quinta-feira, 4 de abril de 2019

PARABÉNS BACABAL PELOS TEUS 99 ANOS - ZENEIDE MIRANDA

Quando os anos setenta davam seus últimos suspiros, nascia cheio de gás, influenciada pela música inglesa e americana, o iê iê iê brasileiro, recheado de batidas e guitarradas. Com essa novidade, surgiram as bandas de baile, que na época eram chamadas de conjunto. Alinhados com as brevidades, três empresários e também grandes músicos locais investiram na ideia e aí surgiu para Bacabal, para o Maranhão e para o Brasil o Brito Som Seis, de propriedade do saxofonista Zé de Brito ou Palito, como era conhecido e também o Carlos Miranda Show, do saxofonista Dionézio Miranda e do trombonista Zezico, que depois apartou a sociedade e tocou o grupo.
Zezico - proprietário do Carlos Miranda Show
Carlos Miranda Show e Brito Som Seis cerravam disputas, tinham fãs, admiradores, seguidores e detinham grandes músicos como Waldeci, Manga, Lifanko, João, Nereu, Pipira, Zé Luis, Hortêncio, Paulo, Netinho, Gigante, Babichico, Edmar, Josa, Tchaka, Chiquinho tecladista, Dominguinhos, Manoel The Pop, dentre outros, tinha também a mulher da voz mais bela do seu tempo (até hoje canta e encanta), a conhecidíssima Zeneide Miranda, cantora oficial do Carlos Miranda Show.
Dona de uma voz forte, Zeneide sempre teve domínio sobre ela e era suave quando precisava, áspera, rouca, limpa, suja, grave, aguda, sempre interpretou com maestria a música escolhida.
Da mesma forma em que canta um samba da ícone Alcione, canta um forró da Marinês ou mesmo da Anastácia ou um rock da Rita Lee e quando a coisa rolava para uma dança bem agarradinho, ela arrasava com as baladas românticas de Joana, Fafá de Belém, Gal Gosta, Maria Bethania, Elizete Cardoso, Ângela Maria, Núbia Lafaiete e outras cantoras de sucesso.
Revezando entre os dois principais clubes sociais da época, Vanguard e Icaraí, Zeneide era o próprio carnaval de salão e cheia de Balancê Balancê, fazia os casais e os demais foliões, darem voltas no salão nos quadro dias de festa. Ai quarta-feira ingrata, chega tão depressa, só pra me contrariar
Mas essa gigante da nossa música não ficou e nem fica só nos tempos da brilhantina, nos tempos das bandas de baile. Zeneide viajou, foi até chamada para assinar contrato com uma gravadora e também participou de vários Festivais de Musica como o FIC – Festival Intermunicipal da Canção – Bacabal, inclusive recebendo várias premiações.
CD Lembranças de Zeneide Miranda

Entre projetos de grande envergadura dessa Bacabalense, consta o CD “Lembranças” o melhor em seresta, onde ela interpreta os maiores clássicos da Música Popular Brasileira, incluindo aí, “Nosso Bolero” de autoria  do cantor e compositor Perboire Ribeiro, canção que também está no CD “Todos Cantam Sua Terra”, uma produção de Zé Lopes para os 90 anos de Bacabal.
No CD Zeneide também canta preciosidades como Tudo acabado, Marcas, De igual pra igual, A mulher ideal, Ronda, Amendoim Torradinho, Lama, Além da Cama, Ouça, Nem Morta, A Loba e também a canção que dá nome ao CD, Lembranças.
Zeneide segue cantando e encantando, fazendo noites, como se diz no popular musical, e é hoje a cantora mais requisitada para as festas da cidade e região, tanto faz acompanhada com um simples teclado ou com a sua própria banda.
Zeneide é a nossa divina, é a nossa referência, é um orgulho que Bacabal reconhece e a extensão de sua voz alcançará sempre o sucesso, para todos os séculos e séculos sem fim.

HISTÓRIA DE BACABAL - ADIVINHAÇÃO


ADIVINHAÇÃO
          Seu Chico Moraes estava com a vida atribulada, nada dava certo e ele colocou a culpa de todos os problemas em questões espirituais. Comentando com um amigo, ele foi instruído a ir na casa de Madame Iracema, uma cartomante, que como todos diziam, adivinhava tudo. Chegando na casa da tal mulher, ele deparou-se com uma placa que dizia:
 
MADAME IRACEMA
ADIVINHA TUDO
 
Seu Chico respirou bem fundo, bateu na porta e lá de dentro Madame Iracema gritou:
 
-Quem é que está batendo?
 
E seu Chico dando meia volta falou:
 
 - Essa aí não advinha é nada.
 

