MINHA
AVÓ
Minha avó
Lavava no rio pela manhã
A roupa dos ricos da época.
À tarde, com um ferro a carvão
Passava toda aquela roupa.
Era sdua rotina diária,
Uma grande bacia
Sobre a rodilha
Em sua cabeça branca,
Sabão em barra,
Um cacete
E uma boneca de anil.
Minha avó lavava a sujeira dos outros
E buscava nas casas
As sobras de comida, a babugem
Para alimentar os porcos
Que ela criava no chiqueiro
No fundo do quintal.
Minha avó trazia no seu sorriso postiço
Um dente de ouro,
Nos pés um
chinelo de couro
E quando terminava a sua labuta diária
Pitava o seu cachimbo de barro
Com piteira de taquari
E na fumaça de fumo de rolo
Vi a corda que amarrou sua vida
Dentro de um casebre
Cercado de sonhos
Coberto de céu
E iluminado pelas estrelas.
Zé Lopes
Do livro “Bacabal Alves de Abreu Souza Silva de
Mendonça e da Infância Perdida
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