domingo, 27 de maio de 2018

DIAGNOSE - DICA DE SAÚDE - TIREOIDE





 
Os hormônios produzidos pela glândula tireoide (ou tiroide) são essenciais para o desenvolvimento do sistema nervoso das crianças e para o controle metabólico nos adultos, afetando o funcionamento de praticamente todos os órgãos do nosso corpo.

Neste texto vamos explicar quais são os sinais e sintomas de uma tireoide mal funcionante, as diferenças entre hipertireoidismo e hipotireoidismo e quais são as principais doenças que acometem a glândula tireoide.

Antes de seguirmos em frente, cabe aqui um importante esclarecimento: tireoide (ou tiroide) é um órgão e não uma doença. É muito comum ouvirmos as pessoas dizerem que têm tiroide, como se isso fosse um problema de saúde. Tireoide todo mundo tem, ela é um órgão, como são os rins, o coração, o pâncreas… Dizer “eu tenho tireoide” ou “estou com tireoide” é o mesmo que dizer “eu tenho cérebro” ou “eu estou com fígado”. Para que a afirmação faça algum sentido, é preciso dizer qual é o problema que a tiroide apresenta, como, por exemplo, “eu tenho hipotireoidismo”, “eu tenho problemas na tireoide”, “eu tenho nódulos na tireoide” ou “eu tenho uma tireoide que funciona mal”.

TireoideO que é a tireoide?


A tiroide é uma glândula em formato de borboleta, localizada na base do pescoço, à frente da traqueia e logo abaixo da cartilagem tireoide (mais conhecida como pomo-de-adão). A glândula tireoide produz dois hormônios: triiodotironina e tiroxina, mais conhecidos como T3 e T4, respectivamente.

Esses hormônios tireoidianos são os responsáveis pelo metabolismo do corpo, ou seja, pelo modo como as células utilizam os nutrientes para gerar energia.

Quando a tireoide funciona muito e produz hormônios em excesso, chamamos de hipertireoidismo. Quando funciona pouco, chamamos de hipotireoidismo.

Reforçando o conceito:

  • Hipertireoidismo: doença causada pela produção excessiva de hormônios tireoidianos.
  • Hipotireoidismo: doença causada produção insuficiente de hormônios tireoidianos.

Principais Doenças relacionadas à Tireoide


Para efeitos didáticos, podemos dividir as doenças da tireoide em quatro grandes grupos:

  • Doenças que provocam hipertireoidismo.
  • Doenças que provocam hipotireoidismo.
  • Nódulos da tireoide.
  • Câncer da tireoide.
    Vamos falar resumidamente sobre cada um desses grupos.

1. Doenças que provocam hipertireoidismo.


A principal causa de hipertireoidismo é a Doença de Graves, uma doença de origem autoimune, na qual o sistema imunológico produz de forma inapropriada anticorpos contra receptores presentes na tireoide, fazendo com que a glândula fique hiperestimulada e produza mais hormônios que o necessário.

Outras causas possíveis de hipertireoidismo são:

  • Tireoidites subagudas (inflamação da tireoide).
  • Adenoma tóxico (tumor benigno produtor de hormônio tireoidiano).
  • Bócio multinodular tóxico (múltiplos nódulos da tireoide produtores de hormônio tireoidiano)
  • Excesso de iodo (raro, mas pode ocorrer na administração venosa de contrates iodados para exames radiológicos).
  • Fármacos: amiodarona, lítio, interferon alfa, sunitinib, pazopanib ou axitinib.
  • Tratamento do hipotireoidismo com levotiroxina em doses acima do necessário.
  • Struma ovarii (tumor do ovário).
  • Mola hidatiforme (tumor trofoblástico gestacional).
  • Tumor do testículo.
  • Adenomas da hipófise produtores de TSH.
  • Metástases de câncer da tireoide.

2. Doenças que provocam hipotireoidismo


A principal causa de hipotireoidismo é a Tireoidite de Hashimoto, que também é uma doença de origem autoimune. Nesse caso, porém, os auto anticorpos são dirigidos contra o tecido da própria tireoide, causando progressiva destruição da glândula e consequente redução da produção de hormônios tireoidianos.

Além do Hashimoto, outras causas possíveis de hipotireoidismo são:

  • Remoção cirúrgica da tireoide.
  • Destruição da tireoide por iodo radioativo.
  • Radioterapia realizada próxima à região do pescoço.
  • Deficiência de iodo (ver bócio mais à frente).
  • Fármacos: metimazol, propiltiouracil, etionamida, lítio, amiodarona, sunitinib, sorafenib e imatinib.
  • Exposição a éteres difenílicos polibromados (PBDE).
  • Tireoidite de Riedel.

