E
então Deus entregou nas mãos do garçom Louro, a chave para abrir as garrafas
dos bares do céu.
Eramos
ainda estudantes, lembro, eu, Zeca Louro, Abel Carvalho, Osvaldino Pinho,
Otávio Pinho, Lourinho Vieira, Antonio Sobrinho, João Sobrinho, João Teixeira,
Licio, Luciano, Galego, Péricles, Henrique e tantos outros, no período das
férias, ficávamos bebendo cachaça e tocando violão no banco da praça e quando o
relógio batia quatro horas da madrugada, passava em uma bicicleta, um jovem,
com vários sacos enormes abarrotados de pão para abastecer as mercearias do
nosso tempo. Esse jovem era André Lima Filho, conhecido em Bacabal como Dedé e
ao mudar-se para São Luis, pelo seu biótipo ganhou o apelido de Louro
Em
busca de independência, ele sempre lutou, fazia o pão na madrugada, entregava,
dormia um pouco, a tarde freqüentava o colégiio, a noite ia meter a mão na
massa. essa foi sua rotina por muito tempo. Louro amassou, assou e comeu o pão asno
de uma vida difícil, mas lutou.
Aprendeu
a arte de ser garçom e já teve mais tempo pra si, pra estudar, pra aprender e
aprendeu demais. Apesar de um garoto prematuro, ele ainda achou tempo pra jogar
pião, soltar pipas, papagaios, passarinhou, criou passarinhos, jogou bola,
banhou no Rio Mearim com a galera bebendo cachaça, jurubeba e pescando piabas
com caniço, anzol e isca de pão. Louro achou em seus atarefados dias, uma
criança perdida que se achou nas veredas de um dia.
Amante
do ritmo que veio da Jamaica, o reggae, louro freqüentava as casas do gênero,
casou-se com Josélia com quem teve três filhos Vambastem, André Junior e Lucas.
Minha amizade com Louro começou na infância através de seu irmão Raimundinho (in memória) que aprendíamos violão com o
velho Tchaca. Ficamos muito amigos,
irmãos e sempre estávamos juntos.
Todas
as tardes, nós, e toda uma turma, bebíamos uma cachacinha no quintal da velha
casa de dona Anazilde, debaixo de um pé de goiaba que nunca viu um fruto maduro,
era o nosso tira gosto. A convite do seu tio Pedro, Louro mudou-se para São Luis
onde por um bom tempo trabalhou assando frango, nesse ínterim, Dona Maria e Seu
André (in memória) seus pais sairam
de Bacabal para fixar residência na
capital trazendo toda a prole Rita, Raimundinho, Neto,Francisco.e Ana.
Em
uma excursão para São Luis, o Grupo Regional Os Lamas foi tocar em um bar e Louro
passava por dificuldades e como o bar precisava de um garçom, foi logo
admitido. Conhedor da profissão, ele foi crescendo, depois alugou o ponto e por
fim comprou o bar litorânea, o popular bar do Louro.
Dono
de uma simpatia impar, um carisma fantástico, Louro mantinha a sua casa sempre
lotada, tinha muitos amigos e o seu bar era o preferido dos artistas.
Mas
a vida tem os seus reveses, e o nosso André, Dedé ou Louro foi detectado com um
grave problema de pulmão, que em pouco tempo lhe tirou do nosso convívio.
Louro
freqüentava a minha casa quase todas a noirtes para batermos um bom papo, e, no
meu inconsciente, fico esperando a sua chegada, e quando cai a ficha, me bate o
desespero da saudade. A verdade é que ele se foi.
Louro
teve seu corpo velado dentro da igreja que a sua família ajudou a construir, no
traslado do seu corpo ao cemitério, choveu torrencialmente, Deus lavou o
caminho por onde ele foi para sua morada eterna e cosequentemente os caminhos por
onde ele vai seguir na sua nova jornada.
Deus
o chamou para ser o novo garçom dos bares do céu e lhe deu a chave que abrirá
todas as garrafas cheias de amor e paz.
Fica
na tranqüilidade da tua nova morada
Zé
Lopes, Paulinho Barros, Marques Neto, Marcos Pimentel, Albert Abrantes, Kosta
Netto, Urubatan, Eleticia, Waltinho Carioca, Newton Piuí, Paul Getty, Manu Lopes, Sandro
Alex, Batista, Silinha, Fredson, Arquimedes, Halim, Ezrael Nunes, Galego,
Maninho Gavião, Graça Almeida, Sandra Regina, Jorge Passinho, Rubinho, Ana Lúcia, Batista.........(Você)
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