Após
audiência no Palácio do Planalto, na tarde de ontem, quarta-feira, o governador da
Paraíba, Ricardo Coutinho, disse que a presidente Dilma Rousseff manifestou
preocupação com o andamento de grandes obras no país, diante da prisão de
diretores de empreiteiras acusadas de corrupção na Operação Lava Jato. Segundo
Coutinho, que foi recebido pela presidente por cerca de uma hora, eles
avaliaram o impacto do escândalo da Petrobras e concluíram que o país não pode
parar diante das denúncias.
— Chegamos a comentar
exatamente isso. Eu expressei o meu ponto de vista que é o ponto de vista dela,
que o governo já vem dizendo há algum tempo: não dá para parar o país — afirmou
Coutinho.
O governador disse
que o presidente do Tribunal de Contas da União (TCU), ministro Augusto Nardes,
na última segunda-feira, demonstrou preocupação com a paralisação das obras e
mostrou disposição de buscar uma solução. Coutinho avalia que o prejuízo com
uma eventual interrupção dos projetos será maior que o causado pela corrupção.
— A presidente quer
agilidade das obras, quer concluir as obras. Eu, como governador, também quero.
Todo mundo que é beneficiado quer ver as obras concluídas. Imagine parar uma
transposição do São Francisco agora, e todo esse investimento feito, bilhões
(de reais), ficar pela metade e a água não chegar. Onde vamos parar? — afirmou
o governador, acrescentando:
— Essa é uma
preocupação dela (Dilma).
Segundo Coutinho, a
Polícia Federal está investigando, o Poder Judiciário está acompanhando e
depois vai punir os envolvidos, o Congresso deverá construir uma legislação que
permita o melhor controle da sociedade sobre os recursos públicos, mas "o
país não pode paralisar". Obras importantes, argumentou o governador,
estão sendo tocadas por essas empreiteiras, incluindo o projeto de transposição
do rio São Francisco, principal tema da audiência.
— Eu acho que o país
está vivendo em torno de uma única agenda, que é uma agenda regressiva. É como
se no país existisse apenas Petrobras e o escândalo da Petrobras. O escândalo
da Petrobras é para ser tratado pela Polícia Federal, posteriormente, pelo
Poder Judiciário, punir quem por ventura precise ser punido, mas o Brasil
precisa ter outra agenda. O Brasil não pode viver simplesmente com uma agenda
regressiva, negativa. O Brasil tem de compreender que existem dificuldades no
mundo e ele precisa se esforçar muito para poder ultrapassar essas dificuldades
e afirmar uma agenda positiva para a nossa nação. Isso independe de partido
político. É fundamental que os demais poderes preservem isso. Evidentemente que
qualquer pessoa de bom senso sabe muito bem que seria impossível para um país
desta dimensão e com empresas com tamanho enorme paralisarem todas as obras que
fazem pelo país afora — argumentou.
O governador afirmou
que Dilma defendeu agilidade na obra do São Francisco e disse que até meados de
2016 o projeto deverá estar apresentando resultados no sertão nordestino.
Coutinho, por sua vez, pediu a construção do terceiro eixo, um investimento de
R$ 200 milhões, que deverá ser incluído na terceira fase do Programa de
Aceleração do Crescimento (PAC). Ele disse que o governo do estado está fazendo
investimentos para que a água do São Francisco seja melhor distribuída na
Paraíba.
— Temos obras em todo
o país que estão sendo feitas por essas empresas envolvidas, inclusive a
transposição do São Francisco — afirmou.
O governador disse
que, além de analisar os efeitos da operação Lava Jato, eles trataram de outras
obras de infraestrutura na Paraíba. Segundo Coutinho, será necessário
modernizar e ampliar o Porto do Cabedelo e o Aeroporto Cássio Pinto, que estão
"ultrapassados".
— Eu insisto em uma
coisa, inclusive com o meu partido, o PSB: precisamos ter uma agenda positiva
para o país. O país não se resume ao escândalo da Petrobras, que é extremamente
grave. Pessoas estão sendo presas, verdades estão surgindo, recursos sendo
devolvidos e esperamos que isso não volte a acontecer. A corrupção é a pauta da
Polícia Federal e do Poder Judiciário. É fundamental a punição, acabar com a
impunidade, mas é fundamental que os agentes públicos, que o Congresso, os
poderes construam outra pauta, para não ficarmos três anos discutindo um
escândalo atrás do outro e o país parado. É preciso que o país invista — disse
ele.