A ÁGUIA, A RAPOSA E O CASTIGO DIVINO
A águia e a raposa ficaram muito amigas, então resolveram morar perto uma da outra, fazendo desse convívio uma garantia da amizade. E, assim, a águia voou bem no alto de uma árvore e fez o seu ninho, enquanto a raposa penetrou numa moita que havia no pé da árvore e lá deu cria a duas raposinhas. A águia chamou a raposa e disse: amiga, foi bom você fazer a sua cama aí para parir e criar os teus filhos, dessa forma tu vigias o pé da árvore para que nem gatos nem mucuras subam na árvore para comerem os meus filhotes. Não te preocupas, disse a águia, daqui de cima não vou deixar ninguém comer os teus filhos. O acordo foi selado entra as duas amigas. Certa vez, porém, a águia estava precisando de comida e, assim que a raposa saiu para caçar, ela desceu voando à moita, apanhou as crias da raposa e as comeu em companhia dos seus filhotes. Quando a raposa voltou e percebeu o que havia ocorrido. Porém, a raposa, desesperada, perguntou: você comeu os meus filhos? A águia respondeu: sim, pois os meus filhos estavam com fome. A raposa afligiu-se tanto pela morte dos filhos quanto pela impossibilidade de vingar-se, pois, sendo ela um animal quadrúpede, era, incapaz de perseguir com perícia um animal alado. Por isso, ficou de longe amaldiçoando a inimiga todos os dias, pois isso é o que resta aos impotentes e fracos. Todos os dias a raposa jogava praga na águia. Aconteceu, porém, que a águia não demorou a prestar contas do seu crime contra a amizade. Um dia, vários jovens se reuniram para fazerem um piquenique num pequeno bosque. Ali trataram galinhas para comerem assadas numa fogueira de fogo baixo. As vísceras dos animais eram jogadas ali perto, a águia deu um voo rasante, pegou as vísceras e subiu para o ninho. As tripas das galinhas passaram por dentro da fogueira e pegou fogo. As vísceras em chamas terminaram por incendiar o ninho da águia. Com isso, os filhotes, que ainda não sabiam voar, caíram no chão queimados e foram comidos pela raposa diante dos olhos da águia. Essa fábula de Esopo mostra que os que violam um pacto de amizade, mesmo que escapem de ser punidos por suas vítimas impotentes, jamais se livram do castigo divino.
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