Nunca morri de amores pelo
político Zé Vieira, e não vai ser agora que ele desencarnou, só para fazer
média, que vou dizer que ele era isso ou aquilo, para satisfazer aliados,
eleitores e fãs. Quando ele se elegeu pela primeira vez prefeito de Bacabal, ao
entrar na prefeitura, foi taxativo. “– Todos os pretos podem ir embora, não
quero ver nenhum aqui” Mesmo sem trabalhar na prefeitura, mas sendo
preto, pasmei com tamanho preconceito e racismo, e daí, passei a “desadmirá-lo
”
Nunca fui intimo dele, sequer
próximo, apesar de ter recebido vários convites para tomar o café da manhã com
ele e também para fazer parte do seu grupo. N’um desses convites, fui até a sua
residência com o poeta e ex-vereador Paulo Campos onde conversamos bastante.
Nessa época ele havia perdido a campanha pra deputado federal e estava sozinho.
Ele me disse: - A minha casa está vazia porque estou sem poder mas amanhã a casa vai
estar cheia pois acabei de receber um telefonema do governador Zé Reinaldo me
convidando para ser Secretário de Assuntos Políticos do Estado. São todos
amigos do poder.. E foi só o fato se concretizar pra todos voltarem;
Zé Vieira foi na vida politica
de Bacabal, mal necessário, foi necessário e foi o mal, mal para muitos e até
pra ele mesmo, que, por causa da sua sede e fome pelo poder de qualquer jeito,
acabou por perder tempo e com o muito dinheiro que tinha, poderia curtir o
pouco que restava de vida, mas preferiu apostar no ilícito e perdeu.
Um grande líder, inegável, Zé
Vieira nunca gostou de esporte, cultura, lazer, mas soube, como nenhum
politico, mesmo cheio de artimanhas, conquistar uma grande parte da população e
essa popularidade deu-se em função da sua visão retilínea. Comprou uma máquina
de asfalto, fabricou, vendeu pra si mesmo e arrumou a periferia que a partir
dalí, se sentiu valorizada.
Zé Vieira teve momentos de
grandes altas e também de grandes baixas. Ficará na história como um politico
valente, literalmente valente até porque nunca impôs o respeito e sim o medo.
Muitas atrocidades foram atribuídas a ele apesar da ausência de provas ou
mesmo, medo da “rebordosa.
Usando sempre do pior
expediente para com seus adversários, ele usava o seu canal de televisão para
os ataques e insultos e isso o seu eleitorado gostava. Nunca respeitou
prefeito, deputado, governador, governadora, vereadores e insultos como
vagabunda, puta, prostituta, bandido e demais adjetivos qualificativos
inferiores, era detonado por ele em desfavor dos seus adversários. Essa era a
forma de Zé Vieira fazer Politica e deu muito certo, ele achou a regra sem exceção.
Temido e destemido, ele provou
que sabia das coisas, e sabia. Apoiou, ou melhor, botou debaixo das asas e
elegeu a deputado estadual o pastor Pedro Alves, o médico Elijo Almeida, o
agropecuarista Carlinhos Florêncio, sua filha Fátima Vieira, seu genro, na
época, Raimundo Louro e só não elegeu a sua esposa, na época, Patrícia Braga,
por não confiar nos seus atributos femininos, o que veio a se concretizar na
sua cassação como prefeito de Bacabal.
Autor de frases homéricas e
céleres como “ – Vou trazer homens da Paraíba para engravidar as mulheres de Bacabal”,
“O homem pode até ser feio, mas com dinheiro fica bonito”, “As vezes eu tenho
que ser duro para o pessoal me respeitar” Zé Vieira governou com mãos
de ferro por oito anos e viu uma intelectualidade politica sucumbir no
anonimato, caso de Raimunda Loiola, Juarez Almeida, Pedro Alves, Pedro Santos,
Joãozinho Fotografo.
Zé Vieira era mesmo “osso duro de roer”, mas a osteoporose lhe acometeu quando se elegeu e não teve como governar, e a cidade passou um ano e oito meses num total desgoverno até sua derrocada,
Foi um politico de sinônimos e
antônimos e durante toda a sua carreira o antagonismo se fez presente em todas
as suas ações. Zé vieira foi herói e foi bandido, foi verdade e foi mentira,
foi corrupto e corruptor, foi vitima e acusado, foi o bem e foi o mal, foi o
bom e foi o mau, foi luz e trevas, foi progresso e retrocesso, foi vida e
morte, e a sua morte serviu para provar o quanto a cidade lhe amava.
Zé Vieira se despede desta
vida com a certeza do dever cumprido e só não concluiu tudo como planejou, por
erros crassos de sua própria autoria. Zé do povo, osso duro de roer, caldeirão
vai ferver, não há quem tire a vontade do povo, logomarcas e marcas que, se não
ficarem para sempre, ainda serão lembradas por décadas e só o tempo cuidará de
eternizá-las ou dissipá-las.
A era Zé Vieira passou e agora
Bacabal escolheu o novo que é Edvan Brandão e cabe a ele, somente a ele, o
direito de botar Bacabal no Rumo Certo para que tenhamos orgulho de sermos bacabalenses, até
porque, tudo que Zé Vieira fez, levou com ele para o túmulo, logo, não acreditou
em ninguém que pudesse lhe suceder,
Descanse em paz e que a terra
lhe seja leve.
- E quem vai herdar o legado político
de Zé Vieira?
-
Eu sei, mas isso é assunto para outro artigo.