sábado, 13 de abril de 2013

BACABAL@CULTURA.SEM


BACABAL NA CHUVA

Cai nos telhados sujos
E escorre nas biqueiras
O aguaceiro de uma chuva abundante

Velhos, moços e meninos
Correm nas ruas,
Batem bola
Brincam 
Eos mais afoitos
Babam ao olharem os seios
Das meninas moças
Sob suas blusas de algodão
Molhadas e transparentes.

Nas sarjetas,
Um volume assustador.
Garrafas de plástico,
Recipientes pet
Sacos, sacolas, móveis
Animais mortos
Pedaços de madeira
Caixas de papelão.

A rede de esgoto entupida
Faz jorrar pelas tampas
Toda sujeira
Que a chuva cisma em lavar

A periferia sofre
E sangra o descaso
E a cidade alagada
Afina-se lentamente com a chuva
E com todo lixo
Que ficou empacado no ralo
E retardou o verão das sujas águas
Que vazam morosamente
Para o bueiro aflito dos invernos.

Zé Lopes.
Do livro “Bacabal Alves de Abreu Souza Silva de Mendonça e da Infância Perdida”


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