PALMEIRAS X FLAMENGO
(a hora em que o tempo para)
Há dias que anunciam sua grandeza antes mesmo de amanhecer. O Brasil conhece bem esse tipo de pressentimento. De longe já é possível perceber: sábado, dia 29 de novembro, não será um sábado comum. Ao caminharmos pelas ruas, a cidade parecerá assumir outro estado de espírito. Haverá algo vibrando no ar, uma tensão quase elétrica, capaz de acelerar qualquer coração. Gente silenciosa, gente inquieta, gente que fala de assuntos banais, mas pensa só no jogo. Até o vento, se pudesse, murmuraria: está chegando a hora.
E não é uma hora qualquer — é a hora em que o tempo para.
Quando a noite enfim pousar e o apito inicial romper o silêncio, começará mais do que uma partida. Será um ritual coletivo. PALMEIRAS x FLAMENGO, FLAMENGO x PALMEIRAS — nomes que ecoam como um mantra nacional, das mesas de bar aos prédios mais altos. Um duelo que já se consolidou no imaginário como o maior clássico das Américas, e do Brasil. Um encontro capaz de suspender o tempo, congelar emoções e fazer o torcedor guardar no peito tudo o que sente: o grito, a fé, o medo, a esperança.
É sempre assim:
cada lance ameaça o equilíbrio emocional;
cada jogada bem executada devolve um fio de otimismo;
cada gol perdido deixa no ar uma pontada seca, um suspiro preso que não encontra saída; e a cada gol um explosão de sentimentos.
Por alguns instantes, o país inteiro vira um único coração.
Será o jogo dos jogos, a disputa que move multidões em busca da tão sonhada GLÓRIA ETERNA — essa entidade quase mística, rara para muitos e inesquecível para poucos afortunados.
E que vença o melhor.
E que vença o futebol.
Porque, no fim, é ele que faz o Brasil parar — e seguir vivendo.
Paul Getty S Nascimento
poeta, compositor, cronista e membro da APL - Academia Pedreirense de Letras
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