Por: Dr. José Ribamar Viana
Em uma brilhante alusão sobre a
importância do trabalho para o ser humano, o poeta Olavo Bilac, no poema
"O Trabalho" assim asseverou: "Tal como a chuva caída, fecunda a
terra no estio, para fecundar a vida o trabalho se inventou...".
Não há dúvida que o trabalho assume
papel relevante na vida humana, seja como fonte provedora do sustento próprio
ou da família, seja na acumulação de riqueza, como terapia, realização
profissional, enfim. É ou deveria ser assim, pelo menos para a população
economicamente ativa de cada país. Imagine se o trabalho não tivesse todo esse
significado. Com absoluta certeza, as nossas vidas seriam mais vazias,
monótonas, etc.
No dito popular, "O trabalho
dignifica o homem". Ou ainda, "Quem trabalha Deus ajuda".
Ocorre que, em um cenário de economia
globalizada, dada a necessidade da competitividade imposta pelas regras do
mercado, o processo de absorção de mão- de-obra, torna-se mais seletivo,
dificultando ainda mais o acesso ao mercado de trabalho, sobretudo dos jovens,
com pouca experiência e baixa qualificação profissional.
Neste sentido, a OCDE (Organização para
a Cooperação e Desenvolvimento Econômico), em publicação recente, demonstra
dados preocupantes sobre o mercado de trabalho para os jovens no Brasil,
notadamente na faixa etária dos 15 aos 24 anos.
O relatório destaca que, entre os adultos
a taxa de desemprego no Brasil vem caindo substancialmente nos últimos anos.
Porém, entre os jovens, ocorre exatamente o contrário. E mais, segundo o
referido estudo, o jovem tem três vezes mais chances de ficar desempregado do
que um adulto. Seja por falta de experiência ou por falta de qualificação
profissional. Para exemplificar, os nossos irmãos mexicanos, chilenos e
argentinos investem percentuais maiores do PIB que o Brasil em educação. Por
isso, a OCDE sugere mais investimento em educação, mais qualificação dos
professores e mais estímulos para os jovens permanecerem na escola.
A nossa sorte é que, embora o papa seja
argentino, Deus é brasileiro, o que acende e mantém as nossas esperanças
acesas. E como sabemos que: "mais vale uma esperança tarde, que um
desengano cedo". Assim, estamos sempre a postos.
Até porque, no terceiro milênio o
conhecimento faz a diferença. Logo, mais do que nunca, é necessário investir em
educação. Pois, não preparar o jovem de hoje, é comprometer o futuro do país
para as próximas gerações.
Ressalte-se que, o governo brasileiro
já garantiu através da lei nº 12.858, de 9 de setembro de 2013, a destinação de
75% dos recursos do royalties do petróleo e 50% do fundo social do pré-sal,
para elevar o investimento na educação.
Porém, enquanto os recursos das novas
fontes não vêm, por todas as necessidades e dificuldades de hoje, bem como pela
importância que o tema requer para garantir as melhorias educacionais no
futuro, é imperioso que os pais, empresários e governo, nos três níveis de
poder, possam investir no ser humano. Pois: "investir no homem, é investir
em uma fonte de energia inesgotável".
Assim, voltando ao poema, "O
trabalho" de Olavo Bilac, podemos dizer:
"Feliz quem pode, orgulhoso,
Dizer: “Nunca fui vadio:
E, se hoje sou venturoso,
Devo ao trabalho o que sou!”
É preciso, desde a infância,
Ir preparando o futuro;
Para chegar à abundância,
É preciso trabalhar.
Não nasce a planta perfeita,
Não nasce o fruto maduro;
E, para ter a colheita,
É preciso semear...".]
O solo brasileiro é fértil, e
parafraseando a citação bíblica, “a messe é grande, e não são poucos os jovens
necessitando de trabalho”. É só qualificá-los!
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José Ribamar Viana é
economista e advogado, sub-procurador da Prefeitura de Bacabal
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