O segundo dia do julgamento do
assassino do jornalista Décio Sá e do motorista acusado de dar fuga ao
pistoleiro, Jhonathan de Sousa Silva e Marcos Bruno Silva, respectivamente,
começou por volta de 9h desta terça-feira (4), no Fórum Desembargador Sarney Costa,
em São Luís. O júri, segundo o juiz Osmar Gomes, pode se estender pela
madrugada de quarta-feira (5).
"Hoje, até meia-noite, se for o
caso, pretendo encerrar. Tenho certeza de que até 13h concluíremos a primeira
parte, com os três testemunhos de defesa e o interrogatório dos réus. Às 14h,
iniciaremos o debate, para acusação, réplica e tréplica", explicou o juiz
Osmar Gomes minutos antes do início do julgamento.
Jhonathan é assassino confesso, mas
Marcos Bruno nega participação no crime. Quatro homens e três mulheres com
idade entre 35 e 60 anos, todos funcionários públicos, foram selecionados para
julgar os acusados. O juiz titular da 1ª Vara do Tribunal de Júri de São Luís,
Osmar Gomes, conduz o julgamento e será responsável apenas pela dosimetria das
penas em caso de condenação, ficando a decisão pela absolvição ou não dos réus
a encargo dos jurados.
O promotor Luís Carlos Duarte, que
esteve à frente do processo desde o início, foi substituído pelos promotores
Benedito de Jesus Nascimento Neto, Haroldo Paiva de Brito e Rodolfo Soares dos
Reis no julgamento. De acordo o Ministério Público do Maranhão, a mudança
aconteceu porque a data do júri coincidiu com o período de férias do promotor.
Já a defesa dos réus é feita pelos advogados Pedro Jarbas e José Berilo.
Sete das 11 testemunhas arroladas no
total prestaram depoimento no primeiro dia. Pela manhã, foi interrogada a irmã
de criação de Marcos Bruno, que não foi obrigada a fazer juramento e falou
apenas como informante, já que ela também é esposa de Shirliano de Oliveira, o
Balão, acusado de auxiliar o assassino a planejar o crime. Também prestaram
depoimento dois integrantes de um grupo evangélico que fazia culto em uma duna
na Praia de São Marcos, na noite do crime. Eles disseram ter visto o assassino
fugindo pelo local.
À tarde, um vigilante e um garçom do
bar onde Décio Sá foi morto também prestaram depoimento. Todos mantiveram suas
versões sobre reconhecer Jhonathan Silva, mas nenhum soube informar se era
mesmo Marcos Bruno quem conduzia a motocicleta que deu fuga ao pistoleiro, já
que o motorista estava de capacete.
Fase de instrução
Nos meses de maio e junho do ano
passado, após as audiências da fase de instrução, ficou decidido que 11 dos 12
acusados do assassinato do jornalista serão levados a júri popular. Jhonathan
Silva está preso em um presídio federal de segurança máxima em Campo Grande,
MS, é assassino confesso do jornalista. Já Marcos Bruno, que está preso em São
Luís, é acusado de ter pilotado a motocicleta que deu fuga ao pistoleiro, mas
nega o crime.
Também serão julgados por
representantes da sociedade civil Shirliano de Oliveira (foragido), o Balão,
acusado de auxiliar o assassino; José Raimundo Sales Chaves júnior, o Júnior
Bolinha (preso no Centro de Triagem do Complexo Penitenciário de Pedrinhas),
acusado de intermediar a contratação do pistoleiro; os policiais Alcides Nunes
da Silva e Joel Durans Medeiros (em liberdade), acusados de participar de
reuniões para tratar do assassinato de Décio Sá e do empresário Fábio Brasil;
Elker Farias Veloso, acusado de auxiliar o assassino e a quadrilha tanto no
assassino de Décio Sá quanto no de Fábio Brasil (preso em um presídio estadual
em Contagem, MG); o capitão da PM, Fábio Aurélio Saraiva Silva, o Fábio Capita
(em liberdade), acusado de fornecer a arma do crime; Fábio Aurélio do Lago e
Silva, o Bochecha (em liberdade), acusado de hospedar o assassino após o crime;
e os empresários Gláucio Alencar Pontes Carvalho e José de Alencar Miranda
Carvalho, pai de Gláucio (presos no Comando Geral da Polícia Militar),
acusados de mandar matar Décio Sá.
O advogado Ronaldo Ribeiro, que
trabalhava para os mandantes Gláucio Alencar e José Miranda, foi excluído do
júri por falta de provas. No entanto, o promotor Haroldo de Brito disse, na segunda-feira
(3), que a polícia e o Ministério Público já possuem provas contra o acusado e
devem indiciá-lo.
Ontem
Os promotores de Justiça Rodolfo Soares
dos Reis, Haroldo de Paiva de Brito e Benedito de Jesus Nascimento Neto
garantiram, nesta segunda-feira (3), que irão pedir pena máxima de 30 anos à
Jhonathan de Sousa Silva e Marcos Bruno Silva de Oliveira. Os dois são acusados
de assassinar o jornalista Décio Sá, morto a tiros no dia 23 de abril de 2012,
em um bar da Avenida Litorânea, em São Luís.
Para o Ministério Público do Maranhão não há dúvidas que Jhonatan e Bruno foram
os executores do crime. “É nisso que o Ministério Público crê e defende”,
afirmou o promotor Haroldo Brito.
Como mudança de estratégia, a defesa dos acusados requereu a dispensa de três
testemunhas: os policiais Fábio Aurélio da Saraiva Silva (Fábio Capita),
Alcides Nunes da Silva e Joel Durans Medeiros.