O
procurador da República Deltan Dallagnol, coordenador da força-tarefa da
Operação Lava Jato, afirmou na noite desta segunda-feira, 16, que foram feitas 24
doações eleitorais para disfarçar pagamento de propina ao PT. Segundo o
procurador, essas doações foram realizadas a pedido do ex-diretor de Serviços
da Petrobrás Renato Duque, elo do PT na estatal.O tesoureiro nacional do PT,
João Vaccari Neto, é apontado como operador de propinas na diretoria de
Serviços. Segundo a denúncia, Vaccari recebeu do esquema das obras da Replan e
da Repar R$ 4,26 milhões via empresas do delator Augusto Mendonça.
"Houve 24
doações eleitorais feitas ao longo de 18 meses por empresas vinculadas ao grupo
Setal para pagamento de propina ao Partido dos Trabalhadores. Essas doações
eleitorais foram feitas a pedido de Renato Duque e eram descontadas da propina
devida à diretoria de Serviços", declarou o procurador. "João Vaccari
indicava as contas dos diretórios, onde deveriam ser feitos esses depósitos.
"A Setal é uma
das empreiteiras do cartel que se instalou na Petrobrás entre 2003 e 2014. A
empresa fez acordo de leniência com a força-tarefa da Lava Jato e revelou como
operava o conluio de construtoras."Doações eleitorais oficiais por si só
não constituem crime. É crime, contudo, quando escondendo um repasse de propina
ou um repasse ilícito a título de doação oficial, a pessoa disfarça a natureza,
propriedade daquela transação e daqueles valores. Isso é uma operação típica de
lavagem de dinheiro", afirmou Dallagnol.
Nesta segunda-feira,
o Ministério Público Federal denunciou à Justiça Renato Duque e o tesoureiro
nacional do PT, João Vaccari Neto, este apontado como arrecadador de propinas
para seu partido. Além deles, outros 25 investigados foram formalmente acusados
de lavagem de dinheiro, corrupção e quadrilha.O procurador alertou para doações
eleitorais feitas a partidos políticos por pessoas jurídicas.
"A partir de
recursos dessas empresas eram feitas doações oficiais, mas essas doações
oficiais não eram propriamente doações oficiais eleitorais. Elas eram repasses
de propinas, disfarçados de doações eleitorais, a fim de esconder a ilicitude
aparente daqueles recursos. O pagamento de propina, que é uma coisa ilícita,
era disfarçado de pagamento eleitoral que tinha uma aparência lícita. Apenas
uma aparência."
VEJA TODOS OS DENUNCIADOS PELO MPF
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