AS MULHERES PROFESSORAS DO FILÓSOFO SÓCRATES
No dia 4 do mês 1 do ano 410 aC, o filósofo Aristócles de Atenas, apelidado de Platão, amanheceu o dia e foi para a casa de Sócrates levar três toalhas de mesa para serem usadas no aniversário de Alcebíades. Sócrates e Platão residiam em Atenas, a cidade mais intelectualizada da Grécia antiga. Ainda era cedo, havia chovido a noite inteira. Alcebíades fazia 36 anos de idade e pediu a Sócrates para ceder a sua casa para que ele comemorasse o seu aniversário lá. Perguntou Sócrates: por que tu queres fazer essa festa na minha casa, Alcebíades? Respondeu Alcebíades: porque se eu fizer na minha casa, Diógenes não vai lá, pois ele está brigado com meu pai Eurípedes. Pois bem, Sócrates aceitou o pedido e a festa foi preparada durante um dia chuvoso, todavia, durante a noite foi um temporal. Pois bem, Alcebíades preparou tudo durante o dia. Era uma sexta feira. Vários amigos foram ajudar nos preparativos da festa. Prodicus e seus irmãos mais jovens Andreas, Ajax e Dimos se candidataram para comandar a cozinha na companhia de 6 mulheres: Helena, Júlia, Lara, Sofia, Camila e Isadora. No início do Sec IV não havia cozinheiros, anfitriões ou escravos que preparavam os alimentos, o surgimento desse pessoal veio depois com o passar do tempo. Pois bem, Xenofonte enviou para a casa de Sócrates 4 ânforas de vinho que corresponde a 48 garravas nos dias de hoje. Lá pelas 11 horas da manhã, Hipócrates enviou para a casa de Sócrates 30 drácmas de peixe, 4 dracmas de queijo, 25 de carne de cabra já temperada, 15 de carne de porco e 5 bacias de azeitonas, uva, legumes frescos e farinha de cevada. Uma dracma era a unidade de medida que corresponde, nos dias de hoje, aproximadamente 1777 gramas. A festa começou exatamente 8 horas da noite de sexta feira. Estavam presentes por lá: Alcibiades, o aniversariante, Antisthenes, Isocrates, Xenofonte, Aristóteles, Platão, que chegou no local ainda pela manhã, e outros contemporâneos como Aristophanes, Górgias, Crítias, Eurípides, Sófocles, Diógenes, Prodicus, Polemarco, alunos e outros convidados. Presentes todos os convidados, Sócrates observou que Xenofonte discutia sobre a embriaguez provocada pelo vinho. Dizia Alcebíades: cuidado, não bebam além da conta, pois a embriaguez nos faz revelar os nossos segredos e os segredos dos outros. Então falou Sócrates: bebam à vontade, pois a embriaguez nos retira a timidez. Na ausência da timidez as palavras fluem. Ouvindo as palavras do mestre Sócrates, perguntou Platão: mas quem perde a timidez, não perde também a lucidez? Respondeu Sócrates: a embriaguez só consegue retirar a lucidez de um homem se ele for um fraco. Veja Xenofonte, ele já bebeu quase um quarto daquela ânfora, e veja o quanto está loquaz! Vejam como a sua timidez deu lugar à loquacidade. Continuou Sócrates: ‘o papel do vinho é fazer o homem perder a timidez sem perder a lucidez e demonstrar, com isso, a força do seu caráter e da sua personalidade. Górgias, parafraseando Protágoras e já no auge da felicidade provocada pelo vinho, afirmou aos presentes: o homem, ainda que embriagado, nunca deve perder a noção de que é ele a medida de todas as coisas do mundo. Tudo o quanto existe só existe porque o homem determina essa existência. A diversidade de perspectivas é uma característica inerente ao mundo humano. A vantagem do relativismo á a tolerância com a alteridade. Os discursos diferentes não são classificados como erro, mas aceitos como discursos da diferença. O homem são ou embriagado, continua sendo o homem, pois o que nos representa é a nossa capacidade de pensar. Portanto, tudo é relativo, pois nenhum pensamento parte da mesma fonte ou ideia. Em certo momento, Helena e Júlia entraram no salão com mais uma ânfora de vinho, nesse momento Alcebíades protestou: Ei, mulheres, vocês não podem circular além das fronteiras da cozinha. Sócrates, ouvindo o rompante do aniversariante, o contestou, dizendo: por acaso, Alcebíades, estás a discursar em tua casa? Por acaso esqueces que a tua festa se realiza na minha casa? Respondeu Alcebíades: Oh Sócrates, tu és o maior de todos nós nesse ambiente iluminado. Porém, o que te faz pensar que tais mulheres possam ter o privilégio da tua efusiva defesa? Respondeu Sócrates: se achas verdadeiramente que tenho tamanho valor, me obrigo a te informar que fui educado por uma mulher cujo nome é DIOTIMA DE MANTINEA. Ela me educou durante toda a minha juventude. Afirmo que não há no recinto nenhum homem capaz de se igualar à inteligência de outra ilustre mulher que orientou o meu modo de ver o mundo: ASPÁSIA. Sabes, por acaso, quem elabora todos os discursos de Péricles, o político e militar mais influente de Atenas? Respondeu Alcebíades: não sei. Respondeu, Sócrates: ASPÁSIA. Sabes quem fez a defesa de Aspásia quando foi acusada de desrespeito aos deuses? Respondeu Alcebíades: por Deus, não sei. Respondeu, Sócrates: foi Péricles, pois ele sabia da importância e do valor intelectual daquela sábia mulher. Seu discurso a favor de Aspásia foi tão efusivo e emocionante que chorou e fez chorar os membros o júri. Por isso ela foi absolvida por unanimidade. Então, Alcebíades, em nome de todas as mulheres que existem, vamos respeitar Helena e Júlia presentes nesse recinto, pois nesse momento elas representam DIOTIMA e ASPÁSIA, as deusas que me ensinaram a arte da eloquência e do autoconhecimento. Todos aplaudiram Sócrates de pé. Em seguida, o aniversariante convidou todas as mulheres a compartilharem do banquete em pé de igualdade com todos os homens ali presentes no humilde lar do grande pensador.
Enedina foi educada por Platão
ResponderExcluirDoutor Erivelton, pra mim, um filósofo tão sábio como foi Sócrates.
ResponderExcluirMe sinto uma aprendiz de seus conhecimentos!
Sua humildade apenas reforça as palavras de Sócrates sobre a inteligência e a sabedoria das mulheres...
ExcluirSócrates será sempre o nosso eterno professor de filosofia...A máxima "sei que nada sei" traduz uma busca incessante do conhecimento.
ResponderExcluirSócrates SEMPRE foi um sábio de primeira grandeza, caro colega Erivelton!
ResponderExcluirAssino embaixo o seu posicionamento
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