BACABAL CULTURA.SEM - POESIA - CIDADE SITIADA



CIDADE SITIADA

 

Carrego entre os dentes

A faca cega e enferrujada da história

Que me contaram sobre as histórias

De uma cidade

Que nasceu em pencas como a banana,

Madurou em cachos como o arroz

E viajou em fardos como o algodão.

 

Cidade que se prostituiu nas noites,

Nos cabarés e prostíbulos

Da Rua 28 de Julho,

No Mufumbo, na Rua dos Prazeres,

No Buraco do Tatu, na Rua Rui Barbosa,

Nas Três Marias, na Rua Djalma Dutra,

No Preto Oito, na Rua Luis Domingues.

 

Cidade que acordava

Com o barulho das usinas

E com o cheiro de cuim e xerém.

 

Cidade que se acalentava

Ao som das sirenes das fábricas,

Ao som do apito da Polar

E de outras lanchas e batelões.

 

Trago em minha cabeça

A rodilha dos anos,

Um velho chapéu de palha,

Amassado e carcomido

Pelo peso das lembranças

Dos tabuleiros de quebra-queixo,

Das tábuas de pirulito,

Das bandejas de pão doce,

Das bacias de cocada,

Dos sacos de algodão doce,

Das caixas de picolé,

Dos carrinhos de sorvete,

Do tambor de chegadinho cavaco chinês,

Da maleta de Cuscuz Ideal.

 

Ainda alimenta as lombrigas dos meus primeiros anos

A doce lembrança do sabor

Do Picolé Jeneve, do Refresco Topogigio  

Do refrigerante Grapette, Citrosuco


Do Bombom São João, Pipper, Estramitte,

O sabor caseiro do alfinim, do puxa-puxa,

Da chupeta, da raspadinha, do suspiro,

Do mingau de milho, da canjica,

Da pamonha, do mungunzá.

 

Trago em meu corpo

As cicatrizes deixadas pelos cacos de vidro,

Pregos enferrujados, pedras de baladeira,

Quedas de árvores, topadas, esbarrões,

Arranhões deixados pelo asfalto,

Pelo cimento das calçadas,

Matos espinhentos e arames farpados.

 

Ainda está lá na beira do Rio Mearim

A marca dos meus pés

Moldada no barro da inocência.

Ouço no fundo perdido da minha criancice

O barulho das águas quando pulava de ponta,

Quando jogava cangapé, virava pulitrica,

Tocava borá, batia canapum ,

Passava rasteira e dava cambita.

 

Tudo está vivo, escondido n’algum lugar!!!

Na velha casa onde eu nasci

E que ainda se mantém de pé,

No quintal carente de infância,

Debaixo da ponte, nas praças,

Nos bueiros e nas galerias.

No Bêco da Bosta, nas ruas do Fio,

Do Axixá, do Maxixe, da Ponta Fina,

Do Tecelão, da Mangueira, da Bacabeira,

Do Quebra Coco e da Salvação.

 

Procuro sob a palha do arroz,

Sob a borra de coco babaçu,

Sob o rejeito do algodão,

Sob o bagaço da cana

Das inúmeras usinas.

Procuro no escuro dos cinemas,

No pátio dos colégios

Nos jardins das praças,

Nos barracões das escolas de samba.

 

Está vivo

Procuro e não acho esse passado bonito

Que a vida fez questão de esconder

Mas que ninguém foi capaz de procurar.

 

Bacabal Alves de Abreu Sousa Silva de Mendonça e da Infância Perdida 

BACABAL CULTURA.SEM - POESIA - DEIXA-ME


 

 DEIXA-ME

 

Deixa-me falar contigo

Perguntar sobre teus filhos,

Saber tuas coisas,

Revirar teu passado.

 

Deixa-me correr perigo

Nadar no teu rio

Desbravar tuas matas

Escrever tua história.

 

Deixa-me sentar na praça,

Beber cachaça na rampa,

Pular na palha de arroz

Nos terreiros das usinas.

 

Deixa-me ligar o motor de luz,

Tocar o sino da igreja

Andar de patinete, de carroça

E brincar de viver.

 

Deixa-me ruminar as lembranças,

Ser de novo a criança

Que apanhava da mãe

E batia na vida.

 

Deixa-me engolir o ontem,

Inventar um hoje

E pular de cabeça

Nas águas do teu amanhã impensado.
 
 
Zé Lopes

Do Livro - Bacabal Alves de Abreu Souza Silva de Mendonça e da Infância Perdida.

MDB PERDE ASSIS RAMOS PARA O DEM


O deputado federal Juscelino FIlho (DEM-MA) confirmou, nas redes sociais, o desembarque do prefeito de Imperatriz, Assis Filho no Democratas.
Eleito prefeito pelo MDB, Assis Ramos está trocando o partido da ex-governadora Roseana Sarney pelo DEM que integra a base de apoio do governador Flávio Dino.

