O ex-presidente Luiz Inácio Lula da
Silva admitiu nesta terça-feira (24) a possibilidade de que o governador de
Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), dispute a Presidência em 2014 contra a
petista Dilma Rousseff.
"Se não der para a gente estar
junto, o que precisamos é fazer uma campanha civilizada em que a gente possa
estar junto no segundo turno."
Ele disse no entanto que
"trabalhava e continua trabalhando" com a perspectiva de aliança
entre os dois partidos.
Lula falou a veículos ligados a
sindicatos, na sede de seu instituto, em São Paulo. Esta foi a segunda grande
entrevista do ex-presidente desde que ele deixou o Planalto, em 2010.
Na semana passada, o PSB -aliado do PT
desde 1989- anunciou seu desembarque do governo federal, dando o primeiro passo
concreto para a candidatura presidencial de Campos no ano que vem.
Lula disse que a manutenção da aliança
é "muito importante do ponto de vista simbólico" e que viu com
"certa tristeza" o afastamento de Campos da base aliada. Disse, no
entanto,que prefere "esperar março para dizer se ele vai ser candidato ou
não".
No final da entrevista, Lula disse que
"está voltando com muita vontade, com muita disposição". "Para
felicidade de alguns, para desgraça de outros, é o seguinte: eu estou no
jogo", afirmou.
Ele disse que seu papel na campanha de
2014 "será o que a Dilma quiser que seja" e que participará das
articulações de sua candidatura com "orientação da presidenta ou do
partido". "Fora isso, uma coisa que sei fazer, e espero estar em
condições, é pedir voto. Eu me considero razoável de palanque."
Ele disse, no entanto, acreditar que
hoje Dilma precisa de seu apoio "menos do que precisava em 2010".
"Mas será o mesmo esforço. A vitória da Dilma é minha vitoria."
Sobre o mensalão, Lula pediu que
"compreendessem o direito" dele de só falar "com mais
vontade" ao final do julgamento. "Qualquer que seja o resultado, eu
vou ter muita coisa para falar."
O Supremo Tribunal Federal concluiu que
o mensalão foi um esquema ilegal de financiamento político organizado pelo PT
para corromper congressistas e garantir apoio ao governo no Congresso em 2003 e
2004, logo após a chegada de Lula ao poder.
"Eu tenho juízo de valores. Estou
com cócega na garganta muito grande para falar coisas que eu penso, que eu
imagino que aconteceu. Eu muitas vezes tenho acompanhado o julgamento, tenho
ouvido os ministros falarem, você vê que alguns têm preocupação de estudar [o
caso], outros não têm."
Ele disse que prefere não se manifestar
agora porque indicou parte dos ministros que compõem o STF e não quer
"ficar colocando em dúvida as coisas da Suprema Corte, ficar colocando em
xeque o voto de nenhuma pessoa".
O ex-presidente criticou também a
cobertura do caso. "Alguns companheiros já foram condenados pela imprensa.
Se dependesse de setores da imprensa, até pena de morte valeria para
alguns."
O ex-presidente afirmou ainda que os
meios de comunicação têm um "pensamento único" contra o governo.
"Muita coisa evoluiu no Brasil,
mas os meios de comunicação não quiseram evoluir. Saíram de um momento de
pensamento único em defesa do governo anterior ao nosso, e passaram a um
pensamento único contrário. Até hoje continua assim."