Por Joaquim
Haickel
O jogo
político é sempre intrincado!… O quadro surgido depois da eleição de outubro de
2018 confirmou o estabelecimento de um novo poder hegemônico na política
maranhense. Destrona-se o grupo Sarney, e agora, ao que parece,
definitivamente, passa a reinar o grupo Dino.
A última
frase do parágrafo anterior pode confundir e enganar os incautos, mas os
astutos e experientes sabem que o novo coronelato de nossa política assume
também os ônus do poder, e não apenas os bônus, coisa que alguém mais desatento
possa não ter imaginado.
A
hegemonia traz em si doenças que são comuns a todas as de sua espécie.
Gigantismo, hipoglicemia, pressão alta, diabetes, enfisema, depressão… Isso, se
nós formos comparar o grupo no poder com pessoas, ou seja, muita gente para
aquinhoar, muita gente precisando de “docinhos”, intolerância ao sal do suor,
intolerância ao açúcar da compreensão, pouca capacidade de respirar, devido
certas intoxicações, desespero por ver que a situação está complicada… Isso
sendo metafórico ou ao constatar os defeitos, idiossincrasias e necessidades de
alimentar e manter uma tropa composta de peças assim tão díspares, como sempre
ocorre em casos como esse.
A
primeira coisa que acontecerá logo nos próximos meses é a sedimentação do novo
grupo. Os mais tolos dirão: como assim, novo grupo!?… Eu, pacientemente,
explico! Flavio Dino foi muito astuto ao ter passado os seus primeiros quatro
anos de governo, como se estivesse ainda na oposição, mas agora que ele sucede
a si mesmo, isso será muito difícil de fazer! As pessoas, não mais vão aceitar
que ele coloque na conta de seus adversários, todas as mazelas que nos assolam!
Essa é a sedimentação de que falei!
A segunda
coisa que irá acontecer é a construção e o estabelecimento de torres de poder
nas muralhas do novo castelo da política maranhense. Uma dessas torres será
construída pelo político que pode ser visto como a luz no fim do túnel, o
político por cujas mãos, irremediavelmente, passará, de um jeito ou de outro, a
decisão de rumo e futuro deste grupo, e quem sabe de todo nosso estado, o
vice-governador Carlos Brandão.
A outra
torre será construída pelo jovem senador Weverton Rocha, único político deste
grupo que tem pessoalmente a capacidade de articulação partidária e política
consolidada, excetuando-se, é claro, o governador.
Apaixonado
por história lembro-me das dezenas de vezes em que um rei velho teve que
administrar as tensões entre seu herdeiro natural e seu duque mais poderoso…
Mas imagino que esse rei ainda não esteja velho o suficiente para essa comparação
e que o herdeiro natural e o duque mais poderoso irão se entender, para seu
próprio bem.
Ocorre
que, como já disse diversas vezes, a mecânica da política não faz distinção de
pessoa, grupo, ideologia ou modus operandi. Como a natureza, ela flui como sempre
fez, faz e fará para sempre.
Flavio
Dino vai dirigir seu grupo como sempre o fez, mas a cada dia que se passar, vai
enfraquecendo, à proporção que os ocupantes das torres ao seu redor irão se
fortalecendo. Isso é natural e acontece com todos na mesma condição.
O único
jeito de Carlos Brandão não ser o fiel da balança deste grupo, será se Flavio
Dino não se desincompatibilizar ao final deste mandato para se candidatar a
outro cargo eletivo!
O único
jeito de Weverton Rocha perder espaço e poder será se ele não conseguir eleger
uma boa quantidade e qualidade de prefeitos em municípios importantes, na
eleição de 2020.
Como
afirmo no título desta crônica, ela corresponde apenas ao trabalho que o pintor
de quadros realiza ao preparar uma tela para nela colocar sua obra.
PS:
Poderia ter citado outros personagens que compõem esta “pintura”, mas ao seu
tempo comentarei sobre os deputados Eduardo Braide e Josimar de Maranhãozinho,
entre outros.
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