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Porta do Senadinho cheio de bonecos sem vida |
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O Ex- Dono do Senadinho, Gramixó |
Quem
passava pelo cruzamento da Rua 28 de Julho, com a Manuel Alves de
Abreu, na famosa esquina do Gramixó, logo pela manhã, via uma reunião dos
velhos bacabalenses que ali se encontravam para bater papo, beber chá, suco de
frutas, degustar uma salada bem geladinha e falar sobre tudo, até política. Era
o popular Senadinho.
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O gênio Poeta Raimundo Sérgio |
Nossos grisalhos se sentiam em casa, contavam piadas, gozavam uns dos outros, mentiam, riam, brigavam, discutiam e quando era a hora do almoço, todos voltavam para suas casas e retornavam logo que o sol esfriava, as cinco da tarde. Era a calçada mais frequentada de Bacabal, era a calçada da Casa Pimenteira, era a calçada de Gramixó, um dos pontos mais comentados e visitados da terra do "Já teve".
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Auto Cutrim, Dr. Silas, Gramixó |
Quem passa hoje, nota que o cenário mudou. Um monte de manequins vestidos e nenhuma cadeira, nenhum velho, nenhum papo, nada, apenas um vai e vem de pessoas anônimas que se cruzam e não se falam e um imenso vazio no coração da cidade.
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Anizio, o popular Sambô |
Quem conhece o Senadinho, sabe que dalí já saiu decisões politicas históricas, importantes, era o lugar ideal para as fofocas administrativas dos gestores, haviam ouvidores, leva e traz, aprendizes, cambistas, jogadores do bicho, instigadores de conflitos, poetas, compositores, músicos, piadistas, cachaceiros, aproveitadores, tudo, era o exílio onde a verdadeira história de Bacabal, vivia em capítulos e se renovava a toda manhã, a cada bom dia dado por membro dessa academia que fechou as portas para os velhos e abriu, não para o novo, nem para o tradicional, mas para mais um comércio que abre as oito da manhã e fecha as seis da tarde, e passa anoite rezando para amanhecer.
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Wagner Cutrim, o Joia |
Desafina a música de Zezico, chora a poesia de Raimundo Sérgio, cala-se as histórias de Zé Bicudo, perde-se o bom humor de Seu Hélio Santos, as brincadeiras de Cícero Dicoca, e os mais novos, como Wagner, Silas, Auto Cutrim, Anízio, Welbert Oliveira, Diná e tantos outros aprendizes dessa escola de vida, vêem atônitos mais uma boa coisa dessa terra, sucumbir diante das brevidades.
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Manequins na porta doSenadinho |
Os gênios grisalhos estão de luto, estão atordoados normalmente pelo peso da idade e agora por perderem a sua tribuna diária. A velhice, essa implacável dona da verdade, chega sem bater e achando a porta aberta, se aproveita mais e com as portas fechadas do velho Senadinho, nossos velhos envelhecem mais, e dentro de uma garrafa de cachaça esquecida por Gramixó, na prateleira, ou mesmo, debaixo do balcão que um dia foi história viva e hoje é saudade.
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Auto Cutrim, Zé Lopes, Lelé, Gramixó |
Nunca mais a salada de frutas, nunca mais, o chá de camomila, de capim limão, de erva cidreira, nunca mais o suco gelado de frutas, nunca mais o bolo de arroz, nunca mais a pimenta no tucupi, no soro do leite, no leite e no azeite de coco, na água de cuxá, nunca mais o Senadinho, nunca mais.
Hoje, onde ficavam os velhos cheios de vida, debaixo de um frondoso pé de Acácia, vê-se um monte de bonecos sem vida, que apesar de envelhecerem, nunca serão história, nunca farão história, nunca contarão história... e nem estória.
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Zezico, o gênio da música
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