quinta-feira, 6 de junho de 2013

Jhonatan diz que matou Décio Sá e Fábio Brasil a mando de Bolinha

O pistoleiro paraense Jhonatan de Sousa Silva, de 25 anos, afirmou, ontem, em seu depoimento à Justiça, que matou o empresário Fábio Brasil e o jornalista Décio Sá a mando de José Raimundo Sales Chaves Júnior, o Júnior Bolinha, réu apontado como principal intermediador nos dois crimes de homicídio. Na oitiva, prestada na data em que o matador completou um ano preso, o assassino confesso mudou boa parte de sua versão dada à Polícia Civil, sem ter certeza da participação de alguns acusados no caso, entre eles aqueles apontados como mandantes das mortes.


“É verdade que eu matei Décio Sá. Matei por dinheiro, pois estava precisando muito e não estava trabalhando. Quem me ofereceu o ‘serviço’ foi Júnior Bolinha. Ele me garantiu pagar R$ 100 mil, mas só me deu R$ 15 mil. Essa quantia eu recebi de Neguinho, que trabalhava no sítio dele e também recebeu R$ 5 mil. Na delegacia, cheguei a citar os nomes de algumas pessoas, mas fiz o ‘serviço’ para Júnior Bolinha e não sei se outra pessoa estava por trás dele nisso. Tudo foi acertado em algumas reuniões no sítio de Júnior Bolinha”, disse o matador.

Identidade - Neguinho foi a única das 13 pessoas indiciadas pela polícia judiciária do Maranhão que não pode ser denunciada pelo Ministério Público Estadual (MP), justamente por não ter sido descoberto, no inquérito, o nome verdadeiro do indiciado. Em depoimento, Jhonatan revelou a identidade do homem que lhe deu fuga, na noite em que matou Décio Sá. “Ele também é conhecido como Neguinho Barrão, mas o nome dele é Marcos Antonio de Sousa Santos”, disse o réu confesso.

“Foi ele [Neguinho] quem pilotou a moto para mim. Não quis revelar o nome dele nas investigações. Eu conheci ele em um bar, em Santa Inês, jogando sinuca [data em que matou duas pessoas e chegou a ser preso em flagrante, utilizando nome falso]. Lá, ele me revelou que vivia de pistolagem, na cidade de Marabá-PA, matando a mando da polícia de lá, mas veio fugido pro Maranhão porque matou uma pessoa ligada à polícia de lá. Aí as pessoas que estavam do lado dele [Neguinho] passaram a persegui-lo”, afirmou o assassino, inocentando desta acusação o réu Marcos Bruno Silva de Oliveira.

Nascido em 15 de fevereiro de 1988, na cidade de Xinguara, no estado do Pará, o jovem pistoleiro revelou ter chegado a São Luís quatro meses antes do crime, período em que ficou morando em uma casa no bairro Parque dos Nobres, identificada pela polícia como de propriedade da família de outro réu no processo, Fábio Aurélio do Lago e Silva, o Bochecha. O imóvel, segundo Jhonatan Silva, foi alugado por Júnior Bolinha. “Foi Júnior Bolinha quem me deu as chaves da casa e era ele quem pagava o aluguel”, disse o assassino, que negou ter conhecido Bochecha.

Mandante - Perguntado se Júnior Bolinha teria lhe revelado seu interesse em matar o jornalista, o pistoleiro foi breve, mas tocou no ponto que envolve os réus apontados como mandantes do crime. “Júnior Bolinha só disse que Décio Sá falava demais e precisava ser ‘calado’. Quando matei Fábio Brasil, também foi por mando de Júnior Bolinha e, naquele tempo, ele me disse que o ‘serviço’ era para o Gláucio e o pai dele. Eu, sem conhecer eles, acreditei, e quando falei isso nas investigações sobre a morte de Décio, disse que eles eram os mandantes”, disse o homicida.

Ao longo das quase 3 horas em que prestou depoimento, Jhonatan Silva revelou ainda que citou a pessoa de “Capitão”, referindo-se ao ex-subcomandante do Batalhão de Choque da Polícia Militar do Maranhão, capitão Fábio Aurélio Saraiva Silva, o Fábio Capita, como suposto fornecedor da arma do crime, porque estava com raiva de Júnior Bolinha. “Uma vez, Júnior Bolinha, bêbado, disse que era amigo desse tal de ‘Capitão’, e por isso citei ele no crime. Mas quem, na verdade, me forneceu a arma foi Neguinho, que trouxe a pistola do Pará e me vendeu por R$ 2.500,00”, contou.

