O filósofo sofista Górgias, que viveu na antiga Grécia, quatrocentos e oitenta e cinco anos antes de Cristo, dizia que a verdade é relativa. Dizia o filósofo que o dono da verdade seria aquele que tivesse o melhor argumento para provar suas ideias ou pontos de vista. Era uma questão de talento para convencer, persuadir, impor sua verdade à plateia, aos outros (o que nos lembra, hoje, a propaganda, com suas técnicas de comunicação persuasiva). Lembro aqui Górgias, por que, de fato, com a revolução digital, no imenso lixeiro de ideias que é a internet, milhões de imbecis passaram a ter vozes; e cada imbecil se acha o dono da verdade (eu, por exemplo, aí incluído entre tantos imbecis, até prova em contrário, tentando impor a minha pretensa verdade). Ora, quantas e quantas vezes não vemos, aqui, nas redes sociais, alguém chamando o outro de analfabeto com seu texto cheio de erros gramaticais, não sabendo que o português é tão complicado que bota se calça, e calça se bota. Lembro Górgias, com seus sofismas, porque nessa ânsia de nos acharmos donos da verdade em tudo, estamos cada vez mais nos ferindo, nos odiando, nos matando, à direita, à esquerda, em todas as direções, sem que ninguém seja, de fato, o dono absoluto da verdade. Lembro do filósofo Górgias e seus sofismas para lembrar a todos nós (nos matando em nossas arrogâncias de superioridade) a simples verdade, talvez insofismável de Exupéry, na voz do Pequeno Príncipe: “O essencial é invisível para os olhos. Só se vê bem com o coração.” Só um imbecil não percebe isso, não compartilha essa simples verdade.
Alex Brasil, poeta, letrista, escritor, publicitário, Membro da Academia Maranhense de Letras.
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