terça-feira, 30 de abril de 2013


Paulo Vanzolini: imortalizado nas músicas e na ciência

          

ENTERRADO ONTEM PAULO VANZOLINI, O "CIENTISTA BOÊMIO"


          Autor de sambas clássicos, como “Volta por Cima” e “Ronda”, o compositor e zoólogo Paulo Vanzolini morreu no último domingo (28), aos 89 anos e foi enterrado ontem. O “cientista boêmio” estava internado, em São Paulo desde a quinta-feira (25) com pneumonia.

Paulo Vanzolini escreveu também sambas como “Na Boca da Noite”, “Praça Clóvis”, “Alberto”, “Capoeira do Arnaldo”, num repertório que passa de 70 canções. As composições foram interpretadas por grandes nomes da MPB, como Miúcha, Chico Buarque, Paulinho da Viola, Milton Nascimento. Maria Bethania, Noite Ilustrada, Caetano Veloso e Martinho da Vila.

“A sua curiosa personalidade de cientista boêmio, de irreverente cheio de disciplina e rigor, de homem da Noite que faz do dia seu espaço de trabalho. (...) Viva pois esse Paulo poeta compositor cientista boêmio conversador que soube fixar tão bem pela arte momentos significativos da vida”, descreveu Antônio Cândido no encarte do box Acerto de Contas (2003). A coletânea reuniu 52 canções de Vanzolini em quatro discos promovendo um resgate da obra do compositor paulista.

O sambista e zoólogo escreveu mais de 150 artigos acadêmicos, além do livro de poemas Lira (1951) e dos livros Tempos de Cabo (1981), com histórias de quando ele serviu no Exército; e Episódios da Zoologia Brasileira (2004), em que resgata o trabalho dos naturalistas estrangeiros que vieram estudar a fauna brasileira no século 17.

A vida e obra do cientista boêmio renderam também três documentários realizados pelo próprio Vanzolini ao lado do diretor Ricardo Dias. Os dois primeiros foram mais voltados para o lado zoólogo, com foco na vida acadêmica. Já o terceiro, Um Homem de Moral (2009), tem como foco a vida dupla de Vanzolini. Como zoólogo, Vanzolini foi um dos idealizadores da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP) e diretor do Museu de Zoologia da Universidade de São Paulo (USP), onde trabalhou por mais de 40 anos. O estudioso foi ainda agraciado com a Grã-Cruz da Ordem Nacional do Mérito Científico e premiado pela Fundação Guggenheim de Nova Iorque, em virtude de suas contribuições para o progresso da ciência. Paulo foi também agraciado com táxons nomeados em sua homenagem, como a espécie de anfíbio que recebeu o nome Dendrobates vanzolinii. 

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