“Quero dar as boas-vindas ao prefeito de Imperatriz, prefeito Assis Ramos, que acertou seu ingresso ao Democratas. Tenho certeza de que o nosso partido será ainda mais forte no cenário estadual com a chegada deste importante gestor aos quadros do DEM.”, destacou Juscelino.

O presidente da legenda do Maranhão destacou a presença de lideranças do Democratas no anúncio da chegada de Assis Ramos ao partido.

“Além de mim, a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, o ministro da Casal Civil, Onyx Lorenzoni, e o presidente do Democratas e prefeito de Salvador, ACM Neto, fizeram questão de parabenizar o mais novo democrata”, finalizou.

FLÁVIO DINO - HARVARD, AQUI VOU EU


Mesmo diante de tantos problemas em todo o Maranhão, ocasionados pelas fortes chuvas que seguem caindo, o governador Flávio Dino (PCdoB), demonstrando uma preocupação enorme com a situação do Estado e dos maranhenses, está de malas prontas para os Estados Unidos, mais precisamente para Harvard.

Nos EUA, Dino irá proferir duas palestras, sobre alguns assuntos, como: sistema penitenciário, finanças púbicas e políticas educacionais.


Já sobre a situação do Maranhão e a crise envolvendo os aprovados no concurso público da PM, que seguem acampados em frente ao Palácio dos Leões, aguardando a nomeação dos 1.800, não apenas de 300, as “bombas” caíram no colo do vice-governador, Carlos Brandão (PRB).


Professores – O governador, antes de embarcar para os EUA, voltou a reafirmar que os professores do Maranhão são os mais bem pagos de todo o Brasil. O comunista assegura que o professor maranhense ganha mais que o dobro que os demais professores de todo o Brasil.

quarta-feira, 3 de abril de 2019

BACABAL CULTURA.SEM - POESIA - B ACABAL SEGUNDO A POESIA


BACABAL, SEGUNDO A POESIA


 

És bela, não aos olhos do homem

Mas do poeta

Que te viu mato e areia

Enchentes, medonhas cheias

Cercada de vicinais

Império de algodoais

Usinas e arrozais

De verdes canaviais

Enormes babaçuais

De “ais” de tanto sucesso

Do mal chamado progresso

Que te fez selva de pedra

Um pouco de tudo que medra

Pelo tino da grandeza

És hoje uma fortaleza

Altiva e altaneira

Próspera e hospitaleira

Berço de ambição

Busca de solução

És do mundo a primeira

A ter duas padroeiras

Terezinha e Conceição

Que na fé da oração

Te fez tão religiosa

A árvore mais frondosa

Carregada de fiéis

Que ajoelham aos santos pés

Da santa filha da terra

Caminhada que se encerra

Ali na beira da estrada

Onde amanhece calada

E anoitece iluminada

Pela luz que nos permite

Na capela solitária

Pelos devotos de Edite

A milagreira dessa gente

Que de tanta dor não sente

Os cravos do sacrifício

Escravos do mesmo ofício

Da esperança derradeira

Que assim de tão rotineira

A vida perdeu o rumo

Passando fora do prumo

N’um vai e vem inconstante

Como a balsa que distante

Só precisa da corrente

Das águas do manso rio

Pra vencer o desafio

E chegar ao seu destino

Pela voz de um menino

Que ali entre biscates

Camelôs e engraxates

Prostitutas, sacoleiras

Vai fazendo a sua feira

Vendendo doces, besteiras

Churrasquinho no palito

Pão doce e picolé

Cocada e sacolé

Quebra-queixo e pirulito

Ganhando a vida no grito

Num tum-tum cansado e aflito

Das lanchas, dos batelões

Peões carregando a dor

Nas costas do estivador

Que canta uma moda triste

Para esquecer que existe

O peso de todo dia

Nas cargas dentro da estopa

No suor que encharca a roupa

Roupa que enche a bacia

O fardo da lavadeira

Que n’um tronco de madeira

Com um cacete na mão

Bucha, anil e sabão

Vai lavando a sujeira

Quarando sua canseira

Estendendo sobre as plantas

No sobe e desce das rampas

Por cima do mussambê

Barro, areia, massapé

Pulitrica, mortal, cangapé

O prego, o vidro no pé

A arte da meninice

Que aos beliscões de Elisa

E a palmatória de Alice

Aprendia o A,B,C

Soletrava o bê-a-bá

Salteava a tabuada

Trazia a lição decorada

Escrevia tudo, era só ditar.

