A angina, também conhecida como angina pectoris, corresponde à sensação de peso, dor ou aperto no peito que acontece quando há diminuição do fluxo de sangue na artérias que levam oxigênio ao coração, sendo essa situação conhecida como isquemia cardíaca.
Na maioria das vezes, a isquemia cardíaca é uma consequência da aterosclerose, que é caracterizada pelo acúmulo de placas de gordura nas artérias coronarianas, sendo mais frequente em pessoas com pressão alta, colesterol elevado ou diabetes descompensado. Veja quais são as 5 principais causas de aterosclerose.
A isquemia cardíaca e, consequentemente a angina, são mais comuns de acontecer em pessoas acima dos 50 anos e devem ser tratadas rapidamente, pois são um grande risco para o desenvolvimento de infarto, parada cardíaca e outras doenças cardiovasculares, como arritmia, insuficiência cardíaca ou AVC, por exemplo.
Principais tipos de angina
Existem diferentes tipos de angina, que podem variar de acordo com os sintomas apresentados, sendo os principais:
1. Angina estável
É causada por uma isquemia transitória, ou seja que surge quando a pessoa faz algum esforço ou sofre algum estresse emocional, por exemplo, havendo diminuição parcial e momentâneo do fluxo sanguíneo. Esse tipo de angina é mais comum de acontecer em pessoas que já têm algum tipo de aterosclerose coronariana parcial, que pode piorar e levar até mesmo a um infarto.
Principais sintomas: Os sintomas normalmente relacionados com a angina estável são sensação aperto ou queimação na região do peito, que dura cerca de 5 a 10 minutos, e que pode irradiar para o ombro, braço ou pescoço. Geralmente os sintomas são desencadeados por esforço ou momentos de grande emoção, e melhoram com o descanso ou com medicamentos para dilatar artéria e aumentar o fluxo de sangue, como o Isordil.
Como é o tratamento: No caso da angina estável, o cardiologista normalmente indica o repouso e, em alguns casos, o uso de medicamentos vasodilatadores, como o Dinitrato ou Mononitrato de Isossorbida (Isordil), para melhorar o fluxo sanguíneo na artéria.
Além disso, é importante ter hábitos de vida saudáveis para evitar que a angina aconteça novamente e, para isso, é recomendado que a pessoa tenha controle da pressão, colesterol e glicemia, além de ser importante ter uma alimentação baixa em sal, gordura e açúcar e pratique atividade física de forma regular.
2. Angina instável
É uma situação mais grave que a angina estável, pois é causada por uma interrupção maior da oxigenação do coração, devido a um rompimento e inflamação da placa de aterosclerose o que provoca sintomas mais intensos e constantes, sendo considerada uma forma de pré-infarto.
Principais sintomas: Os principais sintomas de angina estável são dor, aperto ou queimação na região do tórax que dura mais que 20 minutos, que também irradia para locais próximos e pode estar associada a outros sintomas como enjoo, suor e falta de ar. Quando surgem estes sintomas deve-se ir imediatamente ao pronto-socorro. Saiba o que pode ser a dor no peito.
Como é o tratamento: O tratamento inicial é feito já no pronto socorro, com remédios para impedir a piora dos sintomas, como:
Medicamentos para melhorar o fluxo de sangue, do tipo nitrato, como Isordil, betabloqueadores, como Metoprolol, ou bloqueadores do canal de cálcio, como Verapamil e a Morfina, quando os sintomas são muito intensos;
Medicamentos para diminuir a formação de coágulos, com o uso de antiplaquetários, como AAS e Clopidogrel ou Prasugrel e Ticlopidina, e anticoagulantes, como Heparina.
Anti-hipertensivos do tipo IECA, como o Captopril, ou hipolipemiantes para controle do colesterol, como a Atorvastatina.
Após o tratamento inicial, o cardiologista passa a investigar o nível de obstrução das coronárias e o comprometimento cardíaco por meio de exames como ecocardiograma, cintilografia cardíaca e cateterismo cardíaco.
Assim como na angina estável, na angina instável também é importante tratar os fatores de risco, como controle da pressão, colesterol, glicemia, além de controle da alimentação e prática de atividades físicas, atitudes que são fundamentais para manter uma boa saúde das coronárias e do coração.
3. Angina de Prinzmetal ou variante
Esse tipo de angina não tem causa esclarecida e acontece devido a espasmo da coronária, em que há interrupção do fluxo sanguíneo mesmo que a pessoa não possua acúmulo de gordura na artéria ou outros tipos de estreitamentos.
Principais sintomas: No caso da angina de Prinzmetal pode ser notada dor ou aperto de forte intensidade no peito, que ocorrem mesmo em repouso e melhoram aos poucos após alguns minutos. Também é comum surgir durante o sono ou logo pela manhã.
Como é o tratamento: O tratamento para esse tipo de angina é feito com a orientação de um cardiologista e normalmente é feito por meio do uso de medicamentos do tipo nitrato ou bloqueadores do canal de cálcio, como Diltiazem e Verapamil, por exemplo.
Como é feito o diagnóstico
No momento da crise, o diagnóstico de angina é feito pelo cardiologista através da avaliação dos sinais e sintomas apresentados pela pessoa, além da avaliação do resultado de alguns exames, como eletrocardiograma, raio-X de tórax e dosagem de enzimas cardíacas no sangue. Além desses, outros exames podem ser solicitados para confirmar o diagnóstico como teste de esforço, cintilografia do miocárdio, ecocardiograma e cateterismo cardíaco.
O cateterismo cardíaco é um exame muito importante, pois, além de quantificar de forma mais exata a obstrução dos vasos sanguíneos e avaliar a presença de alterações do fluxo de sangue, é capaz de tratar a causa da obstrução, através da angioplastia, com implante de um stent ou uso de um balão, para abrir a artéria. Saiba para que serve e quais são os riscos do cateterismo cardíaco.
Angina tem cura?
A angina pode ser curada em pessoas que conseguem fazer o tratamento da isquemia cardíaca de acordo com a recomendação do cardiologista. Muitos casos ficam bem controlados com o uso dos medicamentos prescritos pelo cardiologista, já outros mais graves, precisam da realização de cateterismo ou, até, de uma cirurgia de revascularização do coração.
Algumas dicas úteis para tratar corretamente a angina incluem:
Tomar os medicamentos receitados pelo médico;
Parar de fumar;
Adotar uma alimentação saudável;
Praticar exercícios regularmente (sob orientação profissional);
Evitar os excessos alimentares e as bebidas alcoólicas;
Evitar o sal e a cafeína;
Manter a pressão sob controle;
Evitar o estresse;
Evitar as temperaturas muito quentes ou muito frias, pois também podem desencadear uma crise de angina.
Com estas atitudes, além de tratar angina, também é possível evitar a piora ou o surgimento de novas placas de gordura nas coronárias.
Por Dr. Otávio Pinho Filho