Por Joaquim Haickel
Na semana passada, quando soube que o time infantil de handebol
feminino da Escola Barbosa de Godois havia se sagrado campeão dos Jogos
Escolares da Juventude (leia-se JEBs infantil, de 12 a 14 anos), em Fortaleza,
comecei a rir um riso solto, proveniente de uma alegria incontrolável, que
desaguaria em um choro miúdo, de lábios trêmulos, culminando com um grito da
mais pura erupção de felicidade e satisfação.
Quem me lê agora imaginará que um filho meu seja o treinador
dessa modalidade nessa escola ou que uma neta minha seja uma das atletas que
conquistaram esse importante feito para nosso esporte. Mas não é nada disso,
não! O motivo de toda essa minha alegria, de toda a minha felicidade e
satisfação é devido ao fato de eu ter podido contribuir um pouquinho com essa
façanha realizada pelas alunas do Barbosa de Godois.
Em 2012, em meu segundo ano como secretário de Esportes do
Maranhão, recebi um convite do professor Eduardo Teles para visitar sua escola
e ver de perto um treino de sua equipe. Fui até à Escola Barbosa de Godois para
ver as condições de treinamento das equipes de alunos atletas que ali
estudavam. Cheguei lá e encontrei um pátio de colégio, com piso de ladrilho de
cimento, em declive para um lado, com uma canaleta de esgotamento pluvial numa
borda. Não havia traves, tabelas ou redes para nenhuma modalidade esportiva,
mas haviam duas traves pintadas nas paredes, em cada lado da escada de acesso
da escola, onde os atletas treinavam chutes e arremessos a gol.
O que vi me comoveu e eu saí de lá decidido a que se nada eu
fosse capaz de fazer pelo esporte escolar de meu Estado, por aquelas crianças
tão dedicadas e por aquele abnegado professor eu iria fazer alguma coisa.
Chamei uma técnica em projetos de lei de incentivo e encomendei
a ela que fizesse um que possibilitasse instalarmos uma quadra poliesportiva
onde antes se encontrava uma gigantesca e centenária árvore. Assim foi feito.
Aprovado o projeto, apresentei à Cemar que de imediato, vendo o alcance da ação
social que isso desencadearia, patrocinou de pronto o projeto e em 2013
inauguramos a Quadra Poliesportiva da Barrigudeira, na Escola Barbosa de
Godois.
Feito isso, entregamos a obra para a diretora da escola que por
sua vez repassou-a ao professor Eduardo Teles, que já vinha trabalhando com
aqueles jovens e a partir daquele momento tinham um equipamento capaz de suprir
suas necessidades de treinamento.
Eu sempre soube que aquela pequenina obra que custou menos de R$
400 mil, seria uma das maiores obras de minha administração frente à Sedel, não
apenas por aquela secretaria ser muito pequena, com um orçamento anual pífio,
não por isso, mas porque mesmo com o investimento daquela pequenina importância
monetária, estaríamos trabalhando onde mais era preciso que se trabalhasse, na
base, de onde surgem os grandes valores atléticos de nosso país.
Agora, escrevendo este texto, ainda me vem um riso farto,
seguido de um choro surdo de felicidade, de certa forma por não ter sido capaz
de fazer mais, mas com certeza o fiz com muito amor e sempre procurando fazer o
melhor possível.
A vitória das meninas do Barbosa de Godois, de seu treinador, da
diretora da escola, de seus professores, funcionários e alunos é também uma
vitória do esporte maranhense, uma vitória de todos os nossos jovens atletas
que precisam ser apoiados e de toda nossa brava gente.
Ao ver que simplesmente cumprindo minha obrigação de gestor de
esporte do nosso Estado, plantando uma sementinha onde antes havia uma imensa
árvore, e dela ver brotar tantos talentos em forma de jovens atletas campeãs,
isso por se só solta meu sorriso e me faz sentir uma enorme satisfação pelo
simples fato de ter cumprido bem o meu dever.