O Programa de Humanização no Pré-natal e
Nascimento (PHPN), do Ministério da Saúde, recomenda que devam ser realizadas,
no mínimo, seis consultas de pré-natal. Preferencialmente, elas devem ser
distribuídas da seguinte forma: uma no primeiro trimestre, duas no segundo
trimestre e três no terceiro trimestre.
O mais comum é que logo após a confirmação da
gravidez as consultas sejam realizadas mensalmente. O maior número de consultas
nos três últimos meses é para avaliar riscos de parto prematuro, pré-eclâmpsia,
eclâmpsia, entre outras intercorrências que podem acontecer nesse período.
O
que vai acontecer nas consultas do pré-natal?
A primeira consulta é a mais longa. É nela
que será estabelecida a relação médico-paciente. Nessa consulta, o médico
analisará toda a vida da gestante, como doenças preexistentes, cirurgias e
gestações anteriores, hábitos de vida, alimentação, além de tirar dúvidas e
orientá-la sobre como é o processo natural da gestação. Essas informações são
muito importantes para tranquilizar a futura mamãe. Por isso, não saia do
consultório com dúvidas. Caso se lembre de algo que gostaria de perguntar,
anote e pergunte na próxima consulta.
As demais consultas serão individualizadas
para cada gestante. Mas em todas elas o médico vai aferir a pressão arterial,
conferir o ganho de peso e a altura uterina da mãe e os batimentos cardíacos do
bebê.
Quais
exames serão solicitados no pré-natal?
Na primeira consulta seu médico vai pedir uma
bateria de exames, entre eles: hemograma completo, glicemia de jejum, tipagem
sanguínea e determinação do fator Rh, sorologias para hepatite B, Sífilis, HIV,
toxoplasmose, citomegalovírus, exame protoparasitológico de fezes, exame de
urina e urocultura, colpocitologia oncótica (Papanicolau). Esse último exame
pode ser dispensado, se você o tiver feito no último ano e não houver
alterações. Também serão feitas ultrassonografias.
Os exames laboratoriais serão novamente
solicitados por volta da 28ª semana da gestação, sendo incluído ainda o exame
de tolerância à glicose, específico para detectar a diabetes gestacional.
Outros exames podem ser solicitados, de acordo com a avaliação do seu obstetra.
Para
que servem os exames laboratoriais feitos no pré-natal?
Os exames no pré-natal incluem os
obrigatórios e os complementares, realizados de acordo com a indicação médica.
Os exames obrigatórios na gestação são:
1.
Hemograma
completo: importante na avaliação de anemia, comum em gestantes.
2.
Tipagem
sanguínea e fator Rh: essencial para prevenir a eritroblastose fetal, doença
causada pela incompatibilidade do sangue da mãe com o do filho, além de
otimizar transfusão sanguínea, se necessário.
3.
Coagulograma:
para determinar problemas sanguíneos preexistentes.
4.
Glicemia
de jejum: para conferir se há diabetes.
5.
Sorologias
para hepatite B, VDRL (Sífilis), HIV, toxoplasmose, rubéola e citomegalovírus.
Todas essas doenças podem causar malformações e até mesmo a morte do bebê. Caso
essas doenças sejam identificadas é possível tratá-las para reduzir os riscos
de transmissão da mãe para o bebê durante a gestação ou no trabalho de parto.
E, caso haja a transmissão, reduzir as sequelas que elas possam trazer para o
bebê.
6.
Protoparasitológico
de fezes (exame de fezes): útil na determinação de alguma infecção intestinal.
7.
Colpocitologia
oncótica (Papanicolau): determina alguma alteração no útero, como câncer de
colo de útero.
Quais
são os exames complementares mais comuns no pré-natal?
Alguns exames complementares podem ser
solicitados se houver alterações nos exames rotineiros ou ainda se a condição
clínica da gestante exigir. São eles:
1.
Amniocentese
e biópsia de vilo coriônico: indicados na suspeita de doenças genéticas ou para
gestantes de alto risco.
2.
Teste
de tolerância oral a glicose: em casos de suspeita de diabetes gestacional,
podendo complementar a glicemia de jejum.
3.
Teste
da fibronectina fetal: em casos de suspeita de rompimento prematuro da bolsa.
4.
Ecocardiograma
fetal: auxiliar no diagnóstico de doença cardíaca no bebê.
5.
Teste
de Coombs: solicitado todos os meses caso a mãe tenha o sangue Rh negativo e o
pai Rh positivo. A incompatibilidade entre o fator Rh do sangue materno e do
feto pode fazer com que o organismo da mãe crie anticorpos contra o Rh positivo
do bebê, causando uma doença conhecida como eritroblastose fetal. Se os
anticorpos forem detectados no sangue materno, a mulher deve tomar uma vacina
específica para essa condição.
Quais
são as ultrassonografias realizadas durante o pré-natal?
Em geral são solicitados quatro ultrassonografias ao longo da
gestação, podendo ser obstétrica ou morfológica, dependendo da idade
gestacional.
O
primeiro ultrassom
O primeiro ultrassom é solicitado logo na
primeira consulta. Ele é feito via transvaginal, preferencialmente entre a 7ª e
a 8ª semana da gestação, quando já é possível visualizar o saco gestacional e
os batimentos cardíacos do embrião.
Seus principais objetivos são confirmar a
gravidez, saber se é uma gravidez única ou múltipla (com dois ou
mais fetos) e se a gravidez é tópica (o embrião cresce dentro do útero) ou
ectópica (o saco gestacional está fora do útero, nas trompas). Nesse segundo
caso, geralmente é necessária uma intervenção cirúrgica.
