O
ex-presidente Lula comparou, na noite de ontem, quarta-feira, o escândalo de
corrupção na Petrobras ao processo do mensalão e disse que, quando a
investigação chegar ao Supremo Tribunal Federal, a imprensa já terá condenado o
PT. Ele também ironizou a oposição, dizendo que até parece que eles arrecadam
dinheiro para as campanhas eleitorais no Criança Esperança, e não com
empresários.
— Agora a bola da vez
somos nós. O PT não pode continuar crescendo, tem que ser atacado de todos os
lados, em todas as frentes, com artilharia leve e pesada. Vamos fazer guerra
eletrônica contra o PT, não importa se é verdade ou mentira. Vamos tentar difamar,
destruir esse partido. No processo do mensalão, os companheiros que foram
julgados já estavam condenados. Esse processo da Petrobras, o que a gente está
vendo é que quando chegar na Suprema Corte, quando o Teori (Zavascki) for
analisar a delação premiada, instrumento criado por nós, a imprensa já vai ter
condenado. Todo o vazamento é contra o PT — disse Lula, ao discursar no
lançamento da segunda etapa do 5º Congresso do PT.
Em um evento marcado
por ataques aos oposicionistas, chamado de “coxinhas” pelo presidente do PT,
Rui Falcão, Lula ironizou as críticas recebidas pelo partido:
— A presidente Dilma
tentou explicar isso muitas vezes na campanha eleitoral, mas nossos adversários
nunca quiseram compreender, como se quem faz campanha pedindo dinheiro para
empresário fosse só o PT. Me parece que os tucanos arrecadam dinheiro em
campanha como o Criança Esperança, de tão nobre que eles são.
O ex-presidente
afirmou que o PT não vai aceitar a pecha de corrupto, conclamou a militância a
reagir e disse que quem errou será punido:
— É hora dos petistas
levantarem a cabeça, enfrentarem o debate da corrupção. A gente não pode
aceitar a pecha que eles querem nos incutir na nossa testa. Não sou melhor do
que ninguém, mas se enfiar todos eles um dentro do outro, eles não são mais
honestos do que eu nem nenhum de vocês.
No momento em que a
segunda etapa do 5º Congresso do partido, que acontecerá em junho, em Salvador,
vai discutir a atualização do programa e do estatuto do PT, Lula comparou a
sigla a um filho que cresce e começa a dar trabalho:
— Não nascemos para
ser igual aos outros, não nascemos para fazer campanha com cabos eleitorais
pagos. Aí nasce o político profissional. A gente tinha menos voto, mas tinha
mais orgulho, andava de cabeça erguida, querendo que as pessoas copiassem a
gente.
Conclamado pela
militância a disputar as eleições de 2018, Lula disse que o momento agora é de
garantir que a presidente Dilma Rousseff faça um bom governo em seu segundo
mandato. E alertou que os próximos quatro anos serão tempos difíceis:
— Ninguém tem que
pensar neste momento em 2018, temos que pensar na posse da presidente Dilma e
do sinal que temos que dar a esse país. Na expectativa que a presidente Dilma
anuncie no dia 1º o que serão os próximos quatro anos do ponto de vista
econômico, das politicas sociais, de desenvolvimento, de crescimento, para que
a gente possa recuperar neste país a alegria.. É importante que a gente não
perca de vista que os tempos que virão pela frente não serão fáceis.
Os discurso da noite,
tanto de Lula e Rui Falcão, como do governador da Bahia, Jaques Wagner,
criticaram a oposição por não descer do palanque, segundo eles. E conclamaram a
militância a dar uma demonstração de força na posse da presidente Dilma,
fazendo uma grande festa popular em Brasília:
— Eu perdi 89 e todo
mundo sabe como perdi, entretanto não fiquei na rua protestando, fui me
preparar para a outra. (…) Quando a gente perdia a gente acatava o resultado.
Eles acham que a campanha não acabou. A gente não pode ficar nessa disputa com
eles. Eles fazem uma passeata um dia e a gente no outro. Ninguém aguenta. A
Dilma precisa governar. Deixa a mulher trabalhar gente, ela ganhou as eleições
— disse Lula.