terça-feira, 9 de abril de 2013


BACABAL@CULTURA.SEM


BACABAL EM CHAMAS

Para voltar ao ventre do passado
Careço de histórias e temas
Canalizados ao alcance de todos os sentidos
Que mantem atento.

Sofro um atentado e cometo uma loucura
Pegando um trem que desliza
Sobre os trilhos errantes
De uma ferrovia carcomida pela ferrugem.

Tento suicídio me envenenando com as tuas lembranças
E caio sobre o meu próprio escarro, preto de sarro
Com fios vermelhos de sangue vivo
E bacilos resistentes e contagiosos.

Procuro um ponto de fuga,
Uma válvula de escape
Onde posso me esconder
Do meu próprio medo
N’uma cidade que é minha
Mas que não me pertence,
Cidade dividida em lotes imaginários,
Cidade de donos forasteiros, tiranos
Que por força do dinheiro
Edificaram seus castelos
Cercados pelo arame farpado
Com capim e gado,
Tratores e arado.

E eu,
Expulso do meu chão, exilado
Sou adotado por uma terra estranha,
Com gente estranha
Que me empurrou goela abaixo
O elixir da longa vida
O que me fez não morrer
Para ver o pássaro azul que sucumbiu em mim
Renascer dos escombros
Do teu passado ingênuo
E futuro incerto.

Zé Lopes
Do livro “Bacabal Alves de Abreu Souza Silva de Mendonça e da Infância Perdida”


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