O MENINO AFRICANO E A BUNDA DO ELEFANTE
O Igor Lago, meu filho, estudou o primário numa boa escola daqui da cidade de São Luís, MA. Eu, particularmente, gostava muito do método adotado por lá. Um certo dia a Iva, minha esposa, me chamou e fez a seguinte ponderação: vou tirar o Igor daquela escola. Surpreso com a surpresa, indaguei - o que aconteceu? Respondeu ela - o Igor me disse que um menino da turma dele estava dizendo que ele era africano, pois ele parecia com a foto de um menino, em um dos livros de história das civilizações, cujo dono era um dos alunos da turma. Ora, mas ele é descendente das famílias da África, sempre irão dizer alguma coisa a respeito da negritude ou pretitude dele. Porém, coloquei para a Iva a seguinte situação: Tudo bem, podemos tirá-lo de lá, mas, se na outra escola ele for novamente provocado em face da cor da pele ou do formato do seu crânio, vamos ter que tirá-lo novamente da outra escola? Então, o que faremos? Perguntou Iva, meio atônita. Respondi - pergunta se ele quer sair da escola? Feita a pergunta, Igor respondeu: não, mãe, eu gosto da minha escola, eu só quero é saber se eu posso chamar o menino de Bunda de Elefante. Posso? Aí eu vi que o problema estava resolvido. Autorizei o Africano a chamar o gordinho de bunda de elefante. Não deu outra, na semana seguinte foram os dois chamados para a diretoria da escola, depois de uma discussão acirrada entre os dois infantes. Sinceramente, até fiquei um pouco arrependido por ter autorizado o africano a revidar o apelido, mas, graças a Deus, as coisas não fugiram do controle. Pais intimados a comparecerem na escola para tratarem de assunto de interesse dos alunos e da educação, lá estava eu. Entrei na sala para a reunião, quão não foi a minha surpresa: Um amigo meu de infância que quando me viu foi logo perguntando, vem cá, és tu o pai de Africano? Respondi: sim, e és tu o pai de Bunda de Elefante? Sim, sou eu. Começamos a rir. O meu amigo havia sido o autor do apelido do Igor numa vez que foi por lá deixar o seu filho na escola. Começamos a conversar sobre os nossos dias de travessuras da infância, ele era o maior criador de apelido da nossa época, hoje seria um stand up, pois ele era um contador de lorotas e não deixava ninguém sem um apelido, o filho já estava seguindo o gene do pai. A pedagoga olhando nós dois às gargalhadas, detonou: Vocês dois aí, já vamos começar a reunião, estão prontos? Respondemos juntos - não, professora, resolva aí, esse problema não é nosso. Hoje, Bunda de Elefante é médico numa cidade do Paraná e Africano é advogado numa cidade do Maranhão. Qual é a moral da história? Todos nós temos algo na aparência que possa nos conduzir a um bullying, não leve a vida muito a sério, as travessuras racistas podem ser combatidas, também, com humor e uma carta de ABC bem lida.
Sou seu fã, meu amigo erivelton Lago
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