Por José Sarney
A Agência Nacional de Transportes Aquaviários –
ANTAQ, reguladora dos portos, em audiência pública realizada em São Luís, com a
presença de seu Diretor Geral, Mário Povia, anunciou a licitação de mais
quatro áreas no Itaqui, para importar e armazenar combustível, uma das
mercadorias que alimentarão o frete de volta da Norte-Sul. Atualmente o
combustível de tratores e máquinas da região Centro-Oeste e da região do
Matopiba, principais responsáveis pelas centenas de milhões de toneladas
de soja que exportamos, é transportado por via rodoviária, cara, ou das
refinarias do Sudeste ou dos estoques importados via Paranaguá, no Paraná.
Há alguns anos, escrevi um
livro, Maranhão, Sonho e
Realidade, no qual disse que o Criador não tinha sido muito
generoso com o Maranhão, pois não nos deu nenhum minério, mas terras fracas que
necessitam, para se tornarem agricultáveis, de calcário para retirar a acidez
do solo. Só temos uma pequena parte de terra realmente boa, na região de
Fortaleza dos Nogueiras.
Hoje, na minha velhice, vejo o engarrafamento de
navios levando do Maranhão para todo o mundo carga de minérios e — já hoje —
soja e outros grãos.
A única riqueza que Ele nos deu foi o Porto do
Itaqui, que dizia eu ser “a maior dádiva de Deus ao Maranhão”. E acrescentava
que “em torno de um grande porto florescem as mais importantes economias da
Terra”. Por isso eu, com uma equipe pequena, com Bandeira Tribuzzi e Emiliano
Macieira, ainda como candidato, lancei a minha plataforma de governo girando em
torno do Itaqui. Governador, enfrentei uma guerra para construí-lo e outra
maior com o Pará e o Sudeste, para escoar Carajás por aqui, o que respondia a
indagação com que seus adversários o condenavam: “o que exportar pelo Itaqui?”
Mas o Complexo Portuário do Itaqui,
hoje já com nome pomposo, nos diz mais. Presidente da República, enfrentei
outra luta pela qual paguei preço alto: fazer a Norte-Sul, cortando
com a ferrovia o Brasil de Norte a Sul, para escoar a maior parte da produção
nacional pelo Maranhão.
Agora vem uma notícia boa que completa essa visão.
Do outro lado da Baía de São Marcos, o canal tem a profundidade de 25 metros (o
do Itaqui tem 23), o que possibilita construir ali o moderno porto da Base de
Alcântara e outro grande porto com cerca de trinta berços. Dali sairá
outra estrada de ferro, de 200 quilômetros, para ligá-los com a
Norte-Sul. Alcântara renascerá das cinzas, entre vários portos, retro-portos
e uma das mais avançadas bases de lançamento de satélites do mundo.
São Luís e o Maranhão, então, no entorno do Itaqui,
serão referência de uma grande civilização, de um grande polo de
desenvolvimento. Não estarei mais vivo, mas alguém lembrar-se-á que este velho
sonhador sonhou com tudo isso.
Depois falaremos da Base de Alcântara e do que será
o grande Complexo Portuário da Baía de São Marcos.
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