Cutrim isento - Outra pessoa que também foi isenta pelo matador do seu depoimento à Polícia Civil foi o deputado estadual Raimundo Cutrim (PSD), citado como “principal mandante do crime”. “Uma vez, vi Júnior Bolinha falando ao celular com o Cutrim, mas o assunto era um serviço de uma areia. Vi que os dois eram muito próximos, e como a polícia já falava muito no nome do deputado, também fiz da mesma forma que fiz com o ‘Capitão’. Mas nunca vi nenhum deles e em nenhum momento Júnior Bolinha disse que a morte de Décio era para algum deles”, frisou Jhonatan Silva.

Antes de encerrar seu depoimento, o pistoleiro Jhonatan Silva confessou que pretendia matar Júnior Bolinha por ele não ter honrado com o compromisso de pagar o que lhe foi oferecido pelas mortes de Fábio Brasil e Décio Sá. Pai de três filhos pequenos, de mães diferentes, sendo o mais novo uma menina de apenas 7 meses, que só a conheceu ontem após as audiências, o matador disse que está disposto a mudar de vida. “Esse tempo todo que fiquei preso, me fez entender que essa vida [de pistoleiro] não compensa. Vi que quem sofre muito com isso são minha mãe, meus filhos, e toda a minha família. Acredito que todo mundo tem direito a uma segunda chance”, concluiu.

Em determinado momento da audiência com o matador Jhonatan Silva; o juiz Márcio Castro Brandão, da 1ª Vara do Tribunal do Júri, e o promotor Luis Carlos Correa Duarte, da 1ª Promotoria do Tribunal do Júri, pediram ao réu que recordasse a dinâmica do crime cometido na noite do dia 23 de abril de 2012, no bar e restaurante Estrela do Mar, na Avenida Litorânea. Em resumo, Jhonatan Silva disse:

“Fui à Mirante, encontrei um flanelinha e perguntei a ele sobre a pessoa de Décio Sá. Ele disse que o conhecia, mas que ele ainda não havia chegado. Ele me disse que Décio saía por volta das 10h ou 10h30. Saí dali, dei uma volta por perto da Mirante, e depois retornei nesse horário. Esperei ele sair, segui até ele parar em um sinal, na Ponta d’Areia, mas não o matei ali porque havia uma viatura [da polícia] perto, parada. Ele seguiu em frente e eu perdi ele de vista, mas como já tinha fixado as características do carro dele, achei ele em seguida, ao avistar o veículo parado em frente ao bar. Isso depois de ter feito o retorno em frente ao Shopping do Automóvel e voltado pela praia. Foi assim que achei ele. Ninguém me avisou onde ele estava, nem nada. Entrei no bar, o reconheci, depois de andar na frente dele atirei seis vezes nele. Ele chegou a me ver, se assustou ao ver a arma e falou alguma coisa que eu não lembro. Depois, atravessei a avenida, subi na garupa da moto e, mais adiante, meu parceiro sugeriu que eu descesse pois uma viatura da Polícia Militar estava no encalço. Fugi pelas dunas e lá enterrei a pistola na areia. Dei a informação de que tinha jogado ela [a arma] do ferry-boat porque tinha a esperança de um dia voltar à duna e recuperar ela [a arma]. Desci pelo Clube do Jeep, passei pelo retorno do Quartel da PM, e fui a pé até a Curva do Noventa. Demorei uns 40 minutos, eu acho, para chegar lá. Peguei um táxi e fui para o sítio no Miritíua, em São José de Ribamar, onde fiquei escondido até o dia 5 de junho, quando fui preso”.



O PARTO

Meu corpo está completo, o homem – não o poeta
Mas eu quero é o necessário
Que me sofra e me solidifique em poeta,
Que destrua desde já o supérfluo e o ilusório
E me alucine na essência de mim e das coisas,
Para depois, feliz e sofrido,mas verdadeiro,
Trazer-me à tona do ´poema
Com um grito de alarma e de alarde:
Ser poeta é duro e dura
E consome toda
Uma existência.


Nauro Machado (1958)



Em 2011, enquanto algumas pessoas ainda acreditavam que o ex-chefe do executivo municipal recuperaria a popularidade a tempo de eleger seu sucessor, Gilberto Lacerda apostou diferente.

Até ele surgir com uma carta na manga os prefeituráveis eram as caras de sempre. Foi aí que o empresário, coordenador de tantas campanhas, conseguiu convencer o até então só pecuarista José Alberto Veloso a se lançar como pré-candidato a prefeito de Bacabal.

