quinta-feira, 9 de junho de 2016
PAPETE NÃO SE CONSIDERAVA UM CANTOR, GOSTAVA DE SER INTÉRPRETE.
Por Abel Carvalho
Os ossos do ofício fizeram com que a minha vida cruzasse com a vida do ilustre conterrâneo José Ribamar Viana, o internacionalíssimo percussionista Papete, instrumentista, compositor, produtor e cantor que mais divulgou nacionalmente a cultura junina do Maranhão.
E nos cruzamos comigo fazendo aquilo que menos gosto no meu campo profissional: rádio. É, também já fiz rádio. Fui rádio-repórter, fui rádio-repórter esportivo fazendo 'pista' de jogos, fiz transmissões de carnavais e de eleições e fiz entrevistas com Papete nos "idos" tempos da boa Rádio Mirante FM e das suas grandes festas juninas que tinham exatamente Papete como atração.
Todas a vezes em caia para mim a responsabilidade de entrevistá-lo eu era obrigado a abrir a conversa formalmente, como fazem os locutores e dizia:
- Boa tarde! Estou aqui hoje com o percussionista, compositor e cantor bacabalense José Ribamar Viana, o Papete...
Bom, ele já me cortava, entrava a seco, sem pelo menos esperar que eu fizesse a primeira pergunta, e ia falando:
- Qui... qui.. qui.. que Abel, qui... eu já te falei. Eu não sou cantor, eu sou intérprete -, me obrigando a reabrir a entrevista anunciando:
- Boa tarde! estou aqui com o percussionista, compositor e intérprete bacabalense...
Esse fato se repetiu por, pelo menos, cinco vezes em cerca de 10 anos. É claro que, depois da primeira vez, todas as outras em fiz de pirraça só para dar um clima de descontração para um trabalho que eu pouco gosto de fazer.
Entre idas e vindas eu, Paulo Campos e Zé Lopes resolvemos sugerir para a diretoria da Escola de Samba Unidos do Bairro da Areia o nome de Papete como enredo da escola em um desses carnavais que eu esqueço o ano. A diretoria aceitou a proposta e Papete nos honrou em aceitar a homenagem. No período ele estava em turnê pela Europa, na Holanda.
Contamos com a inestimável ajuda do meu amigo Paulinho Lago, e do ex-deputado federal Wagner Lago, para Trazê-lo. Papete fez o percurso Amsterdã - São Paulo, São Paulo - São Luís, São Luís - Bacabal, provocando aquele bom e extremo aperreio, com Papete chegando em cima da hora.
Resolvidas as pendências, tudo pronto para o desfile e Papete me aparece com uma dessas máquinas fotográficas moderníssimas para a época, joga em minhas mãos e me responsabiliza por fotografar o desfile. É claro que o destaque seria para ele.
O desfile começa e entre uma e outra participação na transmissão da Rádio Mirante FM eu largava o dedo no obturador da câmara. Papete vinha no último carro alegórico da escola, eram sete ou oito carros. Eu Falava e fotografava. Falava e fotografava.
Lá pela metade do desfile eu resolvi conferir quantas poses restavam - naquele existam de até 36 poses -, quase morri de susto... faltavam apenas quatro ou cinco poses para o filme acabar.
Regrei o dedo para, depois do final do desfile entregar a câmara e explicar para Papete, que insistia em registrar novos momentos com os fãs que o assediavam, que o filme havia acabado e que ele tinha sido quem menos eu havia registrado durante o desfile.
Ave Papete !
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