Por Gastão Vieira
Este ano, mesmo no meio de uma pandemia,
participamos de um seminário virtual sobre a transição dos jovens da escola
para o mercado de trabalho. Na oportunidade pude apresentar uma pesquisa
desenvolvida pela IDados, com mais de três mil jovens de várias regiões do
país.
Entre as conclusões da pesquisa estão,
principalmente, os questionamentos sobre como esse caminho pode ser menos
tortuoso e pode passar pelo ensino técnico. Os jovens que cursam o ensino médio
técnico fazem uma transição mais fácil para o mercado de trabalho e, também,
passam menos tempo na informalidade do que os que concluíram o ensino médio
regular.
A pesquisa documenta ainda o que já é conhecido,
mas pouco considerado nas políticas públicas: trabalho gera trabalho. Quanto
mais tempo o jovem fica sem trabalho ou na informalidade, menores são suas
chances de obter emprego, e piores são os empregos que obtiver.
Agora, um outro estudo feito pela Fundação Roberto
Marinho e o Insper (Instituto de Estudo e Pesquisa) mostra que o Brasil perde
R$ 214 bilhões por ano com os jovens que não concluem a educação básica
(pré-escola, fundamental e médio).
O cálculo é inédito e aponta as consequências da
evasão escolar e da falta de prioridade para a educação, ao mensurar o custo,
em valores monetários, para o país e para cada um dos 575 mil jovens que não
concluirão a educação básica.
Diante disso, podemos dizer que as pesquisas se
entrelaçam, a partir do momento em que a qualidade do ensino e a necessidade de
procurar emprego empurram os jovens para fora da escola mais cedo. Só que
abandonar a sala de aula, antes de concluir os estudos, dificulta ainda mais a
disputa por uma vaga no mercado de trabalho.
É um círculo vicioso que só será interrompido se o
ensino médio geral for finalmente implantado…. Se o ensino médio técnico for
uma prioridade. O ensino médio geral leva para a universidade, o ensino médio
técnico, sozinho, leva prioritariamente para o ensino superior e o técnico para
o emprego.
É preciso mudar a realidade atual, focar no que vem
por aí pós-pandemia. Descobrir formas de manter o jovem na escola e,
principalmente, tentar diminuir essa evasão com ensino de qualidade em todos os
sentidos. Talvez criar uma forma de aprendizado que proporcione a todos os
estudantes a escolha do próprio caminho com as mesmas chances de disputar uma
vaga no mercado de trabalho ou seguir uma carreira acadêmica.