RIO MEARIM
Quando as tuas águas rolam rio abaixo,
Deixando um rastro de fertilidade,
As populações ribeirinhas extasiam-se
De felicidade e abundância.
Quando, porém tu desces
Possuído por um instinto destruidor,
Espalha a desgraça e a fome
Sobre aquele povo que,
Acostumado a tirar o sustento
Das tuas margens e leito,
São espoliados pela tua violência.
São expulsos e abandonados,
Ficam ao relento como cão sem dono.
Porém logo que te tornas outra vez manso e brincalhão,
Eles acercam-se de ti novamente
E depositam toda a confiança
Na tua endeusada capacidade de sustentá-los.
Flávio Xavier
São Paulo, 1976
Nenhum comentário:
Postar um comentário