quarta-feira, 13 de agosto de 2025

COM A PALAVRA - DO FUNDO DO BAÚ II - POR ZÉ CARLOS GONÇALVES

 


... DO FUNDO DO BAÚ II

            (funesta ironia)


    A todo instante, a violência se faz presente. Vem assustando, com a "despaciência", que nos assalta e nos brutaliza.

   Tal comportamento virou regra. E nos massacra, "por todos os lados". Nas filas, no trânsito, nas recepções, nas relações familiares ... Tudo isso aliado a uma pressa "fandanga".

    Verdadeiramente, se perdeu a noção de cortesia, de respeito, de boa vizinhança, de amizade, de simplicidade, de honradez. Até de ser companheiro. De ser simpático. De ser empático. "De ser anti antipático!"

     E, o pior, o diálogo, temeroso, escafedeu-se e tudo passou a ser resolvido "na bala". E, "o mais pior", só tende a piorar, ante à deseducação, que se instala, célere e irreversível, em nosso meio, que vê, impassível e mudo, o desmoronamento da família, perdida em sua pressa, em seus propósitos, em sua inoperância, em sua ignorância. Valei-nos, Santo Inácio de Loiola!

    Já não se enxerga o próximo. Nem o mais próximo, que é o nosso familiar. O próximo está, cada vez, mais distante, a se aniquilar, na desimportância. E, assim, vamos perdendo, e nos perdendo.

    A saída, desse maremoto de má-criação, vai se fechando. Sem farol, a nos orientar. Só restam saudades de quando "achávamos" que éramos "broncos".

    Hoje, só resta a saudade de quando se podia "si imbucetá" e mandar tudo, e todos, "pra cáxa prego,  pra 'fruta' qui pariu, pros cafundó du juda, pro raio qui u parta, pra casa do chapéu, pra cochichina". Ou, quando a ira  se aquietava, se podia "mandar" o indivíduo "procurá u qui fazê ou catá coquinho ou pintiá macaco". E a intolerância não ultrapassava a linha da vida.

    Eita, época boa! Época, em que não se morria. Se ia "pra terra do pé junto, ou se virava fantasma, ou se abotoava o palitó, ou se ganhava um palitó de madeira, ou se fazia a viági, ou se isticava ais canela".

    Convivíamos bem com nossos irmãos; ainda que com a mais funesta ironia!


        Zé Carlos Gonçalves

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