No meio do ano seguinte a candidatura do mesmo era abonada pelos convencionais filiados aos partidos que formaram a coligação Renova Bacabal. 

Em outubro o resultado vindo das urnas comprovou que Gilberto estava certo.

Desde janeiro de 2013 o pecuarista que foi convencido a disputar sua primeira eleição é prefeito, e seu mentor, apesar de ainda não compor o secretariado, continua tendo papel fundamental na sua vida política.

Enquanto Zé Alberto tenta administrar os problemas da administração pública, Gilberto se movimenta nos bastidores com a missão de manter o grupo político coeso, afinal, uma nova eleição já bate à porta.

Ele que já tinha sob seu comando os diretórios municipais do PRTB, presidido pelo filho Leonardo Lacerda, e o PT do B, agora conseguiu um terceiro. O Partido Progressista que até poucos dias atrás era controlado pelo grupo Florêncio agora tem como presidente o próprio Gilberto Lacerda.

Não é um partido qualquer, depois do PMDB, o PP tem a maior representatividade na câmara de vereadores de Bacabal. Nele estão filiados Edvan Brandão, Fernando Sousa e Erivelton Martins.
No estado o Partido Progressista é comandado pelo deputado federal Waldir Maranhão.
Por  Ségio Mathias

quarta-feira, 5 de junho de 2013


Zé Lopes e Pepê Junior
                                               Zé Lopes, Paul Getty e Betto Pereira






Júnior Bolinha nega participação na morte de Décio

O empresário José Raimundo Sales Chaves Júnior, o Júnior Bolinha, acusado de ser a pessoa que contratou o pistoleiro paraense Jhonatan de Sousa Silva para assassinar o jornalista Décio Sá, negou participação no crime em seu depoimento à Justiça, ontem, no Salão do Júri do Fórum Desembargador Sarney Costa, no bairro Calhau. Em sua oitiva, o réu também afirmou nunca ter enviado mensagens de celular a Gláucio Alencar Pontes Carvalho, propondo-lhe o assassinato do empresário Fábio Brasil, na cidade de Teresina, como denunciou o agiota [Gláucio], apontado como mandante da execução de Décio Sá.

Ao falar sobre os fatos apresentados no processo, Júnior Bolinha alegou inocência e disse que não seria ingênuo nem louco a ponto de cometer o crime que teve como vítima Fábio Brasil. Ao ser questionado sobre sua relação com o jornalista assassinado [ Décio Sá], afirmou nunca tê-lo conhecido antes e se mostrou indiferente à existência da vítima. “Décio Sá, para mim, não cheirava nem fedia. Ele postou uma coisa contra mim e atribuíram a essa publicação a minha perda da bandeira da Coca-Cola. Na verdade, perdi a concessão porque a Renosa cortou os contratos com os distribuidores”, afirmou o acusado.

De acordo com o réu, a questão de suposta “inimizade” com o jornalista, citada no inquérito policial como motivação para que o acusado tivesse interesse na morte de Décio Sá, teria relação com uma postagem sobre a compra de uma máquina (trator) roubada. Denunciado pelo jornalista de envolvimento com negociações de veículos ilegais, segundo as investigações, Júnior Bolinha teria perdido a concessão de distribuir bebidas na região de Santa Inês. “Só soube dessa postagem muito tempo depois, e assim que soube da situação da máquina tratei de desfazer o negócio, inclusive na Justiça”, garantiu.

Sobre a pessoa de Jhonatan Silva, Júnior Bolinha, disse que jamais o viu antes e usou a própria conduta que teve, após o crime, para alegar inocência. “Eu nunca conheci o Jhonatan. Dizer que eu fiz isso não tem lógica alguma, até porque ele foi preso 15 dias antes de mim. Então, se eu realmente tivesse alguma coisa com isso, o mais provável era que eu fugisse da cidade, do estado, e isso foi justamente o que eu nunca fiz. Acredito que ele tenha citado o meu nome por causa da minha amizade com o deputado estadual Raimundo Cutrim [PSD]”, cogitou o réu.

Questionado pelo juiz o porquê de o assassino ter envolvido o seu nome apenas pelo fato de ser amigo do parlamentar, uma vez que existem outras pessoas mais próximas ao deputado, o Júnior Bolinha réu disse não sabia explicar. “Contratar um pistoleiro para matar alguém e ficar devendo ao matador, e ao mesmo tempo ainda ficar na cidade onde eu nasci e me criei, onde tenho empresa, escritório e família, seria assinar meu próprio atestado de óbito”, afirmou , ao se defender das acusações de Gláucio Carvalho, que depôs um dia antes.

