Um novo vírus que ataca o sistema respiratório e se
espalhou a partir da região de Wuhan, na China, preocupa o planeta. Ele
pertence à família dos coronavírus, um grupo que reúne desde agentes
infecciosos que provocam sintomas de resfriado até outros com
manifestações mais graves, como os causadores da Sars (sigla em inglês para
Síndrome Respiratória Aguda Grave) e da Mers (Síndrome Respiratória do Oriente Médio).
Falamos de uma ampla família de vírus, que acometem
praticamente todas as espécies, de répteis a mamíferos, De acordo com as
investigações ainda em andamento, o novo coronavírus, que afeta mais de 800
pessoas e matou pelo menos 26 até o momento, pode ter origem em serpentes ou
morcegos — inclusive se especula que a ingestão de um desses animais teria
originado o surto. Apesar de um estudo chinês ter encontrado uma relação do
novo coronavírus com cobras, não existe consenso entre os cientistas sobre a
origem da doença. Muitos apostam que outro animal possa estar envolvido com o
início do problema na China.
O fato é que coronavírus diferentes podem sofrer
mutações e se recombinar, dando origem a agentes inéditos. Pulando entre
espécies animais (os hospedeiros), eles eventualmente chegam aos seres humanos.
É um processo que tem semelhanças com o que acontece na gripe. Na gripe suína,
um porco pegou o vírus de aves e, na recombinação de vírus diferentes dentro do
animal, surgiu um H1N1 que conseguiu passar para os seres humanos.
Tudo leva a crer que o novo coronavírus tenha sido
originalmente transmitido para o ser humano de um animal e ainda esteja em processo
de evolução e adaptação. Embora a transmissão de uma pessoa para outra já tenha
sido detectada, até agora não está clara a importância da transmissão inter-humana.
Seguindo o padrão dos coronavírus, e a perspectiva
de o agente aperfeiçoar sua propagação entre os humanos, existem algumas vias
principais de transmissão. Os coronavírus normalmente são transmitidos pelo ar,
por meio de tosse ou espirro, contato pessoal próximo ou com objetos e
superfícies contaminadas.
O que o novo coronavírus faz e
quais seus sintomas?
Pesquisadores e autoridades de saúde estão
mobilizados em entender melhor o comportamento desse agente infeccioso e evitar
sua disseminação geral. No entanto, a Organização Mundial da Saúde (ainda) não
decretou uma emergência global. Mesmo assim, o Brasil e outras nações deram
início a um plano de vigilância e contenção de casos suspeitos — por ora não há
episódios confirmados por aqui.
Mas falamos de um vírus perigoso? O número de
vítimas na China fez soar o alerta, sobretudo para o risco de pneumonia
e insuficiência respiratória em pessoas mais velhas e que já tenham outras
doenças. O novo coronavírus causa, em geral, sintomas respiratórios mais leves
que os da Sars e da Mers e os sinais clínicos mais referidos são febre e tosse.
Até o momento, a letalidade também é menor que a associada a Sars e Mers.
A Sars é uma condição causada por um coronavírus
diferente cujos primeiros relatos surgiram também na China em 2002. Ela se
disseminou rapidamente por mais de 12 países na América do Norte, América do
Sul, Europa e Ásia, infectando mais de 8 mil pessoas e causando em torno de 800
mortes antes de a epidemia ser controlada em 2003..
Em 2012, por sua vez, outro coronavírus disseminou
o terror na Ásia. Esse foi identificado inicialmente na Arábia Saudita e se
alastrou pelo Oriente Médio, afetando pessoas que circularam pela região.
Provocava um colapso respiratório e ganhou o noticiário com a sigla Mers.
Tanto o vírus
da Sars quanto o da Mers parecem mais mortais que o novo coronavírus de Wuhan, a
letalidade chega a 10% dos casos na Sars e a 40% nos episódios de Mers.
Os óbitos ligados ao atual coronavírus têm
acontecido em indivíduos que já possuíam doenças associadas. Quanto ao contágio,
ele ainda se restringe a cidades na China e a viajantes que vieram dessas
regiões.
Todos os casos detectados até agora têm histórico
de moradia ou deslocamento em Wuhan, na China. Mesmo os episódios fora desse
país tinham vínculo com a cidade chinesa.
A atenção da OMS e das autoridades não é em vão. Possivelmente
o vírus ainda se encontra em processo de mutação e nosso organismo não tem
mecanismos de defesa para combatê-lo adequadamente. Na ausência de uma vacina
ou de um tratamento específico, o melhor conselho é evitá-lo mesmo.
Como se proteger?
Para os brasileiros, não há motivo para alarmismo.
Cabe frisar: todos os casos da doença têm relação direta com os territórios
chineses acometidos, que inclusive já foram isolados. Por aqui, um episódio
suspeito em Belo Horizonte já foi investigado e o veredicto é que não se tratava
do problema.
Pessoas que apresentam sintomas respiratórios e não
tenham passagem por essas áreas de circulação do vírus nem contato com casos
suspeitos ou confirmados não precisam se preocupar.
A primeira medida de prevenção é evitar viajar a
Wuhan e região, bem como a cidades que possam vir a alojar surtos. Se inevitável,
é aconselhavel algumas medidas básicas de proteção, que inclusive se aplicam a
outros agentes infecciosos transmitidos pelo ar e por gotículas de saliva:
·
Evite
aglomerações e contato próximo com outras pessoas
·
Cubra o
nariz e a boca com lenço descartável ao tossir ou espirrar (e descarte o
material em local adequado)
·
Lave as
mãos a cada duas horas e principalmente após passar por estabelecimentos ou
transportes públicos
·
Procure
não tocar olhos, nariz e boca
·
Não
compartilhe copos, toalhas e objetos de uso pessoal
·
Dependendo
do local, compre e use máscaras que cobrem boca e nariz
Por Dr. Otávio Pinho Filho
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