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BACABAL
NA CHUVA
Cai nos telhados sujos
Cai nos telhados sujos
E escorre nas biqueiras
O aguaceiro de uma
chuva abundante
Velhos, moços e meninos
Correm nas ruas,
Batem bola
Brincam
Eos mais
afoitos
Babam ao olharem os seios
Das meninas moças
Sob suas blusas de algodão
Molhadas e
transparentes.
Nas sarjetas,
Um volume assustador.
Garrafas de plástico,
Recipientes pet
Sacos, sacolas, móveis
Animais mortos
Pedaços de madeira
Caixas de papelão.
A rede de esgoto
entupida
Faz jorrar pelas tampas
Toda sujeira
Que a chuva cisma em
lavar
A periferia sofre
E sangra o descaso
E a cidade alagada
Afina-se lentamente com
a chuva
E com todo lixo
Que ficou empacado no
ralo
E retardou o verão das
sujas águas
Que vazam morosamente
Para o bueiro aflito
dos invernos.
Zé Lopes.
Do
livro “Bacabal Alves de Abreu Souza Silva de Mendonça e da Infância Perdida”
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