Você já
deve ter ouvido falar do cyberbullying - violência que ocorre na internet e no
celular - ou até mesmo conhecido alguém que tenha sofrido traumas psicológicos
com a atitude de agressores virtuais. O que é extremamente grave! Tanto é que
pelo Código Penal brasileiro, a vítima pode conseguir respaldo legal no
Capítulo V, Dos crimes contra a honra nos artigos de 138 a 145. Isso porque o
agressor - muitas vezes, inclusive, sob o anonimato - gera um constrangimento
direcionado a determinada pessoa com o objetivo de denegrir a imagem da vítima
em questão.
Além
disso, recentemente, a Lei 12.737/2012, apelidada de "Lei Carolina
Dieckmann", entrou em vigor para tipificar como infrações diversos tipos
de agressões que ocorrem no ambiente virtual. Neste caso, estão inclusas ainda
punições específicas aos agressores e aos que invadem computadores de terceiros
com o objetivo de obter informações privadas - e divulgá-las - sem a
autorização da vítima.
Cyberbullying
no Brasil e exterior
Segundo
pesquisa realizada em 2010 pela ONG SaferNet, para 16% dos jovens brasileiros
conectados à rede, a prática do cyberbullying representa um dos maiores riscos
da internet . O levantamento envolveu 2.160 internautas do país com idades
entre 10 e 17 anos. O estudo mostra também que 38% dos adolescentes afirmaram
ter um amigo que já foi vítima de cyberbullying.
No
Canadá, um caso que gerou polêmica em torno do assunto, em 2013, foi o da jovem
Rehtaeh Parsons. Na ocasião, Rehtaeh havia sido abusada sexualmente por quatro
adolescentes que fotografaram o episódio e postaram imagens nas redes socais. A
garota canadense, então, passou a sofrer um constante assédio cibernético de
colegas da escola e anônimos, obrigando-a, inclusive, a mudar de colégio.
Apesar
disso, nada evitou a depressão da menina. Com apenas 17 anos, Rehtaeh tentou
cometer suicídio e faleceu no hospital. O caso gerou tanta comoção no Canadá
que a província de Nova Scotia aprovou uma lei para punir este tipo de crime. O
Estado, aliás, é o único do Canadá a criar uma polícia específica que cuida dos
casos de cyberbullying.
Diferença
entre cyberbullying e bullying
A
diferença principal entre o cyberbullying e o bullying é o espaço em que as
agressões são realizadas. No bullying tradicional, a hostilidade, normalmente,
fica restrita ao ambiente escolar. Já no cyberbullying acontece em plataformas
como celulares, computadores e tablets, tudo via internet. "O bullying
tradicional pode acabar em pouco tempo. Por usa vez, o cyberbullying corre o
risco de se espalhar para um grupo muito maior de pessoas, bem como atingir um
espaço incalculável. Além disso, pela rede, nem sempre é possível identificar o
agressor", explica a terapeuta familiar Roberta Palermo.
"Na
internet, muitos apenas reproduzem ou encaminham o que receberam e acham que
esse tipo de comportamento não é uma agressão. Mas podemos dizer que, indiretamente,
essas pessoas também estão participando da hostilidade em questão. Não é apenas
uma implicância entre jovens, e sim uma agressão", reforça Roberta, autora
dos livros "100% madrasta – Quebrando as barreiras do preconceito" e "Babá
– Manual de instruções".
Para a
psicopedagoga Quézia Bombonatto, o cyberbullying é mais rápido e mais
devastador porque sai dos muros da escola e amplia essa zona de agressão,
atingindo a vítima de forma muito mais rápida e chegando a muito mais pessoas.
"Além disso, o próprio agressor se esconde no espaço virtual",
explica Quézia.
Na
avaliação da psicóloga clínica Maria Tereza Maldonado, autora do livro
"Bullying e cyberbullying – o que fazemos com o que fazem conosco?"
(Ed. Moderna), nesse caso há também uma perseguição implacável, podendo chegar
a 24 horas por dia, nos sete dias da semana. "A vítima é atacada por
mensagens de celular, filmada ou fotografada em situações constrangedoras que
podem ser colocadas na rede a qualquer momento. O agressor pode criar ainda um
perfil falso da vítima em sites de relacionamento para difamá-la ou adulterar
fotos em que ela aparece como garota de programa, por exemplo", explica a
psicóloga.
Como
identificar uma vítima de cyberbullying?
Um
sinal que pode indicar se uma criança ou adolescente está sendo vítima de
cyberbullying é a recusa de ir à escola, de frequentar passeios ou mesmo de
sair com os amigos. "Ou seja, ocorre um afastamento social de querer ficar
somente dentro de casa. O jovem pode passar a não se sentir mais seguro em
lugar algum", avalia Roberta.