O primeiro ultrassom também é utilizado para
precisar o tempo de gravidez e compará-lo à data da última menstruação
informada pela mulher. Esses dados são importantes para determinar a data prevista para o parto — definida
ao fim de 40 semanas, embora a gestação possa se estender até a 42ª semana.
O
segundo ultrassom
A segunda ultrassonografia deve ser feita,
preferencialmente, entre a 11ª e a 14ª semanas de gestação. Ela é chamada de
ultrassom com translucência nucal e seu principal objetivo é avaliar algumas
estruturas fetais, em especial um líquido que fica na região da nuca. O volume
aumentado desse líquido pode ser um indicativo de Síndrome de Down ou outras doenças
cromossômicas. É importante seguir o tempo recomendado para a realização do
exame porque após a 14ª semana essa estrutura já não é mais visível nas imagens
de ultrassom. Caso seja identificada alguma anormalidade, o
médico vai solicitar outros exames diagnósticos. Nesse exame, também é verificada a presença
do osso nasal e o ducto venoso do bebê, ambas estruturas também são utilizadas
para rastreio de malformações fetais. E também é possível ouvir seus batimentos
cardíacos e conferir a idade gestacional.
O
terceiro ultrassom
O terceiro ultrassom é o morfológico. Ele é
feito entre a 20ª e 24ª semana da gravidez. Nessa etapa é possível enxergar o
bebê com mais detalhes, permitindo avaliar se seu crescimento e aparência estão
dentro dos padrões de normalidade. Serão avaliados órgãos internos e externos
como estruturas cerebrais, coração, rins, pulmões, dedos dos pés e das mãos,
etc.
O médico também vai medir o fêmur e a
circunferência abdominal e assim, você saberá o tamanho do seu bebê nessa fase!
É um exame importante para detectar malformações e também para avaliar se as
artérias que levam sangue e nutrientes para o bebê através da placenta estão
dentro do esperado. Além disso, é nessa hora que você pode descobrir o sexo do bebê!
O
quarto ultrassom
Por fim, o quarto ultrassom é feito no final
da gestação, após a 35ª semana. É nesse momento que será analisada a posição do
bebê no útero: se ele está cefálico (encaixado no canal de parto), pélvico
(sentado) ou córmico (de lado). Também será avaliada a localização da placenta, o volume do líquido amniótico — polidrâmnio
quando há muito líquido e oligoâmnio, quando há pouco —, o tônus muscular,
respiração e movimentação do bebê, etc. Todos esses dados são de extrema
importância para o planejamento do parto e para prever e evitar complicações.
Por
que a pré-eclâmpsia é tão perigosa?
A pré-eclâmpsia é uma disfunção dos vasos
sanguíneos que pode causar problemas em vários órgãos maternos e também na
placenta, dificultando o crescimento do bebê. É uma condição grave que pode
acometer até 5% das gestantes e pode levar à morte materna e fetal.
É mais comum a partir da 37ª semana de
gravidez, embora possa ocorrer em qualquer momento da gestação, inclusive nas
48 horas após o parto. É de difícil diagnóstico, mas pode ser percebida,
principalmente, por quadros de hipertensão arterial e perda de proteína na
urina da mulher.
Gestantes
podem ser vacinadas?
É importante que, sempre que possível, antes
de engravidar a mulher esteja com seu calendário vacinal em dia. Isso porque
algumas vacinas, algumas importantes para evitar doenças congênitas, são
contraindicadas durante a gestação. É o caso, por exemplo, da vacina tríplice
viral, que contém o vírus atenuado da rubéola.
Nas vacinas feitas com vírus atenuado, o
vírus ainda está vivo, mas com baixo poder de contaminação, o que não traz
riscos para as pessoas em geral. No entanto, para os fetos ainda em formação
eles são perigosos e podem causar malformações ou mesmo o aborto.
Outras vacinas com essa composição e que as
gestantes não devem tomar são: BCG, catapora, poliomielite, caxumba e sarampo.
De acordo com a condição vacinal da gestante
algumas vacinas em atraso poderão ser indicadas. No entanto, mesmo essas, só
devem ser tomadas após os três primeiros meses da gravidez, para evitar riscos
para o bebê.
Quais
são as vacinas indicadas no pré-natal?
O histórico vacinal da gestante será avaliado
pelo obstetra. Para as que estiverem com o calendário atrasado será preciso
tomar as três doses contra a hepatite B e as três doses da vacina dT, contra
difteria e tétano.
A vacina contra a Influenza, que oferece
proteção contra complicações causadas por vírus da gripe, deve ser tomada por todas as
gestantes, mesmo as que estiverem no primeiro trimestre da gravidez. Ela é
ofertada durante a campanha anual contra a gripe ou durante todo o anos nas
clínicas particulares.
Em 2014, o Ministério da Saúde incluiu no
calendário de vacinação da gestante a vacina dTpa, contra difteria, tétano e
coqueluche. Essa vacina deve ser tomada entre a 27ª e a 36ª semanas de
gestação. A inclusão tem o objetivo de proteger os recém-nascidos contra a
coqueluche, já que os anticorpos produzidos pela mãe passam para o bebê.
Os casos de coqueluche cresceram muito nos
últimos anos, sendo que 87% deles acometeram bebês menores de seis meses. Nessa
idade os pequenos ainda não completaram o esquema vacinal e ficam mais
suscetíveis à doença. Por isso, a importância da vacinação da gestante para dar
alguma proteção ao recém-nascido
Por Dr.
Otávio Pinho Filho