Iranize fez o hino

E os livros de Brasilino

Com seus versos, poesia

Enchia de alegria

Um recital que ensina

A aprender Anrelina

A poetisa mulher

E n’um pequeno papel

Nossa Cledy Maciel

Escrevia um texto inteiro

Como um verso primeiro

Com carinho, sem igual

Refletindo uma saudade

De uma crescente cidade

Que se chama Bacabal.
 
 
Zé Lopes
 
Do livro - Bacabal Alves de Abreu Souza Silva de Mendonça e da Infância Perdida.

PARABÉNS BACABAL PELOS TEUS (99ANOS - CHICO LACERDA


“A gente pega o coco, pega o coco babaçu, quebra o coco com machado, deixa o coco todo nu” . Ele é  o cantor das palmeiras, das caeiras e quebrou o coco babaçu da vida e transformou-o em canção e no pilão das horas, socou suas amêndoas, e dali retirou o tão badalado “leite de coco”, que  usa como tempero complementar para dar mais sabor as suas composições.
Bacabalense da gema, ele foi um dos primeiros artistas locais a entrar em estúdio e a gravar, na época, um compacto simples, onde teve como carro chefe o até hoje sucesso, “Caeiras”. Esse artista é Chico Lacerda.  Carismático, de voz encorpada e grave, sempre com seu violão, ele é um poeta que marcou gerações e seu estilo inconfundível de falar das coisas de sua terra, lhe capacita a ser um orgulho que Bacabal tem a reverenciar.
Iluminado pela luz de suas próprias canções, Chico Lacerda é um pouco sertanejo, é um pouco caboclo, é um pouco matuto, é um pouco malandro, é um pouco boêmio, é um todo canção. Compositor que não se atém a um gênero especifico, ele vai longe demais e num simples samba, onde ele poderia usar toda sua malandragem, ele usa sua saudade e solidão ao dizer quem vem das baixadas onde canta a juriti.
Musical, literalmente musical, esse poeta do dia a dia, tem uma grande facilidade para escrever o amor pela sua filha, pela sua esposa, pela sua cidade, pelos seus amigos, pelas coisas do cotidiano e até pelo tradicionalmente moderno e atual. Ele foi tema de samba de enredo da Escola Unidos do Bairro d’Areia, numa composição de Abel Carvalho, Paulo Campos e Zé Lopes.
Chico tem um trabalho autoral lindíssimo, já participou de muitos festivais, já compôs para gente famosa e entre tantos sucessos, “Serra Pelada”, gravada pelo extinto grupo “Os Canários do Norte”. Famoso na região, ele voou para Goiás onde canta, encanta e é cantado e há alguns meses atrás, ele foi figura marcante no programa “Caldeirão do Rulck”, onde levou seus filhos ao estrelato.
Chico, além do compacto simples, tem gravado o LP em vinil “O Preço da Paz” , canção da dupla “R. Cavalcante e Perboire Ribeiro”, que voltou à tona, agora, em duas versões no novo CD de Chico Lacerda, que adotou o cognome de “O Robim Hood do Serrado”, nosso herói bacabalense que atira flechas musicais e acerta o alvo do sucesso

Na casa de Chico Lacerda, todo mundo é bamba, todo mundo toca, todo mundo canta, xote, sertanejo, forró, balada e até samba.  A música de Chico tem a beleza dos olhos azuis de “Patricia”, a amabilidade de Cida, sua esposa, a riqueza que existiu em “Serra Pelada” e o calor de todas as “Caeiras”, que um dia fizeram de “Bacabal”, uma cidade tocada nas rádios.
 

HISTÓRIA DE BACABAL - UM MINUTO DE SILÊNCIO



UM MINUTO DE SILÊNCIO

Domingo a tarde, casa cheia para ver BEC – Bacabal Esporte Clube e Vasco da Gama. Começo de jogo no Correão, o locutor Osmar Noleto deu as escalações dos times e o juiz observou um minuto de silencio.  Passando o microfone para o comentário inicial, o senhor Hélio Santos falou:


- Pois é, vocês acabaram de ouvir......” um minuto de silêncio”.

HISTÓRIA DE BACABAL - TAMANHO FAMÍLIA


TAMANHO FAMÍLIA
 
 
Seu Chico Moraes, domingo de tarde, juntou suas afilhadas, netas e sobrinhas e foi até uma pizzaria. O garçom perguntou o que ele queria. Alheio às modernidades, ele olhou para as meninas e elas disseram que queriam pizzas. Na época, a novidade era Coca-cola tamanho família. O garçom anotou os pedidos e perguntou o que as meninas queriam para a entrada, o que ligeiramente responderam – Coca-cola. Ao se distanciar, o garçom viu que tinha meninas demais, olhou pra trás e perguntou:
 
- - Seu Chico, é família?
 
E  seu Chico furioso, gritou:
 
- É não, filho da puta, é tudo quenga que eu trouxe do cabaré pra vir comer aqui.