3. Nódulos da tireoide


Os nódulos da tireoide são pequenos tumores, habitualmente benignos, de forma ovalada que surgem no tecido da tireoide. Menos de 5% dos nódulos tireoidianos são causados por uma doença maligna, o que significa que 95% dos nódulos tireoidianos não são câncer.

A imensa maioria dos nódulos da tireoide não provoca sintomas. Alguns deles, porém, podem ser produtores de hormônios tireoidianos, o que leva o paciente a desenvolver hipertireoidismo.

Também existem casos de nódulos que crescem muito, podendo provocam aumento do volume na região anterior do pescoço. Os sintomas mais comuns dos nódulos grandes são dor ou incômodo para engolir.

Para saber mais detalhes sobre os nódulos da tireoide, leia: NÓDULO NA TIREOIDE – Sintomas, Causas e Risco de Câncer.

4. Câncer de tireoide


O câncer de tireoide é um tipo raro de câncer. Ele é mais comum nas mulheres e entre pessoas na faixa etária dos 30 aos 60 anos.

O câncer de tireoide costuma ser assintomático, provocando sintomas somente quando o tumor começa a ficar muito grande. Os mais comuns são.

  • Um nódulo palpável na tireoide.
  • Alterações na sua voz, incluindo rouquidão.
  • Dor no pescoço ou na garganta.
  • Aumento dos gânglios do pescoço.
  • Sintomas de hipo ou hipertireoidismo não são comuns nos casos de câncer da tireoide.
    O câncer de tireoide costuma ser tratável e, em muitos casos, pode ser completamente curado.

Sintomas de uma tireoide doente


A grande maioria dos pacientes com problemas na tireoide têm uma doença que provoca hipotireoidismo ou hipertireoidismo. Portanto, o que costumamos ver na prática clínica são pacientes com sinais e sintomas de excesso ou deficiência de hormônios tireoidianos.

a. Sintomas do hipotireoidismo


A falta de hormônios tireoidianos diminui o ritmo do nosso metabolismo e pode causar os seguintes sinais e sintomas:


B. Sintomas do hipertireoidismo


Já o excesso de hormônios tireoidianos pode provocar os seguintes sinais e sintomas:

  • Aumento do volume da tireoide, chamado de bócio (pode ocorrer tanto no hipotireoidismo quanto no hipertireoidismo).
  • Excesso de suor, mesmo em locais não tão quentes.
  • Intolerância ao calor.
  • Fraqueza das unhas.
  • Coceira generalizada.
  • Pele ruborizada e úmida.
  • Cabelos mais finos e fracos.
  • Fraqueza muscular.
  • Proptose ocular (olhos esbugalhados).
  • Colesterol baixo, principalmente o colesterol HDL.
  • Hipertensão arterial.
  • Aumento da glicose no sangue.
  • Baqueteamento digital (alargamento das pontas dos dedos).
  • Cansaço durante esforços.
  • Anemia.
  • Aumento do volume diário de urina.
  • Perda de peso.
  • Aumento da sede e da fome.
  • Irritabilidade e ansiedade.
  • Amnésia.
  • Dificuldade de concentração.
  • Tremores das mãos.

O que é o Bócio


BócioO bócio é o aumento de tamanho da tireoide, que pode ser notado como um abaulamento na região anterior do pescoço. Pode ocorrer no hipotireoidismo e no hipertireoidismo.

O bócio era um sinal muito comum até o início do século XX devido à deficiência de iodo na alimentação (o iodo é um elemento necessário para a formação dos hormônios tireoidianos). A partir da metade do século passado, o iodo foi adicionado ao sal de cozinha, e, desde então, a sua carência deixou de ser uma causa comum de bócio e de doenças da tireoide.

Porém, doenças da tireoide que não estão relacionadas à falta de iodo, como a tireoidite de Hashimoto e a doença de Graves, também podem cursar com bócio, principalmente se não estiverem bem controladas.

Na maioria dos casos, o bócio é apenas um problema estético. Hoje em dia, com os atuais tratamentos para as doenças da tireoide, dificilmente a glândula tireoide cresce o suficiente para formar um bócio grande, que chegue a obstruir estruturas do pescoço, levando a sintomas como falta de ar, tosse, rouquidão ou dificuldade para engolir. Para o bócio causar sintomas de obstrução dos órgãos do pescoço, ele tem que estar muito grande

Por Dr. Otávio Pinho Filho

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