MINHAS ANDANÇAS NO TEMPO DE BANCO
Minha primeira empreitada ocorreu em
pleno 24 de junho, dia de São João, mas, como de costume nesta Minas Gerais
afora, não tem esse negócio de feriado como o São João que "permeia"
o Nordeste.
Quando tomei posse em Santa Maria do Suaçuí, Minas Gerais, dois colegas
já haviam tomado posse uma semana antes. Me "analisaram" e me acharam
com "perfil" para fiscal (estava abandonando o curso de Veterinária -
4º período para trabalhar no banco), e, assim, em pouco tempo, lá estava eu
percorrendo a região (São José do Jacuri, São Sebastião do Maranhão, Peçanha,
São Pedro do Suaçuí, Coluna, Água Boa, Itamarandiba, Malacacheta e Capelinha.
Nas residências dos posseiros e donos de terra, muito macarrão ou
macarronada, franguinho caipira na base do óleo com urucum e quiabo. Muito
gostoso!
Nas beiradas da estrada muita goiaba no pé e alguma amora (e até melão
de são caetano) pra gente enganar a fome (e não foram poucas essas ocasiões e
estes momentos de tentar saciar de qualquer maneira aquilo que estava
incomodando). E a água era da mina, de uma bica qualquer entre arbustos e
pedras.
Ali a gente convivia com fazendeiros ricos, matutos e peões, figuras
manjadas de colarinho branco, gente de toda espécie, de atenciosas a
ignorantes, nos gestos e palavras, inclusive assassinos e pistoleiros
"encovados" naquelas serras e malocas.
Em São Sebastião do Maranhão tive a felicidade de compartilhar momentos
de pura descontração com o colega Tião de Ubá, o "cara" era de rápido
raciocínio (tipo cantor Leonardo) e gozador contumaz, tudo levava na gozação e
tinha resposta pra tudo na ponta da língua. Era chefe (supervisor) do Posto
Avançado de São Sebastião do Maranhão e à tarde nos encontrávamos na pensão ou
hotel para jantar e levar aquele papo e colocar as coisas em dia. Ele extrapolava
tanto que arrumou até confusão, mas deixa isto pra lá!
Dele guardo: "- na dúvida, não ultrapasse", "comendo
gambá errado", "a gente vai ver as pitibilidades"!
Depois que saiu de Santa Maria do Suaçuí, estive com ele em Teixeiras,
ele mora (ou continua morando) em Viçosa, onde fixou residência.
De Santa Maria do Suaçuí fui "parar" em Ponte Nova. Trabalhei
no caixa e fiscal ali pelas redondezas (Guaraciaba, onde fiscalizei a cachaça
do mesmo nome, naqueles tonéis gigantescos), Piedade de Ponte Nova, Oratórios,
Amparo do Serra, Acaiaca, Rio Doce, Teixeiras, Diogo de Vasconcelos, até que um
sub-gerente pegou no meu pé por causa de minha separação conjugal. Mandou que
eu procurasse minha "turma", meu rumo, e fui parar e trabalhar de
caixa em Rio Casca, Dom Silvério e Jequeri, onde encontrei um amigo, que agora
me foge o nome, que entrou em contato com o Bento (que disse: pode mandar
concorrer que dou o meu "de acordo"), na época gerente de Jeremoabo,
para onde fui como Auxiliar de Supervisão e onde trabalhei quase o tempo todo
como Supervisor. Vagando a supervisão e o Bento, priorizando um amigo e
conterrâneo paranaense, embora com menos tempo que eu na agência (no caso eu
seria o primeiro da escala), fez a indicação do amigo, me senti
desvalorizado e concorri para Pinheiro-MA, onde fiquei mais no Pavan de Santa
Helena, mas tive um período como gerente-adjunto em Pinheiro. Conheci, neste
meu tempo de banco, amigos de verdade, genéricos e falsificados!
Com tantas atribulações, preferi tentar outros lugares e fui como
Supervisor para Grão Mogol-MG, cidade pequena, mas muito acolhedora, não muito
longe de Montes Claros. Agência de poucos funcionários, tive minha primeira
experiência como Gerente, o "adjunto" estava ausente e o titular,
Joaquim, sofrera grave acidente automobilístico que o afastou por mais de 6
meses.
Era em Montes Claros ou Francisco Sá que fazíamos
"supermercado", onde conheci o pequi, uma das melhores coisas da
culinária do cerrado. E o arroz de pequi, então!!!
Transferi depois para Tanhaçu, na Bahia, e tive que morar em Ituaçu
devido à dificuldade de achar moradia em Tanhaçu. O supermercado da vez passou
a ser o de Barra da Estiva, na direção de Mucugê. E com mais animação, em
Vitória da Conquista, beleza de cidade!
Em Tanhaçu substituí o Gerente, e fui nomeado neste cargo para Boa Vista
do Tupim e depois para Santo Estêvão.
Desta maneira, pude conhecer melhor a Bahia e me tornar definitivamente
"baianeiro-maranhense", depois que adotei minha residência definitiva
em São Luís.
"Vagando" por Boa Vista do Tupim e Santo Estêvão, pude
diversas vezes ir a Vitória da Conquista, Jequié, Feira de Santana, Itabuna,
Ilhéus e Porto Seguro, fora a capital máxima, Salvador, uma das sete
maravilhas!
Em seguida, fui aportar em Brasília, naqueles remanejamentos (período
terrível), trabalhando lá por 5 anos até me aposentar.
Na capital, o máximo que cheguei foi Supervisão, mas foi mais tranquilo,
embora tenha deixado o banco no período de implantação do terror das metas
inalcançáveis, avaliações subjetivas, tudo aquilo contrário a uma boa gestão.
Gostei muito da capital de todos os brasileiros e achei o máximo a
maneira peculiar de encontrar endereços, aquele "negócio" de Asa
Norte e Asa Sul, Setores, Lagos, as Administrações... tudo muito diferente e
fácil de guardar na memória.
Sou apaixonado pelo nordeste, especificamente pela Bahia e pelo
Maranhão, mas tenho especial carinho por Brasília.
No meu blog, elogio muito o Rio de Janeiro, mas o Rio é "hors
concours", pelo fato de ser a cidade maravilhosa e linda mais do que nunca
(como diria o Faustão), ao vivo e a cores.
Posso me arrepender de alguma coisa no banco (tive vários dissabores),
mas, no balanço final, o saldo é bastante positivo, sobre todos os aspectos.
E, jamais vou me esquecer de tantos momentos marcantes que ficaram na
lembrança, que jamais serão apagados! Dos amigos que conheci, dos colegas que
consegui, um tempo inesquecível!
E vamos em frente!!!