QUEM
VAI ESCREVER POR ESSAS CRIANÇAS
Pra ver aberrações,
erros grotescos, verdadeiros assassinatos da nossa língua portuguesa, é só
acessar a internet nas redes sociais, principalmente no Facebook, no agonizante Orkut
e principalmente nos comentários dos blogs
e mensagens de celulares. Essa
história de abreviar palavras, pode até servir como subterfúgio, mas não condiz
com a realidade, até porque, não são muitos os termos usados por essa grande
massa e essa comunicação, digamos assim, virtual, se alastrou de uma forma tão
contagiosa, que os maiores estabelecimentos do sul, do sudeste e do Planalto
Central, adotaram o tão visado “tablet” como
ferramenta de aprendizado em substituição ao livro e ao caderno e
consequentemente ao lápis e a caneta, assinando de uma vez o decreto que dá fim
a obrigação da escrita e não demora muito a chegar por aqui. E agora, quem vai
escrever por essas crianças. Se o incentivo á leitura já era escasso no Brasil,
agora com o desincentivo, a coisa ficou pior ainda, pois uma não sobrevive sem
a outra e por isso, cada vez mais, iremos ler: “voçê” , “mim dar”, “me dar”, “a gente foi”, “comporam” e tantos
outros termos que dariam pra encher paginas e paginas, sem falar em pontuação,
concordância, inteiração no assunto e
principalmente se for preciso empregar o plural, aí é que a coisa
pega, é um verdadeiro Deus nos acuda e a prova maior disso, foi a repercussão
escandalosa no teste de redação do último ENEM, onde, por puro desconhecimento
do tema e por falta de interesse em aprender, alguns textos traziam receitas de
macarrão instantâneo, hinos de clubes e outras discrepâncias. Maria
de Jesus Neves Carvalho, bacabalense, que foi minha professora no segundo
grau e no meu curso de jornalismo, lembro-me, testava a turma com uma frase que
tinha que ser pontuada corretamente de acordo com as pessoas da oração onde o
testamento de um ricaço dizia: “Deixo minha herança a meu irmão não a meu
sobrinho jamais será paga a conta do alfaiate nada aos pobres”. Coloque-se
como um desses sujeitos, pontue corretamente a frase e fique rico, O colapso
por que passa a nossa língua vem junto com os nossos quinhentos e tantos anos e
esse monte de reestruturação da nossa gramática em quase nada mudou, ou melhor,
piorou pois pouco se lê artigos adequados à última revisão. O que diria Ruy Barbosa que ensinou inglês para
ingleses? Talvez se perderia diante de tantas regras, muitas desusadas. Errada
ou não, nossas crianças estão cada vez mais se comunicando virtualmente e a
caneta está cada vez mais esquecida, assim como as agendas, que mofam nas prateleiras
das livrarias e andam em bolsos e bolsas em forma de celulares. Pois é
criançada, mesmo escrevendo errado, o importante é se fazer entender, afinal,”herrar é umano” e continuar no erro é
politicamente correto, que digam deputados, senadores, governadores, prefeitos,
vereadores, ministros e presidenta, E fim de papo.