domingo, 20 de outubro de 2024

DIAGNOSE- COLUNA DO DR. OTÁVIO PINHO FILHO-:CATETERISMO

 

O cateterismo cardíaco (cinecoronariografia ou angiografia coronária ou estudo hemodinâmico) é uma angiografia especial, sendo, atualmente, o melhor recurso de que dispomos para diagnosticar, analisar e, eventualmente, tratar obstruções das artérias coronárias. É um método de diagnóstico e/ou tratamento cardíaco feito através de um longo tubo, fino e flexível (cateter), introduzido num vaso sanguíneo periférico (veia ou artéria) do braço, coxa ou pescoço, que chega até às artérias do coração ou ao interior do próprio órgão. Através desse tubo, pode ser injetado um contraste radiopaco que permite detectar eventuais placas de gordura, colesterol ou cálcio que estejam estreitando ou bloqueando artérias coronárias e outras anomalias cardíacas. Por meio dele é também possível colher amostras de sangue e do músculo e válvulas cardíacas, assim como realizar pequenas cirurgias no coração. Eventuais bloqueios nas artérias podem ainda ser visualizados por meio da ultrassonografia durante o cateterismo cardíaco.

Como se realiza o cateterismo cardíaco?

Como preparação para o exame, deve-se fazer um jejum de quatro horas. Em geral, não é necessário suspender os medicamentos em uso, embora devam ser suspensos os anticoagulantes (quatro dias antes do procedimento) e certos antidiabéticos (2 dias antes). Pacientes alérgicos ao contraste ou com disfunção renal devem fazer um preparo especial, orientado pelo médico.

O cateterismo normalmente é realizado no serviço de hemodinâmica de um hospital, com a pessoa acordada e deitada numa cama ou maca, sob um aparelho de radiografia. Geralmente o paciente não experimenta dor durante o exame ou só sente uma dor mínima e um pequeno desconforto. É comum que o médico aplique um sedativo ao paciente, o que não o fará dormir, já que sua colaboração durante o exame é importante: será solicitado a ficar imóvel, tossir, respirar profundamente, prender a respiração por alguns instantes etc. Aplica-se apenas anestesia local no ponto de introdução do tubo.

O cateter é introduzido num vaso periférico, a partir da virilha ou face anterior do braço até atingir o tronco da artéria coronariana direita ou esquerda ou o ventrículo cardíaco esquerdo e pode ser acompanhado em seu trajeto pelas radiografias. Podem ser feitas fotografias e filmes para análises e observações posteriores e para serem entregues ao paciente. Em geral o exame dura de 30 a 60 minutos e raramente causa complicações sérias, embora possa causá-las, em raras ocasiões.

Quando se indica o cateterismo cardíaco?

O cateterismo cardíaco é mormente indicado naquelas situações em que se ache necessário avaliar o estado circulatório das artérias coronarianas. Isso se dá, sobretudo, em pacientes que sofreram ou sofrem infarto do miocárdio, angina do peito, isquemia coronariana, pacientes que tenham sido submetidos à angioplastia ou cirurgia de ponte de safena, pacientes com doenças das válvulas do coração, cardiopatias congênitas, insuficiência cardíaca etc. O cateterismo é capaz de diagnosticar com precisão a existência, extensão e localização de placas que estejam prejudicando a circulação, assim como pode desobstruir artérias e válvulas porventura danificadas. Também pode ser usado na necessidade de se avaliar ou confirmar anomalias cardíacas, doenças das válvulas e do músculo cardíaco, dos vasos pulmonares ou da artéria aorta e para determinar a necessidade de tratamento cirúrgico. Por meio do cateterismo cardíaco são possíveis certos procedimentos terapêuticos:

    • Angioplastia: desobstrução de uma artéria coronariana ou ponte de safena usando-se um balão inflável que restitui a circulação no vaso;

    • Stent coronário: colocação de uma tela de aço inoxidável na parede interna do vaso desobstruído durante angioplastia;

    • Valvuloplastia: desobstrução das válvulas cardíacas (pulmonar e mitral).

Quais são os riscos do cateterismo cardíaco?

O cateterismo cardíaco é um exame feito com frequência e habitualmente sem complicações. No entanto, em raros casos pode implicar em complicações sérias e inclusive fatais. As complicações mais frequentes são:


    • Dor, sangramento ou infecção no local onde o cateter é introduzido;

    • Danificação dos vasos sanguíneos utilizados;

    • Reação alérgica aos contrastes utilizados;

    • Arritmia cardíaca (batimentos irregulares do coração);

    • Desprendimento de coágulos sanguíneos;

    • Diminuição da pressão sanguínea;

    • Acúmulo de sangue ou fluido na bolsa membranosa que envolve o coração.

As complicações mais comuns do cateterismo cardíaco diminuíram a partir da utilização da artéria radial, em vez da artéria femoral.


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