A semana começou com Roseana Sarney fazendo o maior
barulho nas mídias da família, agregadas e redes sociais. Ela reuniu a cúpula
do MDB, que é a mesma do Grupo Sarney, que é a nata do sarneísmo para,
finalmente, assumir a candidatura ao governo do Maranhão.
Num discurso contra o
principal adversário Flávio Dino, Roseana prometeu, em tom de euforia, que não
vai entrar para disputar, mas para vencer – como se fosse tão fácil assim.
Discurso de marqueteiro não é voto na urna, ela sabe. “Vou pra cima”, resumiu
Roseana, como pregando a frase pronta para a manchete de seu jornal, na edição
de ontem.
Lá estavam Sarney
Filho, candidato a senador; Edison Lobão, também candidato a novo mandato; João
Alberto, provável candidato a vice; Adriano Sarney, deputado estadual em busca
de novo mandato e outros deputados e prefeitos do MDB. Incrivelmente – ou
estrategicamente –, o ex-presidente José Sarney, principal guia político da
filha, não estava na reunião. Ir pra cima é ir pra guerra, como adiantou também.
Dino viu o discurso na
internet e nem usou o Twitter para comentar. Onde estava Sarney, num momento
determinante? Afinal, foi ele quem pressionou Roseana para tentar salvar o
sarneísmo, ou acabá-lo, como ele próprio fez em 1965 com a oligarquia
vitorinista. Mas o que importa é Roseana assumir a candidatura, que muitos até
hoje ainda duvidam.
Ela promete reunir
farto material de seus governos para comparar os 14 anos de Palácio dos Leões,
com os 42 meses de Flávio Dino, que vai responder, ainda, contando os 50 anos
de sarneísmo. Essa será a campanha da comparação a Dino e ao povo maranhense. Logo
se conclui que o verbo comparar, no futuro do subjuntivo, será usado e abusado.
Também em outros modos de conjugação. Porém, como eleição não é lição de
gramática, o que vai valer mesmo é o verbo votar, no mesmo modo subjuntivo
futuro.
É nessa conjugação
verbal que Roseana vai encontrar, talvez ela não saiba, um professor. Será a
campanha de muito verbo e pouca verba e no meio o professor Dino, cuja base de
conhecimento ele domina tão bem que arrisca levá-la até para as páginas da
Bíblia, onde discorre sem sequer tropeçar nos livros e versículos.
No tudo ou nada
O grupo Sarney, pelo
tom raivoso de sua candidata Roseana ao falar de Flávio Dino, já antecipa que a
campanha será adrenalina pura, para não dizer só confrontos. Depois de quase
quatro anos, os Sarney ainda não diluíram a derrota acachapante de 2014, quando
Flávio levou no primeiro turno.
Legenda definhada
Pior ainda foi repetir
a derrota em 2016, quando o PCdoB de Flávio Dino elegeu 46 prefeitos e o PMDB,
hoje MDB, de Roseana, não passou de 22. Sem falar que os grandes partidos que
faziam parte do bloco sarneísta hoje se acomodam na aliança com Flavista, como
o DEM, PTB, PRB, PP, PROS e PT.
Estocando munição
Enquanto Roseana parte
para o ataque contra Flávio Dino no lançamento de sua candidatura ao governo,
ele sequer se moveu para responder. Está estocando munição no paiol para usar
no momento mais à frente, quando a candidata Sarney resolver ir para a
trincheira de bacamarte em punho.
As
diferenças
Não dá para comparar as
duas situações. Em 2010 e 2014, quando Flávio Dino disputou o governo, Roseana
estava no poder, no comando da máquina, e Dino só com a lábia – que, aliás, ele
maneja como poucos. Agora, a situação é inversa: Dino tem a máquina e o domínio
da gestão, e Roseana, a história para contar.
Do blog do Abel Carvalho
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