Proposta - Ainda sobre o parlamentar, que chegou a ser citado pelo assassino como “principal mandante do crime”, cuja liberação da investigação ainda é analisada pelo Poder Judiciário, Júnior Bolinha disse que recebeu proposta da comissão investigadora para envolver o nome do deputado no crime. “Eu disse que não podia fazer isso e eles me ameaçaram de me mandar para um presídio federal, com a desculpa de me acusar de envolvimento com uma organização criminosa na Bolívia. Não sei o porquê de tudo isso, mas como aprendi nesse tempo que fiquei preso, fui vítima de uma ‘laranjada’, isso sim”, disse.

“Eu nunca tratei das mortes de Décio Sá e de Fábio Brasil com ninguém. Eu soube que Fábio e Gláucio estavam em desentendimento, querendo se matar. Eu havia vendido um carro para Gláucio, antes das prisões, e fui cobrar ele a quantia de R$ 7 mil que ele ficou me devendo, e dei uma ‘pressãozinha’ nele, no escritório de Ronaldo Ribeiro [advogado réu]. Foi só isso. O que ele [ Gláucio] diz é um absurdo: que eu fui extorqui-lo pela morte de Fábio Brasil. Ele também diz que eu mandei mensagens de texto propondo isso a ele. Eu tenho o mesmo número de celular há mais de 20 anos e garanto que isso nunca existiu”, disse o réu.

Capitão – O segundo a depor foi o ex-subcomandante do Batalhão de Choque da Polícia Militar do Maranhão, Fábio Aurélio Saraiva Silva, o Fábio Capita. Apontado como a pessoa que teria, supostamente, fornecido a arma utilizada na morte de Décio Sá, o oficial da PMMA falou sobre sua conduta dentro da corporação; sobre como funciona a cautela de armas no Comando Geral da PM, e disse não entender como seu nome pode ser citado pelo executor do crime, sem que este ao menos o tivesse conhecido antes dos fatos. “Acredito que meu nome tenha sido envolvido nesse crime, apenas porque ele citou o nome da pessoa de ‘capitão’ no depoimento dele”, disse o militar.

O PM, que já responde ao processo em liberdade, por determinação da própria Justiça, também trouxe à tona um fato que, segundo ele e seus advogados, já seria o bastante para que a manutenção de sua prisão ao longo de quase um ano não fosse necessária. “No dia 24 de abril de 2012, manhã seguinte ao crime, consta no relatório da Polícia Civil que Júnior Bolinha ligou para o meu celular, por volta das 6h. O curioso é que esta chamada não foi completada, mas, mesmo assim, na denúncia do MP consta que tivemos uma conversa”, lembrou o capitão da PM, que também já havia sido beneficiado pela Justiça do Piauí no processo que apura a morte do empresário Fábio Brasil.

Bolinha teve encontro com Teles

Antes de encerrar seu depoimento, Júnior Bolinha falou sobre um encontro que teria tido com o empresário Pedro Teles – bastante citado por Gláucio Carvalho como uma das pessoas “atacadas” por Décio Sá em suas publicações e que a Polícia Civil teria desprezado nas investigações. Perguntado se o réu manteve contato com o empresário antes da morte do jornalista, o acusado revelou que teria sido convidado pelo mesmo para um encontro, em um restaurante no bairro Renascença, e que na oportunidade Teles teria lhe pedido que falasse com uma das testemunhas de um júri de Barra do Corda, no qual o mesmo mais tarde viria a ser condenado a 21 anos de prisão, com direito de recorrer da sentença em liberdade

Décio Sá denunciou o júri como um “jogo de cartas marcadas”, em suas últimas postagens em seu blog (blogdodecio.com.br), uma vez que a maioria das testemunhas era próxima à família do empresário. “Nesse encontro, ele queria que eu conversasse com essa pessoa para ‘amenizar o lado dele’, e também pagar as despesas da viagem dessa pessoa até Barra do Corda”, revelou Júnior Bolinha. Por conta dessa informação trazida ao processo, o advogado Adriano Cunha, que faz a defesa de Gláucio Alencar e de seu pai, pediu que a Polícia Civil abra investigação sobre Pedro Teles, alegando ainda que o mesmo aparece em uma das escutas telefônicas em situação que necessita de uma averiguação mais específica. O juiz deferiu ao requerimento, mas lembrou que isso pode acontecer na 3ª fase do processo, sem que haja prejuízo à instrução.