comemorava a Páscoa e muitos se obrigavam a dormir nas cercanias da cidade. Imagine o sírio de Nazaré em Belém, Brasil. Jesus já havia sido muito duro com os camelôs que vendiam na porta do templo, isso deixou muita gente importante insatisfeita, pois interesses financeiros foram contrariados naquela ocasião. A Páscoa era o momento mais esperado pelos comerciantes, pois nela eles amealhavam lucros que os sustentavam o ano inteiro. A firme postura de jesus contra os abusos do comércio irritou os comerciantes. Preso, Jesus foi levado ao Sinédrio, o Sumo Sacerdote Caifás presidia a corte. Caifás, juntamente com outros sacerdotes e o Sinédrio da época interrogaram Jesus, procurando por "falsas evidências": perguntaram a Jesus: “Qual é a essência doutrinária que fundamenta a tua pregação?” Evasivamente Jesus responde a essa pergunta de resposta óbvia: “Falei abertamente ao mundo. Sempre ensinei nas sinagogas e no templo onde se reúnem todos os judeus; nada falei às escondidas. Por que me interrogas? Pergunta aos que me ouviram o que lhes falei; eles sabem o que eu disse”. Logo depois dessa resposta, um guarda deu um tapa no rosto de Jesus, e disse: “É assim que tu respondes ao Sumo Sacerdote?” Jesus, porém, numa desconcertante proposição, imediatamente devolveu a violência do guarda com a seguinte declaração: “Se falei mal, testemunha sobre o mal, mas se falei bem, por que me bates?” (toma). Caifás perguntou a Jesus: “Tu és realmente o Messias, filho de Deus Bendito?” Jesus respondeu: “Eu sou. Vereis o filho do Homem sentado à direita do poderoso e vindo com as nuvens do céu. Caifás ouviu essas palavras e disse: “Não preciso mais ouvir depoimentos de testemunhas, estás condenado por blasfêmia.” Durante o julgamento pelo Sinédrio várias ilegalidades foram praticadas, Primeira ilegalidade: Jesus não poderia ter sido preso durante a noite, principalmente, porque era celebração da Páscoa, o mais importante festejo do calendário judaico. Segunda: O interrogatório não poderia ter sido feito na casa de Anás, mas sim no Sinédrio. Terceira: não era praxe realizar julgamentos nos dias festivos, mas julgaram Jesus. Quarta: não foi dado a Jesus o direito ao amplo exercício de defesa oral. A condução do interrogatório demonstrou que jesus foi condenado antecipadamente. O Sinédrio não foi imparcial. Não houve, em nenhum momento, qualquer consideração à presunção de inocência de Cristo. Quinta ilegalidade: Jesus foi prontamente sentenciado à morte pelas autoridades do Tribunal Judaico. Esse colegiado não tinha competência para aplicar a pena de morte, Pilatos tinha que chancelar o julgamento em nome de Roma. Depois de ocorrer a primeira parte do julgamento, Jesus foi levado à presença de Pilatos. Pilatos morava em Cesária, mas ele estava em Jerusalém para apreciar o famoso festejo israelita. Jesus foi condenado por blasfêmia, mas isso não interessava a Roma, pois isso era religião. Havia a necessidade de se demonstrar que ele era uma pessoa sediciosa como era Barrabás. Perante Pilatos Jesus foi acusado por dois crimes: Incitar o povo a não pagar impostos e por ter se declarado o Messias, portanto, o próprio Rei de Israel. Pilatos, por sua vez, queria apenas averiguar se as acusações de Caifás significavam crime de sedição. Então Pilatos perguntou a Jesus: “Tu és o Rei dos Judeus?” Jesus respondeu: “Tu dizes”. Então Pilatos se dirigiu aos sacerdotes e à multidão e disse: “Não encontro nesse homem motivo nenhum para condenação.” Pilatos mandou que levassem Jesus à presença do Governador da Galileia, Herodes. Na presença de Herodes Jesus optou pelo silêncio absoluto. Jesus desprezava Herodes, ele o considerava uma raposa. O silêncio de Cristo foi interpretado por Herodes como uma atitude de desprezo pela figura do interlocutor maior. Ele sentiu-se diminuído pelo desdém de Cristo às suas indagações. Na verdade, Herodes queria ver Jesus morto, mas temia causar novo ressentimento ao povo, como aquele mal-estar gerado com a execução de João Batista a pedido de Salomé. Herodes promoveu um gesto de escárnio e mandou vestir Jesus com trajes de Rei e coroa de espinho, mandando-o de volta a Pilatos a fim de que ele desse a sentença final. O segundo encontro de jesus com Pilatos foi mais intrigante. Pilatos perguntou a Jesus: “Tu és o rei dos Judeus?” Jesus respondeu: “falas assim por ti mesmo ou outros te disseram isso de mim?” Respondeu Pilatos: “Sou, por acaso, judeu? Teu povo e os chefes dos sacerdotes te entregaram a mim. O que fizeste?” Respondeu Jesus: “Meu reino não é desse mundo, se meu reino fosse desse mundo, meus súditos teriam combatido para que eu não fosse entregue aos judeus. Mas meu reino não é daqui.” Pilatos disse a Jesus: “Então, tu és rei?” Respondeu Jesus: “Tu dizes: eu sou rei. Para isso nasci e para isso vim ao mundo: para dar testemunho da verdade. Quem é da verdade escuta a minha voz.” Pilatos fez pouco caso das respostas de Jesus ao Sinédrio quando ele afirmou que era o Messias prometido. Para ele a resposta foi teológica e não via seriedade ao ponto de levá-lo à crucificação. Então Pilatos perguntou a Jesus: “O que é a verdade?” Tendo dito isso, Pilatos saiu e foi ao encontro dos judeus e disse: nenhuma culpa encontro nele! É costume entre vós que eu vos solte um preso, na Páscoa. Quereis que eu solte o rei dos judeus? O povo respondeu: “Solte Barrabás!” Com essa resposta do povo, Jesus foi injustiçado, crucificado e morto. Quem errou nesse julgamento, o Juiz, o Tribunal ou o Povo?



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