segunda-feira, 1 de outubro de 2018

GRAMIXÓ - SEM KI-SUCO E SEM PÃO

Sim, as gerações. Elas se multiplicam, somam, se dividem, se locupletam, mas, infelizmente, elas também se extinguem, aí, felizmente, para a perpetuação da história.

Sem nenhum acervo cultural, histórico, sem nenhum pesquisador de oficio, sem nenhum historiador, Bacabal, nesse imenso tabuleiro de um disputado jogo entre a vida e a morte, vê inerte, a morte levar grande vantagem, e peças importantes desse embate, estão sucumbindo e arrastando com elas, histórias que também decomporão na acidez e na frialdade da terra. Morreu Apolônio Cutrim, o popular Gramixó, um dos últimos contadores da nossa rica/empobrecida história.

Eu, particularmente, antropólogo por conveniência, historiador por consanguinidade, escritor por necessidade, poeta por curiosidade, cantor e compositor por birra, jornalista por sobrevivência, tenho tentado ao máximo, com poucos ou nenhum recursos, ao longo de todos os meus anos de existência, colecionar fragmentos para, pelo menos, formar uma história dessa terra de tantos filhos ilustres e importantes.

Uma dessas coleções, que transformei em crônicas e participei do concurso literário "Prêmio Gonçalves Dias" com o nome de "Bacabal- Cenas de um Capítulo Passado" e fui vencedor, conta histórias e estórias hilárias do povo de Bacabal, o que no coração da matutice  é conhecido como causos, um grande trabalho, de grande relevância e mérito cultural e de reconhecimento zero por parte das autoridades constituídas.

Agora, como estou Secretário Municipal Adjunto da Cultura de Bacabal, pelo menos, com essa condição, ou melhor, status, tenho feito um trabalho de grande pesquisa e já escrevi mais de quinhentas histórias que se somarão com as do livro "Bacabal - Cenas de um Capítulo Passado" e formará o livro para o centenário de Bacabal "Confesso que ví, ouví e até vivi". Nas duas peças muitas histórias contadas por Gramixó.

Passei uma semana em São Luís para aumentar o meu leque de conhecimento e colher material para o livro de poesias que pretendo, como secretário adjunto de cultura, fazer com 100 poetas e já colhi material de bacabalenses como Otávio Filho, Lereno Nunes, Serrão, Rinaldo Nunes, Osvaldino Pinho, Flávia Cristina, Antônio Ailtom, Henrique Nunes e muitos outros ainda estão a elaborar obras com inspiração e muita bacabalidade. Trabalhar os cem anos da minha cidade, é a minha única proposta, e o tempo é muito curto.
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É aí que entra o fenecimento de Gramixó. Já tinha começado a escrever as histórias que me interessavam para a proposta do centenário de Bacabal. Ele conhecia muito. Gramixó, foi uma espécie de paizão, o conheço desde criancinha quando colegial. Era parada obrigatória para o ki-suco com pão depois da aula. Bolo, dim-dim, salada de frutas, refresco, chá, cachaça, refrigerante, cerveja, miudaria de mercearia e o principal item da prateleira, a pimenta engarrafada com soro de leite, azeite de coco, vinagre, leite de coco, água de cuxá e preparada no limãozinho, o que deu o nome ao seu comércio "Casa Pimenteira".

Quem conheceu Gramixó, conheceu a sua luta. Pequeno comerciante, mas de grande freguesia. Sempre muito visitado, e a sua calçada, sob um pé de jambo nas tardes/noites era muito disputada  para discussão, principalmente sobre politica, com os velhos grisalhos  e os novos aprendizes. Era o famoso Senadinho do Gramixó"
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Gramixé e seu filho mais velho

Amigo fiel do senador João Alberto, Gramixó há bem pouco tempo, perdeu sua companheira, a senhora Cícera e daí em diante começou a receber pressão do filho mais velho para partilhar os bens, viu o mesmo ir para as TVs locais falar asneiras sobre seus amigos e com isso lhe agredir, alem de, também, lhe agredir fisica e moralmente com os mais esdrúxulos insultos e com isso o velho Gramixó acabou não resistindo. Seu coração parou de bater aos oitenta anos, mas com uma juventude bastante acentuada.

Ele deixa muitas saudades e leva consigo histórias que nunca serão contadas, uma pena e uma perda para uma cidade que completará em pouco mais de um ano, o seu centenário . mas o seu nome nunca será esquecido, é uma marca.

Morreu Apolônio Cutrim, mas o Gramixó é eterno.

Que a terra lhe seja leve. Vá em paz e apimente as ceias do céu. Deus está contigo.
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Dr. Auto Cutrim, Zé Lopes, Lelé e Gramixó

Um comentário:

  1. Antonio Cutrim nunca prestou é não presta. Pelo que percebi ele matou Gramixo. Sou Daiane Cutrim, infelizme filha desse picareta.
    Só lamento pelo Gramixo.

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