Por Joaquim Haickel
Pedro
Fernandes se elegeu vereador de São Luís em 1992, vaga que antes era ocupada
por seu irmão, Manoel Ribeiro, que foi inclusive presidente da Câmara Municipal
da capital, e naquele momento era deputado estadual, e iniciava ali sua
brilhante trajetória política.
Mas essa história
remonta mesmo os idos do ano de 1993! Tudo começou quando impuseram aos
deputados e à Assembleia Legislativa do Maranhão, durante 10 anos, o nome de
Manoel Ribeiro como presidente do legislativo estadual. Uma hora os nossos
erros voltam para nos assombrar!
Em 1998, depois de
duas eleições consecutivas de Manoel como presidente da ALM, Pedro disputa e
ganha um mandato de deputado federal, cargo que ocupará por cinco mandatos
sucessivos, até que, sabiamente, passará o bastão para seu filho, Pedro Lucas,
em 2019.
Até aí tudo está
certo, translúcido e completamente bem explicado e entendido.
Os Ribeiros sempre
foram aliados do grupo liderado por José Sarney, mesmo que o mando deste grupo
tenha sido exercido por sua filha Roseana nos 14 anos em que ela foi
governadora do Maranhão.
Para Roseana era muito
cômodo que Manoel Ribeiro controlasse a Assembleia Legislativa e os deputados,
para isso deu a ele todo o poder necessário para tanto.
Pedro Fernandes
sempre foi reconhecidamente um político mais bem preparado que seu irmão mais
velho e logo impôs um estilo próprio. Engenheiro, bem versado e mais culto que
o irmão, era tecnicamente mais capaz de assumir tarefas burocráticas. Já
Manoel, passado na casca do alho, sempre foi um político mais arguto, mais
afeito ao jogo dos bastidores da política. Era indiscutivelmente aquilo que se
chama de uma raposa felpuda da política maranhense de seu tempo.
Quatro momentos da
trajetória de Pedro Fernandes foram os pontos altos de sua vida pública. Quando
se elegeu vereador, foi um excelente vereador. Quando se elegeu Deputado e
novamente teve boa atuação. Quando foi indicado secretário de Educação por
Roseana Sarney e agora quando teve seu nome indicado para ser ministro do
trabalho.
A política é um
sacerdócio. Uma ocupação parecida com a dos homens que dedicam sua vida a Deus.
Os médicos de antigamente tinham essa mesma característica. Dedicavam-se à sua
função de corpo e alma. Na política deve ser assim. Se você não se dedicar
integralmente a ela, ela lhe falta. Se bem que para ter sucesso em qualquer
setor essa máxima se aplica.
Quando a direção
nacional do PTB indicou o nome de Pedro Fernandes para ministro do trabalho, o
fez por ver nele um quadro capaz de desenvolver o trabalho de sustentação que o
partido precisava para suas políticas. Ocorre que Pedro deveria primeiro fazer
o dever de casa e ele não fez!
Aprende-se cedo na
política que atitudes falam mais alto que o som de nossa voz. Sabendo da
amizade de Zé Sarney com o Presidente Temer, Fernandes tinha obrigação de saber
que o presidente da República pelo menos consultaria o ex-presidente, líder
inconteste do estado do futuro ministro, sobre o fato de indicar um político de
seu estado, sabidamente seu amigo, para um cargo tão importante, ainda mais pelo
fato desse amigo estar vinculado a um adversário não só do ex-presidente, mas a
alguém que recorrentemente chama Temer de golpista e ilegítimo!
Ora bolas, é ter
muito pouca capacidade de entendimento do cenário político! Como é possível
querermos que as coisas venham a acontecer como se deseja, trabalhando no
sentido contrário!?
Já que Fernandes está
agora alinhado a um governador, adversário do homem que vai nomeá-lo, o certo a
fazer neste caso, deveria ser, de comum acordo com o governador, estabelecer que
o mais importante neste momento seria garantir sua nomeação, coisa que seria
bom para todo mundo. Todo mundo mesmo! Não dá para apagar incêndio com
gasolina. Numa situação dessas o velho Manoel se sairia muitíssimo bem, já
Pedro não é tão bom nisso.
Ao tentar demonstrar
uma lealdade subserviente ao governador, Pedro pediu para não ser nomeado
Ministro. Lealdade é a maior das qualidades de um político, desde que ela não
seja capachilda, desde que ela aconteça de maneira livre e independente, caso
contrário é pura dependência, imposição.
Tenho certeza que Zé
Sarney não foi consultado pelo PTB ou pelo presidente Temer sobre a indicação
de Pedro Fernandes para o ministério. Estive com Sarney no dia da indicação e
ele comentou comigo que seria uma coisa muito boa para o Maranhão ter dois
ministros novamente, ainda mais sendo Pedro.
Tenho certeza que ele
não pegou o telefone para vetar o nome de Fernandes. O que ocorreu é que as
declarações atabalhoadas de Pedro e as repercussões delas, muitas de forma
bastante maldosa, aproveitando-se da inabilidade do deputado neste caso,
fizeram não só Temer, mas o próprio PTB nacional repensar a indicação. Dar um
ministro para um adversário, em meio a uma batalha política como a das reformas
e a condução do país em meio a toda essa crise, é uma temeridade.
Pedro deveria ter
ficado calado, consolidado seu nome e esperado ser nomeado. Não precisava trair
Flávio Dino, só não podia ser subserviente a ele. Este fato prejudicou
inclusive o próprio governador do Maranhão, que acabou não tendo um ministro
ligado a si!
Depois do caldo
derramado resolveram fazer o que os políticos fazem toda vez que não têm
coragem de reconhecer seus erros: “Isso é coisa do Sarney!”
Não meto a minha mão
no fogo por Zé Sarney, exatamente por saber que ele é o maior e o melhor
político, mesmo sem mandato eletivo, ainda em plena atividade no Brasil, mas
posso garantir que a maioria das coisas que as pessoas atribuem a ele, é obra
da incapacidade das próprias pessoas de fazerem o que devem ou pelo fato de terem
feito o que não deveriam.
Com perdão da má
comparação, acontece em relação a Sarney a mesma coisa que acontece em relação
a Deus e ao Diabo. Grande parte dos milagres creditados a Deus e dos flagelos
debitados ao Diabo, ocorrem por obra e graça da nossa incapacidade de fazer o
que deveríamos.
PS1: Depois de reler
e revisar o texto acima, cheguei a conclusão que não vai adiantar que se diga e
até mesmo que se prove que Sarney não vetou o nome de Pedro Fernandes, pois
muitas pessoas não vão acreditar nisso. Porém uma coisa é certa, se Pedro
Fernandes tivesse agido de outra maneira, da forma politicamente correta, uma
hora dessas, ele seria ministro do trabalho.
PS2: Já imaginaram se
o PTB nacional, comandado por Roberto Jeferson, que detesta Flávio Dino e o PC
do B, obrigasse o partido no Maranhão a não se coligar com o governador!? Pedro
Fernandes estaria no mato sem cachorro, pois a uma altura dessas o grupo Sarney
não o receberia de volta!
PS3: A sobrevivência
política de Pedro Fernandes e a eleição de seu filho, o promissor Pedro Lucas,
independe de sua vinculação com esse ou aquele grupo político, comandado por
este ou aquele cacique, seja ele detentor efetivo do poder formal ou não.
PS4: Acabei de
lembrar do que minha mãe me dizia, quando eu era ainda bem pequeno: “Dizes com
quem andas, que te direi quem és”.
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