O par homoafetivo que se casou em São Luís
Muita gente que aplaudiu o juiz Jesus Guanaré de Souza Borges pela
coragem de celebrar o primeiro casamento civil homoafetivo no Maranhão, também
torceu o nariz, fechou os olhos ou deu de ombros para as imagens que circularam
com o beijo do casal.
É como se estivessem dizendo – e alguns disseram mesmo: “os gays podem
fazer o que quiser, desde que longe de mim”.
Outros, para justificar, tentaram explicar: “o problema não é a foto do
beijo gay, mas um beijo gay em público.
É uma espécie de limite à felicidade alheia.
Ora, os homossexuais lutam para ter seus direitos reconhecidos. Se eles
conseguem garantir o direito de casar e não podem ter o direito de se beijar em
público – como qualquer casal – então eles não conseguiram direito algum.
É a lógica do famoso provérbio: “não tenho preconceito, mas…”
Os heterossexuais só se incomodam com o beijo publico homoafetivo por
que o preconceito ainda é grande na sociedade.
E isso por que a própria sociedade impôs que o preconceito é que é
normal.
E impôs ao longo dos séculos. E impôs ao mesmo tempo em que exterminava,
destruía, perseguia e até tentava “curar” os que “saíam da normalidade”.
E um beijo entre dois homens ou duas mulheres que se amam só ainda é
“anormal” por que a sociedade – em grande parte influenciada por este ciclo
histórico de séculos – impôs que fosse assim.
O problema, então, não está nos homossexuais, mas na sociedade. A
questão é que a sociedade é que precisa mudar sua concepção, não os gays.
O conceito que se tem hoje funciona assim: “pode tudo, desde que atrás
da cortina”.
A sociedade dita moderna aceita tudo atrás da cortina: marido pode trair
a mulher inúmeras vezes; só não pode ser descoberto. A mulher pode apanhar do
marido, desde que seja no quarto. Puta pode ser puta, mas só debaixo dos
lençóis.
E viado pode continuar sendo viado, desde que dentro do armário.
E esta lógica, fruto do preconceito, é que faz o mesmo alguém que diz
apoiar o casamento gay ponderar sobre um beijo gay em público.
Por que, para eles, gays podem até continuar sendo gays.
Desde que atrás da cortina social…
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