domingo, 6 de julho de 2014

QUANDO TUDO É IMPORTANTE



Os milicianos do PT andam berrando que Dilma e Lula decidiram ver a Copa sem sair de casa porque só há lugar para ricos nas arenas padrão Fifa. Como os ingressos são muito caros, explicam, os estádios superfaturados estão infestados de bucaneiros da elite golpista, paulistas quatrocentões, loiros de olhos azuis e outras ramificações da tribo de tal forma selvagem que xinga até a presidente da República. Não sobrou nenhuma vaga para o povão.
Deve-se deduzir, portanto, que os ex-pobres que ingressaram na classe média graças a Lula não têm dinheiro para o ingresso que lhes permitiria ver um jogo de perto. Mas estão mais felizes do que nunca, como os demais excluídos dos monumentos à gastança irresponsável: do lado de fora dos estádios, a euforia com a Copa das Copas segue garantindo aos inventores do Brasil Maravilha a liderança do campeonato mundial de popularidade. Todos estão grávidos de gratidão ao padrinho e à afilhada.
Se é assim, o que esperam o ex-presidente e a sucessora para vingar-se dos bárbaros que traíram a pátria no Itaquerão? Para tanto, bastaria que Lula e Dilma aparecessem sem aviso prévio numa estação do metrô de São Paulo. Já que a dupla está tão bem no retrato, não há nada a temer. Coragem, companheiros.


Para festejar a aposentadoria eleitoral do dono do Maranhão, a seçãoBaú de Presidentes republica o post que narra um encontro entre o colunista e o vice de Tancredo Neves promovido a chefe de governo pelas bactérias do Hospital de Base de Brasília.
A leitura remete à pergunta feita durante alguns anos por milhões de brasileiros: como é que o Brasil aguentou cinco anos de José Sarney? A resposta chegou neste começo de século: um país que resiste a Lula e Dilma sobrevive a qualquer flagelo em forma de presidente.


Publicado em 7 de dezembro de 2009


Foi o jornalista Getúlio Bittencourt, chefe da sucursal de VEJA em Brasília quando eu era editor de Política, quem disseminou a praga do café da manhã com figurões federais. A novidade surgiu no início dos anos 80. E pegou, para desconsolo dos passageiros da noite. Horários historicamente obscenos para jornalistas ─ sete, sete e meia da madrugada ─ foram logo incorporados à rotina de trabalho. Culpa de Getúlio Bittencourt, meu velho amigo que morreu tão cedo.
Fui a Brasília em setembro de 1982 para um giro pelo coração do poder. Num fim de noite, veio com a sobremesa a notícia de que o dia seguinte começaria com a aurora.

─ Temos um café da manhã ─ avisou Getúlio na mesa do restaurante. ─ Com o Sarney. Sete e meia lá no Lago Sul.

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