Integrante da
campanha de Aécio, o deputado Duarte Nogueira (PSDB-SP) diz acreditar que a
mais recente pesquisa não teria captado ainda os efeitos do apoio de Marina e
da família do ex-governador de Pernambuco, Eduardo Campos, declarados no último
fim de semana. O deputado diz que o PT está usando uma estratégia agressiva
porque está “desesperado” e que, mesmo assim, Aécio se mantém estável nas
pesquisas. Duarte lembra, porém, que é preciso usar “sandálias da humildade” e
evitar euforia de vitória antecipada.
— As pesquisas não
captam o ato reflexivo do eleitor na reta final. A pesquisa que antecedeu a
eleição mostrou isso claramente. Aécio vai crescer muito mais porque tem a seu
lado o eleitor indignado com a corrupção, a inflação, o país que não cresce —
afirmou.
O presidente do PSDB
de Minas Gerais, deputado Marcus Pestana, afirma que, apesar da campanha de
“vale-tudo” que acusa do PT de estar fazendo, Aécio irá subir nos próximos
levantamentos, e destaca que a campanha tucana continuará investindo em temas
para polarizar contra o PT, como mudança na forma de fazer política, situação
da economia, corrupção, em particular na Petrobras, gestão e liderança para
executar reformas necessárias.
— Acho que os
institutos estão com uma postura conservadora de não apostar em viés de
decisão, mas temos notícia de uma situação mais favorável para o Aécio. Tivemos
uma semana ainda não totalmente drenada pela sociedade, com o anúncio de apoio
de Marina e da família Campos, o PSB, que ainda vai produzir um efeito grande.
E teve uma pancadaria do PT em cima do Aécio, uma campanha extremamente
radical, raivosa, mostra que eles sabem que estão muito atrás — pontuou
Pestana.
DILMA NÃO FALOU TUDO
AINDA, DIZ O DEPUTADO PETISTA VICENTINHO
O líder do PT na
Câmara, deputado Vicentinho (SP), afirmou que o resultado da pesquisa traz
alívio para os petistas, que tinham uma expectativa de que os recentes anúncios
de apoio a Aécio tivessem uma repercussão já neste levantamento. O deputado dá
o tom de que o PT deverá continuar partindo para o ataque contra o tucano.
— Essa eleição vai se
definindo a cada momento, a recomendação à militância é trabalhar até o último
minuto a eleição da Dilma. Os dados trazem um alívio, pelo que se ouvia dizer
por aí parecia que Aécio estava com 70, e Dilma com 30. Se está empatado, então
é bom. Mostra que tem gente do PSB e da Marina se dividindo. Aécio está usando
a mesma postura da Marina, tentando se colocar como vítima, e isso é ruim para
ele. O povo não é bobo, o que a presidente Dilma fala tem comprovação,
documentos, e o debate serve para isso. E ela não falou tudo ainda! — ameaça o
petista.
O senador Humberto
Costa, líder do PT no Senado, também comemorou o resultado. Para Costa, o
acúmulo de fatos positivos ocorridos nos últimos dias para Aécio, com o anúncio
de apoios e os fatos negativos para Dilma, com mais denúncias de corrupção na
Petrobras poderiam ter produzido uma vantagem para o tucano, o que acabou não
ocorrendo neste último levantamento.
— Achei excelente o
resultado, pode até ser estranho, mas ao longo da última semana Aécio só
acumulou fatos positivos e nós alguns negativos. Tudo que aconteceu semana
passada foi favorável a ele. E mais, a rejeição dele cresceu e acho que depois
do debate de ontem a tendência é a gente abrir vantagem — defende Costa.
Dilma, que aproveitou
o Dia dos Professores para saudar a categoria, também reiterou os dados negativos
sobre o governo de Minas, comandado por Aécio por dois mandatos, ditos no
debate da véspera na TV Bandeirantes e questionados pelo adversário.
"Eu posso
receber todas as criticas, durante muito tempo, escutar barbaridades e ter que
achar que isso faz parte da democracia... O candidato, de fato, não está
acostumado a ouvir críticas, como vocês mesmo divulgam, que ele foi blindado no
governo dele em Minas", disse a presidente em referência a denúncias de
que Aécio controlaria a imprensa mineira quando governador.
"Os números que
demos (no debate) são verdadeiros... Falar que tudo é mentira é uma forma de se
furtar ao debate", disparou.
Ela voltou a dizer
que, quando governador, Aécio não cumpriu os investimentos mínimos em saúde e
educação previstos pela Constituição, reiterou que os indicadores de
criminalidade do Estado pioraram no governo tucano e voltou a falar das
denúncias de irregularidades na construção de um aeroporto na cidade de
Claudio, que teria beneficiado sua família.
"Todos os dados
que eu falei são comprovados. O dado deles não terem cumprido o mínimo
obrigatório por lei para educação e saúde está no site do Tribunal de Contas do
Estado e eles foram obrigados a assinar um termo de ajustamento de gestão que
eles deviam 8 bilhões de reais, em saúde era 5,7 bilhões", disse Dilma.
"As informações
relativas ao aeroporto de Cláudio, não inventei, isso está nos jornais e a
questão relativa ao crescimento da taxa de homicídios... está no Mapa da
Violência", comentou.
No debate de terça,
Aécio acusou Dilma de mentir por várias vezes. Ele chegou a chamar a presidente
de leviana quando ela o questionou sobre denúncias de irregularidades na
construção do aeroporto em Claudio.
Nesta quarta, a
campanha tucana divulgou nota de esclarecimento do Tribunal de Contas do Estado
de Minas Gerais em que o órgão afirma que as contas do período que Aécio
comandou o governo local, entre 2003 e 2010, foram aprovadas por unanimidade e
que o governo cumpriu os mínimos constitucionais para saúde e educação no
período.
Em outra nota divulgada no site do
TCE, mas não pela campanha tucana, o tribunal mineiro informa também que, por
conta de uma alteração na lei que determina o que pode ser considerado gasto em
saúde, foi feito um Termo de Ajustamento de Gestão (TAG) para as contas de
2012, quando o governador era Antonio Anastasia (PSDB), afilhado político de
Aécio que o sucedeu no governo mineiro.
EMPREGO E PROFESSORES
Além das críticas ao
seu adversário, Dilma comemorou a geração de 123.785 empregos em setembro,
apesar de os dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged)
divulgado pelo Ministério do Trabalho nesta quarta-feira representarem o pior
mês de setembro em 13 anos.
"Gerar isso em
uma das maiores crises do mundo e que volta a apertar, mostra como a nossa
situação é diferenciada. A Alemanha, a maior economia da União Europeia,
sofrendo recessão, perda de empregos", disse Dilma.
A presidente destacou
uma reunião de abril passado do G20 que apontou a existência de 100 milhões de
desempregados nas principais economias do mundo.
"Conseguimos,
desde 2008 até agora, chegamos a 12 milhões de empregos, só contando o meu
governo chegamos a 5,784 milhões de empregos formais."
A candidata
cumprimentou os professores pelo seu dia e voltou a falar das realizações de
seu governo na educação, como a aprovação de uma lei que destina os royalties
da exploração do petróleo na camada pré-sal para a educação.
"O Brasil tem
que valorizar mais os professores. A minha proposta de governo coloca a
educação no centro de tudo para garantir que a desigualdade social
diminua", disse.
"Hoje no Brasil
faltam professores e temos que mudar essa realidade. Demos um passo imenso com
a lei que destina 75 por cento dos royalties do petróleo e 50 por cento do
fundo social para educação, transformando uma riqueza finita numa riqueza
permanente", acrescentou